Jovial e com preço competitivo, hatch C30 puxa as vendas da austera linha da Volvo
Da AutoPress
Especial para o UOL
08/09/2008 16h39
A sueca Volvo tem um posicionamento curioso no mercado automotivo. Ao mesmo tempo que é considerada marca de luxo, seus modelos em geral custam menos que os das rivais alemãs Audi, BMW e Mercedes-Benz. No caso do C30, essa "estratégia" funciona muito bem, especialmente na versão de entrada 2.0. Vendido a partir de R$ 89.933, bem menos que os R$ 110.500 e os R$ 141 mil pedidos por Audi A3 Sportback e BMW Série 1, respectivamente, o hatch médio atrai pelo conjunto sedutor. Com linhas marcantes, sobretudo na traseira cheia de ousadia, o C30 mistura visual arrojado e descontraído com bom pacote de equipamentos de entretenimento, conforto e segurança, além de um motor razoavelmente vigoroso, com 147 cv de potência.
C30 alia segurança e tecnologia para quebrar sisudez da marca Volvo. Ponto fraco está no espaço interno |
De tão interessante, o hatch médio tornou-se o best-seller da Volvo no Brasil em pouco mais de um ano de vendas. Lançado no país em abril de 2007, o C30 responde por mais de 70% das vendas da Volvo, com 555 emplacamentos de janeiro a agosto, abaixo das 623 unidades do líder A3 e acima das 526 unidades do Série 1. O desempenho é sustentado pela versão básica 2.0, que tem 55% do mix, enquanto a versão topo de linha T5 tem 29% e a configuração intermediária 2.4i, os 16% restantes.
Lançado mundialmente em 2006, no Salão de Paris, o C30 usa a mesma e moderna plataforma do sedã S40, compartilhada com o novo Ford Focus -- avaliado por UOL Carros e que chega em outubro ao Brasil, importado da Argentina. Da estrutura, o hatch médio usa ainda a sofisticada suspensão traseira multilink, com braços múltiplos sobrepostos. A mecânica também é herdada da montadora americana, que controla a Volvo. No caso da versão de entrada, o motor Duratec 2.0 de quatro cilindros em linha e 16 válvulas -- o mesmo do Focus e do EcoSport --, que vem acoplado a um câmbio manual de cinco marchas. Produz 147 cv a 6 mil giros e um torque de 18,8 kgfm a 4.500 rpm.
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ACELERADAS | |||||||
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É no visual, porém, que o C30 mostra a que veio. A dianteira é igual à do sedã S40, mas traz grade cromada, faróis com máscara negra e tomada de ar central no pára-choques, que dão aspecto mais esportivo. Nas laterais, os destaques são a linha da cintura elevada e ascendente e o teto baixo, com caimento acentuado do meio para trás -- como nos cupês. Já no habitáculo, sobressai o console central repleto de botões e com estilo único, em formato de tábua vertical fina e vazada atrás, onde há um porta-objetos. Mas o que mais impressiona é a traseira irreverente e cheia de personalidade, com a tampa da mala de vidro, pára-choques musculoso e lanternas triangulares verticalizadas, com culotes enormes nas bases que acompanham as laterais encorpadas.
RECHEIO COMPLETO
Como manda a tradição dos modelos da Volvo, o hatch médio é bem servido de equipamentos de segurança desde a versão de entrada. O C30 traz duplo airbag frontal, lateral dianteiro e do tipo cortina, encostos de cabeça ativos nos bancos dianteiros e freios com sistema anti-travamento ABS e assistente de emergência (EBA). As bolsas infláveis são controladas eletronicamente pelo SIPS (Side Impact Protection System ou sistema de proteção contra impactos laterais). Em acidentes com capotamento, os airbags laterais e de cortina esvaziam-se lentamente.
Também há fartura nos itens de conforto e entretenimento. O C30 2.0 vem de série com direção hidráulica, ar digital, cobertura de couro nos bancos, manopla do câmbio e volante, faróis de neblina, controle de cruzeiro, rodas de liga leve aro 16, trio elétrico, tapetes em carpete, alarme, entre outros. Como opcionais, o hatch pode ter sistema de som mais potente, teto solar, detalhes personalizados de acabamento e pintura e recursos de segurança como o BLIS -- que ajuda a evitar o chamado "ponto cego", sistema disponível na versão "top" T5.
