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Grand Vitara urbanizado marca retorno da Suzuki ao Brasil

Eugênio Augusto Brito

Do UOL, em São Paulo

19/09/2008 22h04

Ausente desde 2003, quando encerrou suas atividades no país por conta do câmbio desfavorável que elevava o valor do dólar a cerca de R$ 4, a Suzuki Veículos do Brasil (SVB) anunciou na última quinta-feira (18) seu retorno, agora aliada ao grupo Souza Ramos e sem qualquer ligação com a Suzuki Motos, que seguiu operando no período. E o primeiro passo desta volta é o lançamento da terceira geração do utilitário Grand Vitara, importada do Japão em sua versão 2.0 16V a gasolina, com tração 4x4 integral, opção de câmbio manual de quatro velocidades ou automático de cinco e que começa a ser vendido na segunda semana de outubro.
 

Foto: Eugênio Augusto Brito/UOL

Novo Grand Vitara, com motor 2.0, chega por R$ 89.700 (manual) ou R$ 94.700 (automático)


Comercializado em 192 países, onde vendeu 2,4 milhões de unidades ao longo se sua história (veja o quadro evolutivo nesta reportagem), o Vitara será comercializado no Brasil pelo preço de R$ 89.700 (versão manual) e R$ 94.700 (automática), por uma rede de dez concessionárias (quatro delas em São Paulo e as demais em Ribeirão Preto-SP, Rio de Janeiro-RJ, Belo Horizonte-MG, Recife-PE, João Pessoa-PB e Mossoró-RN). O lote inicial conta com 250 unidades prevê uma distribuição modesta, mas segundo o diretor-presidente da Suzuki Veículos, Alexandre Câmara, o volume deve passar gradativamente de 20 veículos por loja para cerca de 60/loja, até agosto de 2009.

"É um número muito conservador, um lote inicial de 250 carros, inclusos os modelos de exposição e teste, ou 20 carros para cada operação (concessionária) em outubro. Mas o aumento dependerá da abertura de 30 operações independentes e exclusivas até agosto de 2009, quando esperamos chegar a até 60 carros/mês", afirmou.

O segundo passo já está planejado: será o lançamento do novo Jimny (evolução do Suzuki Samurai) -- mini 4x4 na faixa dos R$ 60 mil, com motor 1.3 e câmbio mecânico -- durante Salão de São Paulo, com vendas em meados de novembro. E o terceiro pode ser, em cerca de dois anos, a instalação de uma fábrica, provavelmente no Estado de Goiás, mas não necessariamente na cidade de Catalão, onde hoje fica o centro de distribuição e reposição de peças. A importação de um veículo de passeio não foi descartada, mas ainda é apenas um "estudo".
 

IMAGENS DO RETORNO
Eugênio Augusto Brito/UOL
MAIS FOTOS DO GRAND VITARA

PRIMEIRAS IMPRESSÕES
UOL Carros testou o Grand Vitara topo de linha, com câmbio automático de quatro velocidades com overdrive e bancos com revestimento de couro (segundo a Suzuki do Brasil, o único opcional do 4x4, com custo extra de R$ 1.800) e encontrou um veículo montado sobre carroceria monobloco que busca ressaltar mais esportividade do que robustez, a proposta inicial da linhagem Vitara, iniciada em 1988.

Por fora, o Vitara tem visual bonito, mas sem grandes inovações -- estão lá os faróis de contorno retangular, grade em U e capô com vincos discretos. Duas saídas exaustoras de ar do motor na linha de abertura do capô, pára-lamas ressaltados, rodas de liga-leve aro 17 com freios a disco, ABS (antitravamento) e EBD (distribuição eletrônica de frenagem) aparecem como tentativas de modernizar e fortalecer o conjunto. A traseira tem linhas ainda mais conservadoras e exibe o estepe acoplado à porta, detalhe classificado por muitos dos jornalistas presentes como ultrapassado. No geral, suas linhas parecem influenciadas pela família Pajero, da compatriota da Mitsubishi, mas também lembra o Ford Ecosport, que pode ser naturalmente escalado como seu rival.

