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Ford retoma Ka Tecno para lançar linha de som integrado a celular e MP3

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Imagem: Divulgação

Eugênio Augusto Brito

Do UOL, em São Paulo (SP)

25/09/2008 22h50

A Ford resolveu retomar a versão Tecno do compacto Ka, criada com a primeira geração do modelinho (no quesito tamanho), para promover o lançamento da linha My Connection, feita em conjunto com a empresa de tecnologia Visteon, e que integra ao sistema de som do veículo toda a aparelhagem que costuma ser carregada por motorista e passageiros -- celulares, pendrives e tocadores portáteis de música (iPod e similares). A escolha foi lógica, uma vez que o Ka é hoje o veículo mais popular da montadora: relativamente barato, vendeu 3.010 unidades nos primeiros 15 dias de setembro e um acumulado de 45.986 desde a sua reformulação em janeiro. Com um pacote que inclui, entre outros, a trinca ar/direção/controles elétricos de vidros e a preparação de som com rádio com RDS/CD player com MP3, conexão via Bluetooth, cabos USB e 3,5 mm (auxiliar) e quatro falantes com 25 W de potência RMS, o novo Ka Tecno sai por R$ 33.290 com motor 1.0 e R$ 35.790 para o 1.6. Na seqüência, serão equipados com o My Connection as famílias Fiesta e EcoSport, os antigos Focus hatch e sedã, que seguem vivos com motor 1.6, três versões da picape Ranger e a caminhonete F250 (saiba mais no quadro desta reportagem).
 

TRÊS DETALHES DO KA TECNO
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Externamente, adesivagem e calotas são os únicos itens exclusivos da versão Tecno
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Grafismo do painel evoca a noção
'lugar-comum' de tecnologia...
Eugênio Augusto Brito/UOL
... mas desaparece à noite, quando resta apenas a iluminação tradicional do Ka
RELEIA A AVALIAÇÃO DO KA BÁSICO
O REQUINTE DA VERSÃO 1.6

Apresentado à imprensa no dia 4 agosto com ares de protótipo (eram apenas três unidades e a promessa de entrar em linha de produção no mesmo dia), o Ka Tecno chega agora às lojas para tentar "popularizar a integração tecnológica", nas palavras da Ford. O objetivo é dar ao comprador de um carro básico nível similar de interação àquela obtida com o sistema de som de modelos importados da Audi e BMW, por exemplo, ou do novo Focus 2.0 (que é equipado com aparelhagem Sony). Entre os concorrentes fabricados no Brasil, a Fiat faz o mesmo com sua linha Blue&Me, a Renault tem o seu Sandero Nokia e a Volkswagen ataca com sua série de pacotes opcionais para os novos Gol e Voyage, para citar os mais conehcidos. A diferença é que com "popularizar" a Ford quer dizer, além de "simplificar", "reduzir o custo": o My Connection não tem comandos no volante ou painel sensível ao toque, o que vale mesmo são display e botões maiores. No carro, a novidade fica por conta de calotas diferenciadas e de novos adesivos e grafismos de painel -- o resto vem da união de três pacotes de adicionais já existentes, Fly+, Class e Pulse.

O CARRO
UOL Carros testou o Ford Ka Tecno em sua versão 1.0 flex na bela e chamativa cor Vermelho Bari. Simpático, o carro tem basicamente as mesmas qualidades, e limitações, que fizeram dele o sucesso da montadora em oito meses de mercado e que detalhamos na época da reformulação (releia aqui). O desenho arrojado ainda chama a atenção, ao mesmo tempo em que o baixo desempenho do motor (70 a 73 cavalos a 6.000 rpm e 9 a 9,4 kgfm de torque a 4.750 rpm, com gasolina e álcool, respectivamente) segue se adequando melhor à cidade, onde se passa por ágil, do que à estrada. Se a necessidade por potência falar mais alto, a única saída e escolher a motorização 1.6 (102 a 110 cv a 5.500 rpm e 15,0 a 15,8 kgfm de torque).

E se o internauta acredita ser possível distinguir uma versão especial apenas pelo visual vai se decepcionar. Externamente, nada de cor diferenciada, saias ou adereços. Tudo isto poderia encarecer demais o produto final. O Tecno se faz presente com rodas aro 14 (estas são item de série na versão 1.6), limpador e desembaçador do vidro traseiro, retrovisores e maçanetas externas na cor do veículo, adesivo na segunda coluna, disponíveis para qualquer Ka. Outra "característica" mantida, e desta vez negativa, é o ruído de líquido balançando (do combustível dentro do tanque), que se faz audível com o carro em movimento, principalmente em freadas e retomadas, sinal de isolamento acústico ruim (principalmente ao levarmos em consideração uma versão que deveria priorizar a qualidade do som obtido dentro da cabine). Resumindo, de exclusivos mesmo na versão, só os adesivos nas portas e as novas calotas -- que, aliás, não nos pareceram mais bonitas do que as originais.

