Peugeot XRS 1.4 mostra evolução ante o 206
Da AutoPress
Especial para o UOL
12/09/2008 19h49
A Peugeot se rendeu a uma espécie de reciclagem, muito comum entre as montadoras veteranas no Brasil. Pegou um modelo antigo -- no caso, o 206 -- rabiscou alguns traços mais modernos (tirados do 207 europeu) e colocou o modelo no mercado como se fosse um produto novo. O visual faz o "novo 206" parecer realmente moderno. Principalmente diante da maioria dos concorrentes. Mas como a Peugeot vai manter o veterano 206 no mercado, como carro de entrada, o 207 chega mais caro. A idéia, é claro, seria somar as vendas dos dois modelos. Mas o resultado foi um racha. Em agosto, primeiro mês cheio de vendas, o 207 emplacou 1.882 unidades e o 206, 1.590 unidades. Na soma, menos que a média que o 206 conseguia sozinho, que era de 4.100 unidades/mês.
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O preço mais salgado tem muito a ver com isso. O caso do 207 XRS é emblemático. O modelo é a versão top do motor 1.4, mas já parte dos R$ 41.090 na configuração quatro portas. Custa exatos R$ 2.200 a mais que a básica XR e tem um nível de equipamento apenas razoável. Ganha somente retrovisor e vidros traseiros elétricos, faróis de neblina e rodas de liga leve aro 14, além dos itens já incluídos na versão de entrada -- ar-condicionado, direção hidráulica, vidros dianteiros elétricos, trava elétrica, limpador e desembaçador do vidro traseiro. O modelo, porém, não tem nenhum opcional disponível. Nem ABS ou airbag. Só há mesmo uma vasta lista de acessórios estéticos.
E é justamente no visual onde o 207 tem maior apelo. Na frente, o modelo incorporou (em versão mais compacta) o visual básico da nova geração do compacto da marca na Europa. O que mais chama a atenção é o conjunto óptico. As lentes angulosas em forma de asa têm vincos que a projetam para fora e formam músculos que se sobressaem ao pára-lamas. Como no 307, o lugar onde seria a grade frontal, entre os faróis, foi coberto pela carroceria com uma hiperbólica logomarca do leão da montadora francesa.
A única e generosa entrada de ar ficou posicionada na saia integrada ao pára-choques, formando uma espécie de "bocão", tal qual -- mais uma vez -- no 307. Nas laterais, culotes nascem acima dos pára-lamas dianteiros para servir de base aos retrovisores externos. Na traseira, poucas mudanças. O pára-choque ficou mais bojudo, as lanternas ganharam novas lentes, mas mantiveram o formato das do 206, e a tampa do porta-malas recebeu uma barra cromada acima da placa. Por dentro, quadro de instrumentos remodelado e novos revestimentos nos painéis frontal e das portas, além da forração dos bancos.
Veja também
RÁPIDAS DO 207 | ||||||
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O motor do 207 XRS é o mesmo 1.4 flex que estreou na linha 206 em 2005, e responde por 60% das vendas totais do 207. O propulsor gera potência de 82 cv com álcool e 80 cv, com gasolina, a 5.250 rotações. O torque máximo é de 12,85 kgfm a 3.250 rpm com ambos os combustíveis. O chassi é o mesmo do 206, mas a Peugeot achou por bem mexer no acerto da suspensão, que ganhou novos amortecedores. A transmissão manual de cinco marchas também foi retrabalhada.
Além disso, o fabricante garante que deu melhor tratamento aos ruídos no 207 (motivo de queixas constantes dos clientes do 206). Espumas e mantas de isolamento foram adicionadas às junções de peças e em outras partes do habitáculo. Alterações e melhorias fundamentais para comprovar uma evolução em relação ao antecessor. Até porque o 207 vai ter de conviver com o 206 por um bom tempo.
IMPRESSÕES AO DIRIGIR
O Peugeot 207 nacional chegou ao mercado questionado por usar a plataforma do antigo 206. Mas, estratégias controversas à parte, é inegável que a evolução que a montadora tentou emprestar extrapolou o estilo modernoso no "novo" compacto. E isso fica perceptível ao se trafegar com o modelo já ao engatar as primeiras marchas: no lugar do câmbio molengão, barulhento e de curso longo, a Peugeot optou por relações mais curtas e maior precisão nos engates -- embora estes ainda possam melhorar.
O retrabalhado câmbio tornou a condução do 207 mais divertida e dinâmica. Ele tem um entrosamento melhor com o motor de 82 cv (com álcool) e é possível ter arrancadas um pouco mais espertas e respostas mais prontas do acelerador. Um comportamento que, se não é vigoroso, pelo menos é adequado à proposta do hatch. Para sair da inércia e alcançar os 100 km/h, por exemplo, foram precisos 12,4 segundos. Depois dos 120 km/h, porém, é preciso paciência e pé no fundo para chegar à máxima de 160 km/h.
Em altas velocidades, o 207 mostra um bom equilíbrio dinâmico. Apenas acima dos 150 km/h é que surge uma sensação de flutuação da dianteira, o que deixa imprecisa a comunicação entre rodas e volante. Mas nas curvas o compacto se comporta bem. Mesmo em velocidades altas, a carroceria torce pouco e o modelo não ameaça mais jogar a traseira. Tudo fruto da suspensão recalibrada. Nas frenagens bruscas, a frente embica pouco, mas as rodas dianteiras travam com facilidade e o carro sai da trajetória -- o ABS, ausente até da lista de opcionais, não seria um mero luxo no 207.
As mudanças na suspensão também privilegiaram o conforto. Enquanto no 206 as quicadas atrás eram inevitáveis em ruas esburacadas, os novos amortecedores absorvem melhor as irregularidades do solo, que não se refletem inteiramente no habitáculo. No mais, o 207 continua como um compacto, ou seja, com limitações de espaço para pernas na frente e atrás. No banco traseiro, aliás, só dois adultos viajam sem grandes apertos. Houve também uma evolução no isolamento acústico, mas os ruídos aerodinâmicos, do motor e de rodagem incomodam já aos 120 km/h. No consumo, o 207 XRS 1.4 não se mostrou tão beberrão: média de 8,1 km/l com álcool no uso 2/3 na cidade e 1/3 na estrada. (por Fwernando Miragaya)
FICHA TÉCNICA: PEUGEOT 207 XRS 1.4 | |||||||||||
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