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Renault Mégane CC oferece charme de conversível e teto de vidro por R$ 124.890

Da AutoPress

Especial para o UOL

17/10/2008 19h00

Luiza Dantas/Carta Z Notícia 
 

São raras -- e caras -- as opções de carros conversíveis no Brasil. As ofertas estão basicamente concentradas no mercado de veículos de luxo, com modelos da Audi, Volvo, BMW e Mercedes-Benz, todos com preços acima dos R$ 200 mil. Daí a Renault ter decidido pela importação do Mégane Coupé Cabriolet. Disponível desde fevereiro, o cupê-conversível fabricado na França não é um carro de vendas, principalmente em tempos de instabilidade cambial e financeira, que desaconselha maiores extravagâncias. Em oito meses, foram emplacadas apenas 84 unidades do modelo. Seu preço beira os R$ 125 mil e, embora não seja baixo, é competitivo em um segmento pouquíssimo habitado. Mas sua função aqui é mais chamar a atenção nas vitrines das concessionárias em grandes centros do país.

Fotos: Luiza Dantas/Carta Z Notícia

Visual do cupê-conversível francês passou por ligeira atualização em 2006 e está levemente mais agressivo em relação ao sedã vendido no Brasil

Disponível apenas na configuração Dynamique, o Mégane CC é hoje o cupê-conversível mais em conta no país. Os R$ 124.890 pedidos no modelo estão bem abaixo dos R$ 145.600 cobrados pelo arqui-rival -- e único concorrente fora das marcas de luxo -- Peugeot 307 Coupé Cabriolet, com modestas 48 unidades vendidas até setembro (veja a avaliação aqui). Claro que há pequenos detalhes que podem fazer a diferença. O 307 CC, por exemplo, traz revestimento em couro por todo o interior -- painel, bancos, manopla do câmbio e volante. Já no Mégane CC, embora bancos, manopla do câmbio e volante também sejam em couro, o painel é feito em plástico e materiais emborrachados. Em compensação, o conversivel da Renault traz o teto rígido retrátil todo de vidro, uma solução incomum entre os cupês-conversíveis médios.

É nesse bem bolado teto envidraçado que está boa parte do charme do Mégane CC. Um pequeno botão posicionado abaixo do apoio de braço central aciona a abertura da capota de vidro, que leva 22 segundos até se "esconder" por completo no porta-malas. Nesta posição, há uma redução considerável do espaço no bagageiro: os 490 litros da configuração cupê encolhem para módicos 190 litros de capacidade. Mas esse é um detalhe quase irrelevante num cupê-conversível. Também chama a atenção a moderna chave do tipo cartão eletrônico -- a mesma do Mégane brasileiro. Basta inseri-la no encaixe posicionado na base do console central e apertar o botão start/stop para ligar o motor.
 

CUPÊ EM TETO DE VIDRO
VEJA MAIS FOTOS DO MÉGANE CC

A chave, porém, é apenas um dos elementos em comum entre o Mégane CC e o sedã médio nacional da Renault. Por fora, o desenho frontal dos dois modelos é quase igual. A diferença é que o cupê-conversível francês já passou por uma ligeira atualização visual em 2006 -- mesmo ano em que a montadora lançou a segunda geração do Mégane no Brasil. No coupé cabriolet, os faróis e a grade aparecem um pouco mais inclinados na diagonal, deixando o visual levemente mais agressivo. Já o pára-choques dianteiro tem uma tomada de ar mais larga e alta, com a base arqueada.

Sob o capô, o Mégane CC também se equivale ao sedã brasileiro. O modelo francês é empurrado pela unidade de força 2.0 litros, com quatro cilindros, 16 válvulas e comando de válvulas variável -- módulo que controla o tempo de abertura e fechamento das válvulas, para aumentar a eficiência da explosão da gasolina nos cilindros. Acoplado ao câmbio automático seqüencial ProActive de quatro marchas, o propulsor produz 138 cv de potência aos 5.500 rpm e um torque máximo de 19,1 kgfm aos 3.750 giros.
 