Neste quesito, a Suzuki cria uma briga desigual ao elencar competidores tanto por desempenho quanto por preço. Assim, o novo Grand Vitara também enfrentaria desde o ultrapassado Tracker, segunda geração do Vitara, ainda comercializada pela Chevrolet, aos atuais Honda CR-V, Hyundai Tucson e, por extensão, Chevrolet Captiva.
 

AS GERAÇÕES DO VITARA
Divulgação
Criado em 1988 como um SUV compacto de tração integral, tinha motor 1.6 de quatro cilindros e teto de lona; em seguida, ganhou versão com quatro portas e teto rígido (1990), novo motor 2.0 e reformulações de visual e tamanho da cabine (97). As primeiras unidades chegaram ao Brasil a partir de 1991.
Divulgação
A segunda geração foi lançada em 1998, com o nome Grand Vitara, equipada com motor 2.0. No Brasil, durou de 2001 até o final das atividades da Suzuki no país, em 2003; ressurgiu em 2006, sob importação da Chevrolet, como Tracker; no exterior, em 2000, ganhou a versão XL-7, para sete pessoas, com motor V6 2.7
Divulgação
A terceira geração, que chega agora ao país na versão 2.0 16V com quatro cilindros a gasolina e câmbio manual ou automático, foi desenvolvida em 2005 a partir do conceito X-2; no exterior, é encontrada também com motores 2.6 de quatro cilindros e V6 3.2
FICHA TÉCNICA DO GRAND VITARA 2.0

Equipado de série com trio elétrico, coluna de direção com regulagem de altura (mas não de profundidade) e assistência hidráulica, ar-condicionado digital e sistema de som com rádio AM/FM, CD changer para seis discos com leitura de MP3/WMA, o Vitara chama atenção internamente pelo visual moderninho. Inúmeros porta-copos espalhados pelo habitáculo e o uso predominante das cores preta e cinza e de detalhes imitando metal cromado no acabamento confirmam a tese. No painel, há abundância de elementos circulares e mostradores em vermelho -- a exceção está logo abaixo do velocímetro, onde o display do computador de bordo traz informações em branco sobre nove funções, entre as quais um interessante medidor de consumo instantâneo.

De toda forma, a sensação de bom acabamento é destroçada ao se olhar para além da fileira traseira de assentos. A cobertura do porta-malas é revestida por um carpete barato e uma emenda de couro, com direto a "barriga" (por não ficar esticada), preenche o espaço e faz duvidar que o veículo valha mesmo mais de R$ 90 mil.

E embora os importadores ressaltem que o veículo pode abrigar cinco pessoas, o quinto ocupante teria de ser necessariamente uma criança para poder viajar confortavelmente na seção intermediária do banco traseiro.

NA TRILHA
Se o momento mais esperado foi o de dirigir o Grand Vitara e testar suas características trilheiras, o resultado obtido em um circuito misto de planalto, com pista de terra batida, pequenas ladeiras e trechos de asfalto falho entre condomínios privados e a paisagem vegetal do município de Mairiporã (SP), foi mediano.

O motor 2.0 de 140 cavalos de potência (a 6.000 rpm) e torque de 18,67 kgfm (a 4.000 giros) mostrou-se silencioso e capaz de empurrar os 1.644 kg do conjunto sem grande esforço, enquanto a transmissão teve um desempenho satisfatório, uma vez que não apresentou engasgos, nem gritou ao se pisar com maior vigor no pedal do acelerador. Isto deve servir como chamariz para o consumidor urbano, notadamente o principal público desta nova edição do Vitara.

A tração integral permanente sem mostrou firme e o acionamento do bloqueador de diferencial e da tração reduzida, feito por meio de um controle rotativo no painel, bem acertado. Por sua vez, o desempenho da suspensão ficou aquém do esperado. Independente nas quatro rodas, com estrutura McPherson na dianteira e Multilink na traseira, manteve o veículo estável em curvas e freadas mais acentuadas. No trecho mais acidentados, porém, proporcionou vida mansa apenas para motorista e passageiro do banco dianteiro, enquanto entregou os ocupantes do banco traseiro a trancos e sacudidas equivalentes aos de um brinquedo de parque de diversões. Ou seja, ao contrário dos Vitaras pioneiros, a continuação da estirpe deve decepcionar quem procura por maiores aventuras.

Teste feito a convite da Suzuki Veículos do Brasil