Com Journey, Dodge opta pelo conforto na briga dos crossovers
A sentença tornou-se recorrente no mercado automotivo nacional nos últimos meses, mas 2008 parece mesmo ser o ano dos crossovers -- veículos que mesclam características de vários segmentos e que, até agora, eram exclusividade das montadoras orientais.
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Em um só mês, o time dos crossovers recebeu um utilitário médio da norte-americana GM, o Chevrolet Captiva, e, correndo por fora, o (algo extravagante) alemão BMW X6, um SUV cupê. Para fechar o pacote por enquanto, a Dodge, do grupo norte-americano Chrysler, apresentou aquele que chama de "um novo cartão de visitas para o Brasil" (antes era a picape Ram): o Journey.
Como seu rival da gravatinha dourada, o Journey é produzido no México, o que torna sua importação ao Brasil atrativa por conta dos acordos de isenção de taxas. A fábrica da Chrysler em Toluca, que também monta o PT Cruiser, tem capacidade para fazer até 266 mil unidades anuais de ambos os modelos, mas por enquanto apenas lotes de 100 a 150 unidades mensais do crossover chegarão ao país, por R$ 98.900 a unidade, numa única versão para até sete passageiros (5+2, com 3ª fileira de assentos), a SXT.
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Apenas para comparação, a GM (uma das quatro grandes do mercado nacional) espera comercializar 1.500 unidades de seu Captiva por mês, o que seria mais do que toda a atual expectativa anual do Journey -- algo entre 1.200 e 1.800 unidades.
De acordo com a própria Dodge, o Journey SXT terá pela frente os japoneses Honda CR-V (R$ 94.500 na versão LX 2.0 16V 2WD automática; a versão EXL com tração integral 4WD custa R$ 110.000) e Toyota RAV 4 (R$ 115.000 com motor 2.4, tração 4x4 e câmbio automático), os franceses Renault Grand Scénic (R$ 87.990, com motor 2.0 16V automático) e Citroën Grand C4 Picasso (R$ 89.800, também com motor 2.0 16V automático). Só a escolha dos competidores mostra a lógica crossover: eles incluem SUVs e minivans.
No caso do Captiva, a competição direta em termos mecânicos seria com a FWD (4x2, por R$ 92.990), embora o preço do Journey o aproxime também da opção com tração integral da GM (AWD, R$ 99.990). Espera-se ainda a chegada do Ford Edge, algo que deve ocorrer em breve, para deixar o segmento ainda mais acirrado.
CROSSOVER DE PERFIL URBANO |
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COMO ANDA O JOURNEY
Após o comparativo de preços e versões, fica a pergunta fica: o Dodge Journey não virá também na versão 4x4, disponível no exterior? O diretor da montadora para o Brasil, Philip Derderian, apóia-se em números correntes no setor, de que a esmagadora maioria dos proprietários (algo entre 80% e 90% do total) de veículos equipados com tração nas quatro rodas (quando esta é de acionamento manual) nunca a utiliza, para justificar a importação apenas do Journey 4x2.
Vamos então ao carro que teremos, dirigido por UOL Carros num test-drive entre a cidade de São Paulo e Campos do Jordão (cerca de 160 km): construído sobre a plataforma Caravan (da atual Town&Country), o Journey SXT que chega ao país tem como proposta atrair um público urbano, mais interessado em versatilidade, conforto e alta carga de mimos e luxo do que em aventuras fora da estrada. Ainda assim, o Journey guarda um ar de esportividade e robustez, com abundância de ângulos retos, pára-choques e espelhos na cor do veículo, spoilers dianteiros e traseiros, rodas aro 17 e frente ostentando a característica cruz cromada com o escudo da marca, este com o tradicional carneiro montanhês.
A motorização do Journey "brasileiro" é mais comedida. Sem a força da versão R/T (propulsor 3.5, tração integral, rodas aro 19), a SXT tem motor a gasolina 2.7 V6, 24 válvulas, que gera 185 cavalos de potência e torque de 26 kgfm. A autonomia divulgada pela fábrica é de 680 km com o tanque de 78 litros (o Journey rodaria algo como 8,7 km/l). Na prática, porém, o consumo variou entre 5,5 km/l e 7 km/l.
O câmbio automático de seis velocidades Autostick, com ativação hidráulica, tem relação de marchas mais alongada e opção de trocas manuais. Na maior parte do percurso em estrada, com velocidade em torno de 110 km/h, o conjunto manteve um desempenho ágil, permitindo uma condução tranqüila e confortável. O grande incômodo, porém, foi sentido em ultrapassagens e ladeiras íngremes. Com peso de 1.940 kg, o Journey se mostrou lento nestas situações, mesmo com apenas dois ocupantes. Na subida da serra de Campos, o câmbio automático se mostrou indeciso entre as marchas mais baixas, levando o motor a "gritar" de forma irritante. A solução foi usar a troca manual e difinir a marcha correta -- mas isso nos leva a supor que o desempenho do Journey totalmente carregado seja sofrível.
