Voyage 'ressuscita' com missão dura e muitos inimigos
A Volkswagen apresentou nesta quinta-feira (25) à imprensa especializada o Voyage, versão sedã do novo Gol. A marca alemã ressuscitou o nome do seu antigo três-volumes pequeno, derivado do Gol "caixa" e descontinuado nos anos 1990, para tentar reaver a primeira colocação na venda de automóveis (o que exclui comerciais leves) no Brasil, hoje com a Fiat por uma margem raras vezes maior que dois pontos percentuais. A estratégia foi admitida pelo próprio presidente da Volks no Brasil, Thomas Schmall.
ÁLBUM DE FOTOS |
---|
![]() |
![]() |
Os inimigos do Voyage são vários, relacionados a seguir com seus preços básicos de mercado: os Chevrolet Prisma (R$ 35.490), Corsa (R$ 31.345) e Classic (R$ 28.800); o Fiat Siena, tanto o Fire 1.0 (R$ 33.000) quanto o 1.4 (R$ 40.800); o Ford Fiesta (R$ 35.830); os Renault Clio (R$ 35.500) e Logan (R$ 31.345); e o vindouro Peugeot 207 Passion. Para encarar essa tropa, o novo sedã chega em quatro versões -- 1.0, 1.6, Trend (1.6) e Comfortline (1.6). O faturamento às lojas já começou, mas as vendas devem ganhar impulso apenas a partir de outubro.
E quem for atrás do Voyage vai encontrar um produto muito parecido com o novo Gol. Na verdade, até pouco depois da coluna B (a segunda, entre as portas) trata-se do mesmo carro. A partir desse ponto alguns pequenos ajustes foram feitos para que o terceiro volume, o do porta-malas, fosse adicionado à carroceria. Executivos da Volkswagen afirmam que os dois carros, novo Gol e Voyage, foram desenhados e desenvolvidos simultaneamente -- o que possibilitou até mesmo acertos mútuos entre as carrocerias. Tudo isso para que o sedã não seja visto como uma mera "gambiarra" em cima de um hatch consagrado (ou a caminho da consagração).
Óbvio: o assunto principal é exatamente a traseira do Voyage. Falar sobre o resto do carro é chover no molhado (basta reler o que já publicamos sobre o novo Gol). Em termos visuais, o resultado obtido pela Volks no "bumbum" do seu novo sedã não chega a provocar emoções especiais. As linhas laterais do Voyage são fortemente ascendentes e desembocam harmoniosamente na traseira -- mas de alguns ângulos o carro lembra os sedãs Chevrolet Astra e Corsa, principalmente pela aba na tampa do porta-malas (que pode ser aumentada com um spoiler, opcional). A identificação com o "irmão" hatch só fica mais clara quando o Voyage é visto totalmente por trás. A tampa do porta-malas e a cavidade do pára-choque desenham dois "U" justapostos, e as lanternas (um pouco maiores no sedã) formam ao centro um tetraedro vazado, exatamente como no novo Gol.
|
Por dentro, a traseira garante ao Voyage um porta-malas de 480 litros, nem o melhor, nem o pior do segmento, e que eventualmente pode ser ampliado com o rebatimento do banco traseiro (sistema que é opcional). A Volks, que de boba não tem nada, oferece como principal mimo de série, em toda a gama Voyage, justamente a abertura elétrica da tampa do porta-malas. Nas unidades básicas, ela pode ser feita por meio de um botão no painel. Nos carros mais equipados, o comando é exclusivamente na chave-canivete que traz comandos remotos. A tampa abre suavemente, graças a um sistema de molas patenteado pela Volks. Para completar, até o Voyage 1.0 "pé-de-boi" traz o bagageiro totalmente revestido em carpete e com iluminação.
PREÇOS E EQUIPAMENTOS
Os preços do Voyage, assim como os do novo Gol, merecem um exame mais atento. O 1.0 parte de R$ 30.990, e o 1.6 de R$ 35.180. Ambos sem direção hidráulica e ar-condicionado. Adicioná-los custa no mínimo R$ 3.450 no 1.0 e R$ 3.685 no 1.6 (o que inclui travas e vidros dianteiros elétricos). Já a versão-pacote Trend 1.6 sobe o preço inicial para R$ 37.600. A direção hidráulica é de série, mas ar, travas e vidros elétricos também vão custar R$ 3.685. Por fim, o Voyage Comfortline 1.6, topo da gama, custa a partir de R$ 39.430, valor que não inclui ar-condicionado. Para instalá-lo, juntamente com o trio elétrico completo, o desembolso é de mais R$ 3.885.