ACELERADAS
- A Renault anunciou a importação do Mégane CC em novembro de 2007. Na ocasião, a montadora também confirmou a importação da minivan média Mégane Grand Scénic, uma geração à frente da Scénic nacional.
- Na apresentação do Mégane CC, a Renault estimou vender 240 unidades do cupê-conversível em um ano, ou 20 por mês. O volume é bem maior que as 84 unidades emplacadas desde fevereiro, quando começaram as vendas, até setembro.
- Na França, o Mégane CC tem opção de motores a diesel. São eles: um 1.5 8V de 105 cv de potência, um 1.8 8V de 130 cv e um 2.0 16V de 150 cv -- todos com injeção direta common-rail e sobrealimentados por turbocompressor.
- Além da versão intermediária Dynamique, o Mégane CC tem na França as versões básica Extrême, intermediária superior Exception e a topo de linha Privilège, que vem equipada com o mesmo motor 2.0 16V, só que turbinado, com 165 cv de potência e 27,5 kgfm de torque máximo.
- No Brasil, acima do Mégane CC e do arqui-rival Peugeot 307 CC, estão os cupês-conversíveis de luxo Audi TT, Volvo C70, BMW Z4 e Mercedes-Benz SLK, todos com preços além dos
R$ 200 mil.

É na lista de série, porém, que o Mégane CC tenta "justificar" os R$ 124.890. Bem equipado, o modelo não tem opcionais e traz de fábrica direção elétrica com assistência variável -- que enrijece a direção é medida que o carro acelera --, ar-condicionado automático digital, computador de bordo, controle de cruzeiro com limitador de velocidade, rodas de liga leve de 16 polegadas, sensores de luminosidade, de chuva e de obstáculos traseiro, trio elétrico, rádio/CD/MP3 com disqueteira para seis CDs, faróis e lanternas de neblina, entre outros.

Na parte de segurança, estão disponíveis ainda airbags frontais, laterais e antideslizantes e freios com ABS, EBD e assistente de emergência AFU. E o cupê-conversível francês traz mais alguns pequenos "luxos", como ajuste de altura dos bancos e de altura e profundidade do volante, porta-luvas refrigerado, maçanetas das portas em cromado acetinado e acionamento elétrico da tampa da mala no cartão. Mas o grande charme é mesmo a capota rígida escamoteável de vidro. Sem ela, o Mégane CC seria "apenas" mais um conversível. E não seduziria seu público-alvo -- quem conseguiu escapar mais ou menos ileso aos solavancos cambiais e financeiros dos tempos atuais.

IMPRESSÕES AO DIRIGIR
O Mégane CC leva ao pé-da-letra o significado da expressão "carro de passeio". Apesar de ser um cupê 2+2 e, portanto, não levar os eventuais passageiros adultos no banco de trás com um mínimo de conforto, o conversível francês trata seus ocupantes com bastante fineza. O motorista tem os comandos em geral bem posicionados, ajuste de altura e profundidade do banco e do volante, além de itens sempre bem-vindos, como ar-condicionado automático digital, rádio/CD/MP3 com disqueteira e de sensores de chuva, luminosidade e obstáculos traseiro.

Por dentro, bancos, volante e manopla do câmbio são revestidos em couro e o acabamento é agradável e bem-feito -- embora o painel seja um tanto básico, predominantemente coberto de plástico e materiais emborrachados. É aí que pesam outros detalhes que tornam o Mégane CC um carro peculiar. Além do design elegante e atual, destacam-se o teto rígido retrátil todo de vidro, que se fecha no porta-malas em 22 segundos, e a chave do tipo cartão, com acionamento do motor no botão start/stop no console.

 

