Topo

Kit GNV de fábrica é o atrativo do sedã Fiat Siena Tetrafuel

Da AutoPress

Especial para o UOL

03/10/2008 21h27

O Siena é um carro estratégico para a Fiat. Trata-se do terceiro veículo mais emplacado da montadora italiana no Brasil, atrás do veteraníssimo Mille e do Palio hatch. Suas vendas sempre foram boas, mas melhoraram depois do lançamento da configuração Tetrafuel, no fim de 2006. Tudo bem que o nome da versão tem um "dedo" do departamento de marketing. O modelo foi lançado como o primeiro capaz de rodar com quatro combustíveis: a gasolina comum nacional, com 20% a 25% de álcool misturado; a gasolina pura vendida em países como Argentina e Uruguai; o álcool; e o gás natural veicular -- chamado de GNV. Só que, na prática, abastecer com gasolina pura ou comum não requer alterações no mapeamento do módulo eletrônico da injeção. Na verdade, o apelo do Siena Tetrafuel fica concentrado na economia de combustível, graças à instalação de fábrica dos dois cilindros de 6,5 m³ de GNV, acomodados no porta-malas. Não à toa, a versão Tetrafuel tem como principal público os taxistas das grandes metrópoles, que costumam adaptar seus veículos para rodar com gás.

Fotos: Luiza Dantas/Carta Z Notícias

Siena Tetrafuel: economia de combustível com cilindros de GNV de fábrica atrai taxistas

Equipada sempre com o motor 1.4 litro, a configuração começa em R$ 46.920, valor bem mais alto que o da versão 1.4 Flex, que parte de R$ 38.310. Porém, quando igualado o conteúdo de série das versões, o custo pago pela instalação dos cilindros de GNV é de R$ 2.759. O preço é um pouco mais caro que o cobrado por empresas especializadas. Mas o modelo tem a garantia de fábrica da Fiat.

 

FICHA TÉCNICA
Fiat Siena ELX 1.4 Tetrafuel
Motor: Gasolina, álcool e GNV, transversal, 1.396 cm³, com quatro cilindros em linha, duas válvulas por cilindro e comando simples no cabeçote. Injeção eletrônica multiponto seqüencial e acelerador eletrônico.
Transmissão: Manual com cinco marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira. Não oferece controle eletrônico de tração.
Potência: 81 cv com álcool, 80 cv com gasolina pura ou comum e 68 cv com GNV, sempre a 5.500 rpm.
Torque: 12,4 com álcool, 12,2 kgfm com gasolina pura ou comum e 10,4 kgfm com GNV, sempre a 2.500 rpm.
Diâmetro e curso: 72 mm X 84 mm. Taxa de compressão: 10,3:1.
Suspensão:
Dianteira: Independente do tipo McPherson, com braços oscilantes inferiores transversais, molas helicoidais, amortecedores hidráulicos e barra estabilizadora.
Traseira: Independente, com braços oscilantes inferiores longitudinais, molas helicoidais, amortecedores hidráulicos e barra estabilizadora. Não oferece controle eletrônico de estabilidade.
Freios: Dianteiros a discos ventilados e traseiros a tambor. Oferece ABS com EBD como opcionais.
Carroceria: Sedã compacto em monobloco, com quatro portas e cinco lugares. Com 4,15 metros de comprimento, 1,64 m de largura, 1,46 m de altura e 2,37 m de distância entre-eixos. Oferece airbags frontais como opcionais.
Peso: 1.149 kg em ordem de marcha, com 380 kg de carga útil.
Porta-malas: 370 litros.
Tanque: 48 litros e dois cilindros de 6,5 m³ de GNV.

Além disso, a montadora promoveu alterações mecânicas no Siena. O motor 1.4 flex ganhou novo coletor de admissão, quatro bicos injetores exclusivos para o GNV e nova geometria das válvulas. A suspensão traseira e os freios também foram recalibrados, por conta dos 73 kg do kit -- que elevaram o peso do sedã de 1.076 kg para 1.149 kg em ordem de marcha.

As mudanças reduziram ligeiramente a força do propulsor 1.4. No Siena Tetrafuel, são 81 cv de potência com álcool, 80 cv com gasolina pura ou comum e 68 cv com GNV, sempre a 5.500 rpm -- ante os 85/86 cv a 5.750 rpm da versão apenas flex. Já o torque máximo é de 12,4 kgfm com álcool, 12,2 kgfm com gasolina pura ou comum e 10,4 kgfm com GNV, sempre a 2.500 rpm - contra os 12,4/12,5 kgfm a 3.500 rpm da versão 1.4 para álcool e gasolina. Outra perda é em relação ao porta-malas. Um dos maiores atrativos do Siena, o compartimento de bagagens com 500 litros, passa a acomodar apenas 370 litros com a presença dos cilindros de GNV.