O maior ganho, porém, está no conforto oferecido pela versão Tecno em relação à versão 1.0 'pé-de-boi'. O modelo traz, entre outros 'mimos' dos pacotes Fly+, Class e Pulse, direção hidráulica, ar-condicionado e aquecedor e vidros elétricos (com comandos herdados do antigo Fiesta Street, bem posicionados, mas de controle complicado), conta-giros e iluminação e revestimento lateral com carpete no porta-malas. Além, claro, de preparação para som nas portas (falantes de 6 polegadas) e na cobertura do porta-malas (5 polegadas). Para marcar a versão internamente, grafismo no painel (que praticamente desaparece à noite), nova opção de revestimento dos bancos e detalhes na cor prata para pegadores das portas e saídas de ar.
 

Foto: Eugênio Augusto Brito/UOL

Mesmo grandalhão, My Connection traz o 'fino' da comunicação e do entretenimento ao Ka


O SOM
Pode-se dizer que, de fato, o Ka Tecno serve como uma grande caixa de presente para embalar o sistema de som e comunicação integrado My Connection. Com aspecto pesado -- é 'quadradão', na cor preta, com um botão principal (também preto e emborrachado), teclas dedicadas na cor cinza e iluminação 'verde-Ford' --, mede 10 cm de altura (nas versões para Ka, Focus 1.6, Ranger e F250, ou 12 cm para Fiesta e EcoSport) e aparentamente passa longe de toda a capacidade tecnológica prometida. Só aparentemente.
 

OUTRAS CONEXÕES
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O sistema My Connection, lançado com o Ka, seguirá para 70% da linha atual da Ford, segundo a assessoria da montadora. A família Fiesta não ganha versão exclusiva, mas vêm equipada com o aparelho por preços a partir de R$ 31.765 (hatch 1.0) e R$ 33.745 (sedã 1.0). Na seqüência, é a vez do utilitário EcoSport, a partir de R$ 51.290. Na terça-feira (23) foi anunciada a linha 2009 da picape Ranger, que além da série especial Storm tem ainda versões com o My Connection para os acabamentos Sport, XLT e Limited. E a próxima da lista é a caminhonete F250.
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Tanto que comandá-lo não é uma tarefa tão intuitiva e demanda, sim, uma leitura prévia do manual, pelo menos das primeiras páginas que engenhosamente explicam como conectar (parear) o sistema aos penduricalhos eletrônicos. O procedimento, que poderia ser mais simples (vide, por exemplo, o sistema de som da nova Chevrolet Meriva), pode incomodar muito usuários menos entusiastas de 'brinquedinhos' tecnológicos. Apenas para demostrar o grau de complexidade na fase de configuração, até mesmo os profissionais da Ford e Visteon se complicaram com a conexão com celulares. E a falta de opção para o idioma do painel, apenas em inglês, também pode ser um entrave para seu bom uso.

Mas o grande complicador do sistema deveria ser, na verdade, seu maior trunfo: o pareamento múltiplo. Traduzindo, o My Connection permite conectar até cinco celulares ou aparelhos (laptops, computadores de mão, entre outros) com Bluetooth, sendo dois deles ao mesmo tempo. O objetivo seria permitir que aparelhos diferentes desempenhassem funções independentes -- um como telefone mesmo, com direito à ligações hands-free com som reproduzido nos alto-falantes e seleção de nomes da agenda diretamente no painel, e outro com a função de áudio, comandando quais músicas são ouvidas pelos ocupantes. Mas para conectar cada um dos aparelhos é necessário percorrer três passos: fazer a busca no som do carro ou no telefone, depois digitar a senha e, a seguir, ativar a função "phone" ou "audio". E mesmo se um único aparelho desempenhar as duas funções, o pareamento deve ser feito duas vezes, uma para cada modo. Para botar ordem nisso tudo, uma hierarquia digital determina que o primeiro aparelho conectado terá prioridade sobre os demais, ou seja, quando ativado ele deixará os demais inativos ou na função mute.

O problema é que, com tantas conexões e possibilidades, a chance de uma falha de conexão ocorrer é grande. E irritante.

Mais fácil é utilizar qualquer uma das opções com fio. São elas, a entrada auxiliar de 3,5 mm no painel do My Connection, que serve para plugar um cabo à saída de fones-de-ouvido do aparelhos de som, mas não permite controlar o aparelho, e os conectores padrão USB ou iPod, localizados dentro do porta-luvas junto a uma bolsinha como aqueles de óculos (segundo a Ford, o esconderijo funciona como medida de segurança, pois deixa pendrive, aparelho de MP3 ou iPod longe da vista de estranhos e fora do alcance do motorista, que ficaria menos distraído, em tese). Neste caso, o sistema assume o controle dos tocadores digitais e consegue cumprir bem a função de gerenciamento total para um carro popular.