FICHA TÉCNICA
Renault Mégane Coupé Cabriolet Dynamique
2.0 16V Automático
Motor: A gasolina, dianteiro, transversal, 1.998 cc, com quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro e comando de válvulas variável no cabeçote. Acelerador eletrônico, injeção eletrônica multiponto seqüencial.
Transmissão: Câmbio automático seqüencial de quatro marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira. Não oferece controle eletrônico de tração.
Potência: 138 cv a 5.500 rpm.
Torque: 19,1 kgfm a 3.750 rpm.
Diâmetro e curso: 82,7 mm x 93 mm.
Taxa de compressão: 9.8:1.
Suspensão:
Dianteira: independente do tipo 'pseudo' McPherson, com braço inferior retangular, molas helicoidais, amortecedores hidráulicos e barra estabilizadora.
Traseira: independente com pontos de fixação exteriores e deformação programada, molas helicoidais e amortecedores hidráulicos. Não oferece controle eletrônico de estabilidade de série.
Freios: Dianteiros a discos ventilados e traseiros a discos sólidos. Traz de série ABS com distribuidor eletrônico de frenagem EBD e assistente de urgência AFU.
Carroceria: Cupê-conversível em monobloco com duas portas e quatro lugares. Medidas: 4,35 metros de comprimento, 1,77 m de largura, 1,40 m de altura e 2,52 m de entre-eixos. Oferece de série airbags frontais de duplo estágio, laterais e airbags antideslizamento nos bancos dianteiros.
Peso: 1.410 kg.
Porta-malas: 490 litros/190 litros com a capota escamoteada.
Tanque: 60 litros.

Ou seja, apesar de não ser tão glamouroso quanto sugerem seus R$ 124.890 de preço ao consumidor, o Mégane CC é razoavelmente sofisticado. O motor 2.0 com quatro cilindros em linha e 16 válvulas não oferece um desempenho esportivo, mas agrada sobretudo com boas arrancadas e retomadas. O zero a 100 km/h é feito em 11,3 segundos e a recuperação de 60 km/h a 100 km/h se dá em bons 8 segundos com o câmbio em "drive".

A aceleração só não é mais forte porque o câmbio automático seqüencial de quatro marchas tem um buraco entre a segunda e terceira marchas, que faz os giros caírem demasiadamente. Assim, o motor demora a encher de novo até despejar os 19,1 kgfm de torque, disponíveis aos 3.750 rpm. Em compensação, no dia-a-dia o motor responde bem, principalmente nos trechos urbanos, onde o cupê francês é bem esperto.

Outro aspecto elogiável é a suspensão. Embora seja muito rígido para as ruas brasileiras, o conjunto mantém o carro firme em retas, durante frenagens e nas curvas mais fechadas. O único porém é a direção elétrica, que, apesar de manter preciso o contato entre as rodas e o volante e facilitar nas manobras, não enrijece tanto em velocidades mais elevadas e, por conseqüência, uma incômoda folga é sentida pelo motorista.

Mas mais importante que o arrojo no conversível é o charme e o conforto. O Mégane CC traz de série airbags frontais, laterais e antideslizamento e freios com ABS, distribuidor de frenagem EBD e assistente de emergência AFU. Já na parte de comodidade, além do ar digital, do sistema de som e dos sensores de luminosidade, chuva e obstáculos, vêm instalados trio elétrico, computador de bordo, controle de cruzeiro com limitador de velocidade, faróis de neblina, rodas de liga leve aro 16, porta-luvas refrigerado, entre outros.

Um pacote generoso, mas que não chegaria a justificar plenamente o preço de R$ 124.890. Esta função fica com o teto rígido escamoteável de vidro. Quando rebatido, costuma "parar o trânsito" nas ruas brasileiras, lamentavelmente desacostumadas com os conversíveis.
(por Diogo de Oliveira)
 

