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Passion chega para 'vingar' a família Peugeot 207

Claudio de Souza<br>Eugênio Augusto Brito

Do UOL, em São Paulo (SP)

21/11/2008 16h37

A Peugeot foi muito criticada na mídia automotiva este ano por ter lançado um carro, o 207, que seria uma mera reestilização de outro modelo, o 206, e ainda por cima usaria o nome (ou, no caso, o número) de um carro europeu diferente dele e realmente inédito no Brasil. Críticas às quais UOL Carros não fez coro. O que foi criticado aqui, e duramente, foi a transmissão automática Tiptronic usada na nova gama, testada num 207 SW. E agora chegou a vez de julgar o sedã, o recém-chegado 207 Passion.
 

Foto: Eugênio Augusto Brito/UOL

No competitivo segmento dos sedãs, 207 Passion briga diretamente com o Polo três-volumes; ainda assim, não é errado colocá-lo em comparação também com Voyage, Siena, Logan e Fiesta sedã

O carro chega às lojas cerca de três meses depois dos 207 hatchback e station, e um mês antes da versão aventureira da perua, a Escapade. Recoloca a Peugeot na briga num segmento, o dos três-volumes compactos, abandonado desde o fim da gama 306. Não que a marca francesa seja uma especialista nesse tipo de carroceria -- mas trata-se de um segmento tão fervilhante que seria mau negócio ficar fora dele.
 

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Eugênio Augusto Brito/UOL
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O que a Peugeot oferece com o Passion é um carro 100% novo. Até a terceira coluna, ele é igual ao 207 hatch. Obviamente, a plataforma é a mesma para 206, 207 e 207 Passion -- mas, como a principal crítica era a repetição da traseira do 206 no 207, nesse caso ela perde sentido, porque trata-se de um sedã, cujo volume do porta-malas não existe nos demais carros citados. O Passion acaba funcionando como um cala-boca da Peugeot aos queixosos.

O porta-malas do Passion segue a tendência dos sedãs compactos e é bem corpulento. Sua silhueta da traseira termina quase numa linha reta, inclinada em ângulo agudo, e se encontra com um assoalho que praticamente não ascende, mantendo-se paralelo ao solo. Ou seja, o terceiro volume é grande e dá personalidade forte ao Passion -- mas, em saídas de valetas e declives, corre-se o risco de desagradáveis raspadas. Uma barra cromada com o nome da marca francesa -- para agregar (impressão de) luxo -- e lanternas iguais às do hatch, inclusive as de neblina, nas pontas do pára-choques, completam o conjunto.

Isso é pelo lado de fora. Por dentro, o porta-malas leva 420 litros de bagagem. Ganha apenas do Chevrolet Classic, de 390 litros. Apanha de Chevroelt Corsa Sedan e Volkswagen Polo Sedan (432 cada), Chevrolet Prisma (439), Ford Fiesta Sedan (478), Volkswagen Voyage (480), Fiat Siena (500) e os Renault Logan e Clio Sedan (510 cada).
 

TODOS OS PREÇOS
207 Passion XR (1.4) - R$ 40.990
207 Passion XR S (1.4) - R$ 42.790
207 Passion XS (1.6) - R$ 46.500
207 Passion XS Auto (1.6) - R$ 50.500

UOL Carros pôde testar um Passion 207 na configuração XS, com motor 1.6 flexível de 113/110 cavalos (álcool/gasolina), o mesmo do 207 hatch e do Citroën C3. Ele começa em R$ 46.500. Há também versões com motor 1.4. Os demais preços estão em tabela nesta página.

Em conversas informais na Peugeot e com colegas, registrou-se o dilema de situar esse sedã em relação a seus rivais. Pelo preço, nível de equipamentos (ar-condicionado e direção hidráulica de série, rodas de aro 15 etc.) e pela capacidade do motor, o mais correto é colocá-lo no time dos premium, no qual só existe hoje o Polo Sedan. Mas não é errado compará-lo a outro carro da Volks, o redivivo Voyage, desde que dotado de alguns opcionais. E aí entram na briga também, principalmente, Siena, Logan e Fiesta três-volumes.
 

DADOS TÉCNICOS E CONTEÚDO

Motor 1.6 bicombustível do 207 Passion promete levá-lo à máxima de 195 km/h
FICHAS E EQUIPAMENTOS DA GAMA 207

Rodar com o Passion foi um prazer. Abastecido com álcool, o motor 1.6 mostrou-se bem esperto. A velocidade cresce com naturalidade e, em situação de cruzeiro, na faixa dos 120 km/h, o carro está bem na mão, sem oscilações da carroceria e com nível ruído bem aceitável. Um pouco acima disso, pode surgir uma incômoda folga no volante, que deixa a condução ligeiramente imprecisa -- e mais cansativa. A suspensão, que já havia ficado perceptivelmente mais eficiente no 207 hatch, manteve o bom trabalho no sedã.

Num percurso de estrada de cerca de 700 km, o 207 se mostrou versátil, tanto para uma viagem mais tranqüila, quanto para as horas em que teve de ser provocado e ficar valente para uma tocada mais agressiva, o que é útil em ultrapassagens -- por exemplo, quando se quer evitar ficar atrás de caminhões em trechos de subida.

Segundo a Peugeot, o Passion pode chegar a 195 km/h, e partir da imobilidade aos 100 km/h em 9,8 segundos. São números nervosos para um carro "civil", e que casam bem com a proposta de esportividade do pomo do câmbio e da pedaleira, ambos em metal. Pena que as rodas de liga leve, de aro 15 (o mínimo aceitável num carro premium) sejam tão feias... Um desenho mais clean, com menos raios, teria dado mais agressividade ao Passion.

O torque de 15,5/14,2 kgfm (álcool/gasolina) aparece aos 4.000 giros, o que significa, entre outras coisas, uma boa performance nas retomadas. Reduzir para terceira marcha geralmente é mais do que suficiente. Pena que o câmbio tenha curso longo demais, e que a alavanca seja mal-posicionada, obrigando o motorista a estender demais o braço: engates mais secos e curtos agregariam ainda mais diversão à condução do Passion. Nesse aspecto, Voyage e Polo (que compartilham entre si a transmissão) dão um baile no carro da Peugeot.
 

Foto: Eugênio Augusto Brito/UOL

Terceiro volume é grande e dá personalidade forte ao 207 Passion

Aliás, há uma ressalva geral a ser feita à ergonomia do 207 Passion. A regulagem de altura do banco do motorista é medíocre. Um motorista com menos de 1,65 metro pouco se beneficiará dela. E os mais altos têm de esticar demais o braço nas trocas de marcha, como dito acima. Já o pé direito bate freqüentemente numa peça preta que fica à direita do acelerador. Leva-se também algum tempo para que se possa confiar na visibilidade proporcionada pelos espelhos retrovisores, que deveriam ser maiores. E os comandos elétricos dos vidros dianteiros e dos retrovisores estão no túnel central, perto do alavanca do freio de mão. Ao menos os bancos têm abas laterais, que seguram bem o corpo nas curvas.

Quanto ao consumo, o 207 Passion não foge à regra dos carros com motor flex. Dirigido por seres humanos comuns, em situações reais, bebe bastante álcool: fez 9 km/l na estrada e 7,6 km/l na cidade. O que não chega a empanar o brilho de um dos carros mais interessantes de 2008.


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