Repetindo o procedimento que torna a compra de alguns carros da marca uma espécie de jogo de montar, a Volks oferece 21 módulos de opcionais para o Voyage 1.0, 22 para o 1.6, 17 para o Trend e 12 para o Comfortline.
|
DADOS TÉCNICOS | ||
---|---|---|
| ||
![]() | ||
![]() |
- Veja todos os opcionais do Voyage
- Veja todos os itens de série
Isso sem falar nos acessórios, que incluem o Navegador Volkswagen Tech, um GPS conectado via Bluetooth ao sistema de som e à telinha do computador de bordo, e que mostra suas informações no aparelho avulso (com mapas) e também no painel -- além de dizê-las em bom português, com uma voz feminina. O preço não foi divulgado. O equipamento estréia no Voyage e estará disponível na gama Volks fabricada no Brasil.
IMPRESSÕES AO DIRIGIR
UOL Carros participou nesta quinta-feira (25) do test-drive do Voyage na região de Florianópolis, capital de Santa Catarina. Pudemos dirigir o carro nas versões Trend e Comfortline por cerca de 150 km, geralmente em estrada de pista única, com alguns trechos sinuosos e de asfalto com falhas.
Em linhas gerais, o contato com o Voyage foi tão agradável quanto o que tivemos com o novo Gol. Por dentro, é visível o esforço da Volks de oferecer um acabamento que, no mínimo, passe a impressão de ser mais bem-cuidado do que a média do segmento, e que deixe o novo carro o mais parecido possível com seu "primo premium", o Polo sedã. Basta notar como os materiais são de bom gosto e os encaixes são justinhos.
Só que o Voyage é essencialmente um carro de entrada. Por isso, se quiser usar a regulagem de altura do seu banco (item de série), o motorista tem de jogar o corpo para cima -- e o curso do assento é curto. Também não há resquício de ergonomia nos comandos do som no volante (item opcional). Isso para citar dois problemas detectáveis no novo Gol, e que permanecem no Voyage.
Mas conduzir o novo sedã da Volks é um prazer, porque o carro fica bem na mão do motorista. O volante obtém respostas rápidas e o câmbio é amigável. A ressalva é a altura dos pedais -- mas o da embreagem é leve, o que ajuda a não cansar a perna esquerda.
Experimentamos apenas unidades dotadas do novo motor VHT 1.6 flexível, capaz de entregar 101/104 cavalos de potência (gasolina/álcool) e torque máximo de 15,4/15,6 kgfm (g/a). Esse propulsor, que equipa até carros Volks de segmentos superiores, como Polo e Golf, transforma o Voyage (a exemplo do novo Gol) no famoso "canhãozinho". O carro ganha velocidade de forma muito natural, e roda a 120 km/h mostrando disposição para mais. As retomadas -- fizemos várias ultrapassagens de caminhões e ônibus -- transmitiram segurança. Nos trechos urbanos, a agilidade foi o destaque: o motor trabalha bem em rotações baixas, e o Voyage parece capaz de ocupar rapidamente qualquer espacinho no trânsito.
Outro destaque é a suspensão, cuja seção dianteira vem de uma nova plataforma da Volks, que estréia no Seat Ibiza e que, futuramente, será usada no Polo. A leitura do terreno é muito precisa, o que ajuda a manter o Voyage preso ao solo sem "agredir" os ocupantes. Também colabora na estabilidade: mesmo em curvas fechadas e/ou abordadas em velocidades mais altas, o carro não fez menção de escapar -- o que seria até normal num sedã com o porta-malas vazio.
A conclusão é simples: se o novo Gol com motor 1.6 entregava uma performance interessante aliada a um belo trabalho de design, os meros 45 quilos a mais do Voyage (989 kg x 944 kg) não interferiram no bom desempenho, mas o terceiro volume deu uma apagada no brilho estético herdado do hatch -- embora a Volks diga que, nas pesquisas prévias com consumidores, todo mundo achou o carro lindo. Mas entre os jornalistas especializados é ponto pacífico que o Voyage vai vender como água no deserto.
*Viagem a convite da Volkswagen do Brasil
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.