DE ZERO A 100 PONTOS, O RENAULT MÉGANE COUPÉ CABRIOLET DYNAMIQUE 2.0 16V AT
Desempenho - Apesar de ser um cupê-conversível, configuração que costuma esbanjar arrojo e esportividade, o Mégane CC não é um carro que causa fortes emoções dinâmicas. Seu apelo está muito mais na capota retrátil que no trem de força. Acoplado ao câmbio automático seqüencial de quatro marchas ProActive, o propulsor 2.0 16V produz apenas boas acelerações e retomadas. O zero a 100 km/h é cumprido em 11,3 segundos, enquanto a recuperação do fôlego de 60 km/h a 100 km/h se dá em interessantes 8 segundos com o câmbio em "drive". A máxima é de 200 km/h, mas é difícil chegar nela. Há um "buraco" entre a segunda e a terceira marchas que faz levar um tempo até subir os giros e encher o motor. Nota 7.
Estabilidade - A suspensão mais rígida do Mégane CC proporciona uma performance boa em curvas e retas. A carroceria torce pouco e o cupê-conversível não ameaça desgrudar as rodas do chão mesmo em manobras mais intensas. A comunicação entre rodas e volante também tem a necessária precisão. Só a direção elétrica destoa um pouco. Em velocidades elevadas, o sistema de assistência variável enrijece pouco a direção e o volante transmite muita sensibilidade nos movimentos bruscos. Nota 7.
Interatividade - O Mégane CC é um carro amistoso. Os diversos botões ficam bem posicionados e têm acesso fácil. As únicas exceções são os comandos de abertura das portas e do pisca-alerta, que ficam à frente da manopla do câmbio, na base do console central. Para o motorista, há ajustes de altura e profundidade do banco e da coluna de direção, que permitem encontrar uma ergonomia satisfatória, além de um bom campo de visão. As regulagens por alavancas na base frontal dos bancos não são lá muito confortáveis, é verdade. Mas o câmbio tem engates macios e precisos, assim como a direção elétrica, que permite uma manobrabilidade leve e prazerosa. E o computador de bordo reúne informações interessantes, como consumo médio. Nota 8.
Consumo - A média registrada num percurso com 2/3 de cidade e um 1/3 de estrada foi de 6,5 km/l, menos que a metade dos 13,5 km/l de média informados pela Renault. Nota 6.
Conforto - A suspensão mais rígida, ajustada para as ruas européias bem pavimentadas, mostra descompasso com as ruas brasileiras sempre cheias de buracos. O Mégane CC quica bastante e transmite muita vibração para o interior do habitáculo. Além disso, o espaço interno não é tão generoso. Como se trata de um cupê 2+2, há conforto somente para os passageiros da frente. O banco traseiro é estreito e acomoda bem apenas crianças -- adultos vão espremidos nas pernas e na cabeça, pelo teto. Já o isolamento acústico filtra bem os ruídos, mas não abafa o ronco do motor após os 3.500 rpm. Nota 7.
Tecnologia - O Mégane CC é um carro moderno. Embora a nova geração da linha Mégane tenha sido apresentada recentemente no Salão de Paris, o cupê-conversível possui uma plataforma recente e um conjunto mecânico interessante. O motor 2.0 16V, por exemplo, tem um comando de válvulas variável, que controla eletronicamente o tempo de abertura e fechamento das válvulas dos quatro cilindros em linha, aumentando a eficiência da queima do combustível. Outro aspecto positivo é a lista de equipamentos. O modelo francês traz de série seis airbags -- duplos frontais, laterais e antidelizantes nos bancos dianteiros --, freios com ABS, distribuidor de frenagem EBD e assistente de emergência AFU, além de itens de comodidade, como ar-condicionado automático digital, direção elétrica com assistência variável e sensores de luminosidade, chuva e de obstáculos traseiro. Nota 8.
Habitabilidade - Como todo cupê, o Mégane CC tem pequenos desconfortos no convívio diário, como o acesso aos bancos traseiros e a perda de espaço no porta-malas com a capota arriada -- cai de 490 litros para 190 litros de capacidade. Mas num cupê-conversível, esses são detalhes de menor importância. De positivo, há uma vasta quantidade de porta-objetos. Há dois, inclusive, muito inteligentes, embutidos nos apoios de braço das portas. Nota 7.
Acabamento - O Mégane CC decepciona um pouco neste quesito. Há muito plástico para um carro que custa R$ 124.890. Mas é preciso reconhecer que as peças em geral se encaixam com precisão e têm texturas agradáveis aos olhos e ao toque. E não há sinais de rebarbas. Nota 7.
Design - O cupê-conversível francês tem linhas não muito ousadas. Mas o visual do Mégane CC agrada, principalmente pela silhueta mais esportiva da configuração com o teto rígido retrátil de vidro. Nota 8.
Custo/Benefício - É o principal atrativo do Mégane CC. Vendido por R$ 124.890, o modelo francês não é um carro barato, mas é bem mais em conta que seu único adversário efetivo, o Peugeot 307 Coupé Cabriolet, que custa R$ 145.600. Só que o cupê-conversível da Renault oferece quase o mesmo conteúdo do rival e tem ainda detalhes próprios, como o teto rígido retrátil todo de vidro. Nota 8.
Total - O Renault Mégane CC somou 73 pontos em 100 possíveis. NOTA FINAL: 7,3.