Mercadologicamente, porém, a configuração não sente o impacto das adaptações. Depois da básica 1.0 Fire Flex, com o desenho antigo e 40% do mix de vendas, o Siena que mais vende é o Tetrafuel. No mix do modelo reestilizado em outubro de 2007, a configuração ELX 1.4 Tetrafuel tem 40% das vendas, a ELX 1.4 Flex tem 30%, a ELX 1.0 Flex responde por 20% e a versão topo da gama, a HLX 1.8 Flex, fica com 10%. Quer dizer, no caso do Tetrafuel, os cilindros fazem a diferença na briga com os rivais Chevrolet Prisma e Corsa Sedã, o Fiesta Sedã, os Renault Logan e Clio Sedã, além do recém-lançado Volkswagen Voyage.

IMPRESSÕES AO DIRIGIR
O Siena Tetrafuel não surpreendeu no consumo durante esta avaliação. O sedã compacto marcou média de razoáveis 8,8 km/m³ de GNV. Mas como nas grandes metrópoles o combustível gasoso ainda é mais barato que o álcool, o uso do gás é vantajoso. Isso sem falar na emissão de poluentes ser bem menor -- daí alguns estados darem "descontos" no IPVA dos carros movidos a GNV.

A economia, no entanto, também deixa marcas negativas no Siena Tetrafuel, principalmente em relação ao desempenho. Quando alimentado com GNV, o motor 1.4 fica moroso, com reações lentas ao pedal do acelerador. Nas ladeiras, com ou sem o ar-condicionado acionado, a unidade demora a reagir e exige paciência, além de reduções de marchas que fazem o motor subir os giros e gritar bem alto.

O câmbio com curso longo e escalonamento desafinado também decepciona, embora os engates sejam macios. Fora o lado econômico, o Siena Tetrafuel só agrada mesmo quando equipado com os diversos opcionais. Entre eles, destaque para o revestimento em tecido camurçado, cobertura em couro no volante e o sistema de som com rádio/CD/MP3, entradas USB e para iPod, além de conectividade via Bluetooth para telefonia.
(por Diogo de Oliveira)
 

DE ZERO A 100 PONTOS, O FIAT SIENA 1.4 TETRAFUEL
Desempenho - O Siena é um carro agradável de dirigir, mas que não empolga. O motor 1.4 tem disposição apenas razoável nas arrancadas e retomadas com gasolina e álcool. Já com GNV, o rendimento cai bastante. O zero a 100 km/h é cumprido em longos 17 segundos. E nas ladeiras, com o ar ligado, o modelo perde muita força e reage de forma lenta. Outro aspecto desfavorável é o escalonamento do câmbio. Há um incômodo buraco entre a primeira e segunda marchas. Nota 6.
Estabilidade - O modelo torce bastante nas curvas mais fechadas e, nas retas, a sensação de flutuação surge após os 130 km/h. Já nas frenagens, a carroceria tende a embicar a dianteira, embora mantenha bom equilíbrio. Nota 6.
Interatividade - Os comandos são bem posicionados e a ergonomia agrada com o ajuste de altura do assento do motorista. Já o campo de visão é um pouco limitado, com espelhos laterais estreitos. Em compensação, a pequena tela no centro do quadro de instrumentos traz informações do computador de bordo e indica a quantidade de GNV nos cilindros. Nota 7.
Consumo - Para um carro movido a GNV, o Siena Tetrafuel decepcionou. Fez média de 8,8 km/m³ de gás, enquanto o rendimento com álcool foi de 7,9 km/l. A questão é que os preços dos dois combustíveis estão equilibrados e a autonomia com os cilindros cheios não superou 115 km. Nota 6.
Conforto - Independentemente de ser um sedã compacto, o Siena é apertado. O modelo tem bom espaço para cabeças, mas as pernas vão espremidas. O que salva é a suspensão macia. Nota 7.
Tecnologia - O Siena é um carro pouco moderno. O destaque é a parte mecânica, com o motor 1.4 calibrado para consumir diferentes combustíveis. De resto, trata-se de um sedã compacto de entrada, sem equipamentos de segurança básicos, como ABS e airbags duplos frontais, que são opcionais. Nota 6.
Habitabilidade - O interior do Siena é repleto de porta-objetos e tem boa iluminação. Mas os acessos ao banco traseiro são ruins e o porta-malas, com os cilindros de GNV, leva só 370 litros em vez dos 500 litros originais. Nota 7.
Acabamento - Embora básico, tem um acabamento interno bastante honesto. As peças são bem cortadas, possuem encaixes razoavelmente precisos e tem texturas agradáveis. Nota 7.
Design - Ao contrário do que ocorreu com o Palio hatch, a Fiat acertou na última remodelação do Siena, lançada há um ano. O destaque é a traseira, que ficou bem mais atraente com linhas afiadas e elegantes. Nota 8.
Custo/Benefício - Pelo tamanho e padrão de acabamento, o Siena Tetrafuel "invade" o nicho de sedãs compactos premium, vendido a partir de R$ 46.920. Em compensação, é o único modelo a oferecer o kit GNV instalado de fábrica. Nota 7.
Total - O Fiat Siena 1.4 Tetrafuel somou 67 pontos em 100 possíveis. NOTA FINAL: 6,7.