Mas independentemente do conteúdo, a idéia da Volvo com a versão de entrada 2.0 é que o C30 tenha preço competitivo. E nesse ponto a montadora sueca acertou. O desempenho do hatch médio tem sido tão bom que a própria Volvo espera vender entre 750 e 800 unidades até o fim do ano -- mais que o dobro das 300 unidades previstas no lançamento do C30. Um sucesso que cresce embalado pelo preço competitivo, mas que tem o luxo e o visual jovem como reforços consideráveis.
FICHA TÉCNICA | ||||||||||||||
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IMPRESSÕES AO DIRIGIR
Muito antes de ser potente, seguro ou sofisticado, o C30 é um carro incomum. Seu design encorpado e cheio de personalidade o faz destoar em meio à avalanche de automóveis compactos e médios do mercado brasileiro. Por ser de um segmento considerado premium, onde figuram modelos altamente desejados, como os rivais Audi A3 e BMW Série 1, o hatch médio da marca sueca ainda oferece status, seja pelo desenho marcante, pelo conjunto mecânico, pelo refino do acabamento ou pela elevada quantidade de equipamentos de segurança e conforto.
Mas bem além desses aspectos, o que tem contribuído para o Volvo C30 se destacar em seu segmento é o preço. Vendido a partir de R$ 89.933, a versão de entrada 2.0 tem um conjunto interessante. Embora não seja exatamente esportiva, como o visual sugere, ela traz um trem de força robusto. Com 147 cv de potência aos 6 mil rpm e 18,8 kgfm de torque máximo despejados aos 4.500 giros, o C30 acelera e recupera a força com vigor. O zero a 100 km/h é feito em 9,3 segundos e a retomada de 60 km/h a 100 km/h se dá em bons 6,7 segundos.
Parte dessa performance é atribuída ao bom entrosamento do câmbio manual com a unidade de força 2.0 Duratec. O escalonamento justo permite respostas prontas ao pedal do acelerador e os engates curtos e precisos tornam as trocas ágeis, reforçando o caráter esportivo. O C30 tem ainda um comportamento estável e firme, auxiliado pelo moderno conjunto de suspensão, do tipo McPherson na dianteira e multilink na traseira. Nas retas ou curvas, impressiona o equilíbrio. O hatch médio não ameaça desgrudar os eixos nem transmite sinais de flutuação até a máxima de 210 km/h.
Ajustada para as ruas européias, a suspensão mais rígida só perde pontos em relação ao conforto. O conjunto não filtra bem as imperfeições da pista, transmitindo muita vibração ao habitáculo. Outro aspecto negativo é o espaço interno. O hatch médio não oferece sobras para pernas e cabeças na frente ou atrás. Os acessos aos dois bancos individuais traseiros são um tanto ruins, assim como a posição dos cintos de segurança dianteiros, que exigem contorcionismo do motorista e carona.
Em compensação, o Volvo C30 é muito bem servido de equipamentos de conforto e segurança. Desde a versão básica 2.0 são oferecidos seis airbags -- duplos frontais, laterais dianteiros e do tipo cortina --, freios com ABS e assistente de emergência EBA e o encosto de cabeça ativo nos bancos dianteiros. Os airbags laterais e do tipo cortina ainda são controladas pelo SIPS, sistema de proteção contra impactos laterais que faz com que as bolsas se esvaziem lentamente em capotamentos.
E a versão ainda traz direção hidráulica com assistência elétrica, ar-condicionado digital, rodas de liga leve aro 16, rádio/CD, revestimento de couro nos bancos, volante e manopla do câmbio, trio elétrico, faróis de neblina, computador de bordo, controle de cruzeiro, entre outros. Um conjunto interessante, capaz de concorrer em nível de igualdade com adversários como Audi A3 e BMW Série 1. Só que a um preço acessível até aos consumidores de modelos de marcas menos elitistas.
(por Diogo de Oliveira)
DE 0 A 100 PONTOS, O VOLVO C30 2.0 | |||||||||||
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