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CONFORTO DE SOBRA
O grande atrativo do Journey está no seu interior. A cabine tem bom isolamento acústico (o habitáculo do motor é vedado com poliuretano, para reduzir o nível de ruído) e boa acessibilidade através das quatro portas (as traseiras abrem em 90º). Com espaço para sete pessoas, mesmo os passageiros da terceira fileira tem um bom nível de conforto (a maior dificuldade está em sair dos últimos bancos, mas o acesso e a ergonomia são satisfatórios). Os bancos têm seis padrões de regulagem elétrica para o motorista, são revestidos com material lavável e resistente a manchas e odores (há opção de couro) e escalonados em padrão "teatro", com a segunda fileira 40 mm mais alta que a primeira e 17 mm mais baixa que terceira. Todos os assentos, exceto o do motorista, podem ser rebatidos formando uma ampla área de cargas.
O painel é feito em espuma retrátil (e não plástico rígido) de duas cores (preto com o console central em tom cinza aluminizado) e traz mostradores analógicos de temperatura do motor, nível de combustível, velocímetro, conta-giros e sistema de freios, e digitais (dois) para as informações do computador de bordo (consumo instantâneo, autonomia, tempo de funcionamento do motor, marcha atual, pressão dos pneus e bússola). O senão fica por conta da coloração esverdeada da luz de fundo, que confunde a visualização dos instrumentos e é de gosto discutível.
No console central estão os controles do sistema de estabilidade, da regulagem de altura dos faróis, do ar-condicionado trizone (independente para motorista e passageiros da frente e da segunda fileira de bancos) e do sistema de som para seis CDs, DVD (que pode ser visto numa tela, opcional, instalada sobre a segunda fileira de assentos) e entrada auxiliar para tocadores de MP3. Há botões para gerenciamento de telefones Bluetooth, mas o módulo de controle também é opcional (o Brasil não terá, a princípio, o módulo de navegação por GPS).
A iluminação interna é feito por meio de LEDs, mas o sistema de duplo acionamento é complicado: é necessário destravar a função no volante (na mesma alavanca de faróis e setas) e só então ligar/desligar apertando a base da lâmpada.
FALTOU UM SENSOR
No quesito segurança, o Journey tem um total de dez airbags (dois frontais e dois laterais para os ocupantes dos bancos dianteiros e outros seis do tipo "cortina" para todas as fileiras de assentos); freios com ABS (sistema antitravamento), EBD (distribuidor da força de frenagem) e BAS (frenagem auxiliar, para movimentos bruscos); sensores ESP (de estabilidade) e ERM (anticapotamento); TPM (sigla que, neste caso, significa sensor de medição da pressão dos pneus), que avisa ao motorista quando a calibragem está perigosamente fora do ideal; e TSC (Trailer Swing Control), para controlar a vibração do conjunto quando um reboque está sendo puxado. Há uma alavanca no volante específica para o controle da velocidade de cruzeiro (Cruise Control). Os espelhos retrovisores externos são aquecidos, e há um segundo retrovisor interno, para observar melhor os passageiros que estão mais atrás (bom para vigiar crianças).
Falta, porém, um necessário sensor de estacionamento para um veículo tão grande (4,88 metros de comprimento, 2,12 m de largura, 1,74 m de altura e distância entreeixos de 2,89 m). O equipamento existe apenas como acessório.
CABE TUDO
Atração especial é a enorme quantidade de porta-trecos. Leva-se um bom tempo para descobrir todos, mas para resumir pode-se dizer que é um objetivo do Journey garantir que todos os passageiros possam transportar seus refrigerantes com tranqüilidade. Há bolsas em todas as portas e porta-copos e garrafas para as três fileiras de ocupantes. O porta-luvas, com trava, tem uma divisão refrigerada para até duas latas, enquanto outras 12 latas podem ser acondicionadas em dois porta-objetos revestidos e fechados, localizados sob o piso da segunda fileira.
Há ainda porta-objetos acima do console central, junto ao retrovisor, sob o apoio de braço dos bancos dianteiros e da segunda fileira, no interior do banco do passageiro dianteiro e sob o assoalho do porta-malas (este tem capacidade de 65 litros e abriga ainda ferramentas e estepe). E um compartimento na lateral do porta-malas abriga uma lanterna com LEDs, a qual é recarregada pelo sistema elétrico do carro.
Se ainda assim faltar espaço, o porta-malas tem capacidade de 758 litros até o teto, com a terceira fileira de bancos rebatida, ou 1.461 litros com segunda e terceira fileiras de bancos rebatidas. Com todos os assentos em uso, a capacidade cai para simbólicos 105 litros.
Viagem a Campos do Jordão a convite da Chrysler do Brasil
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