Topo

Captiva AWD tem motor e câmbio perfeitos, mas bebe demais

Claudio de Souza

Do UOL, em São Paulo (SP)

26/11/2008 12h01

O Chevrolet Captiva Sport, crossover médio (4,57 metros) importado do México, é um sucesso de vendas. Em menos de três meses no mercado já vendeu cerca de 3.000 unidades, resultado abaixo da meta de 1.500 carros por mês que a General Motors anunciou no lançamento, em agosto, mas muito bom em termos realistas -- já que se trata de um produto de mais de R$ 90 mil, num segmento cheio de opções. Por isso já há fila de espera e ágio para adquirir um Captiva. E a versão com tração integral (AWD), cujo preço sugerido é de R$ 99.990, pode demorar mais de três meses para ser entregue.


O Chevrolet Captiva AWD tem belo design; não há diferença em relação ao 4x2

No lançamento, organizado pela GM e realizado no México, UOL Carros dirigiu um Captiva FWD, ou 4x2, no modelo destinado ao mercado local. Agora foi possível experimentar um AWD já "abrasileirado", ano/modelo 2008/2008.

Por fora, o Captiva é um show de design. Por ser "arredondado", passa simpatia; devido ao conjunto óptico recortado, às belíssimas rodas de liga-leve de 17 polegadas e às duas saídas de escapamento, ganha agressividade. Dependendo da cor, fica mais, ou menos, "bravo". Um Captiva preto, por exemplo, é brigador. Um prata, como o experimentado por UOL Carros, é mais pacífico.


A traseira do Captiva traz a "assinatura" do motor em V, com a saída dupla de escape

No comportamento de rodagem, a mudança mais perceptível em relação ao carro mexicano (embora não anunciada pela GM) foi o acerto mais firme na suspensão. O carro "gringo" é muito macio, porque privilegia o conforto dos ocupantes e, de modo geral, enfrenta pisos melhores do que os nossos. O efeito colateral disso era uma desagradável oscilação da carroceria a partir de certa velocidade -- a limitação eletrônica da máxima em 160 km/h deixa claro que a GM conhece bem o comportamento do Captiva. Para nosso mercado, a "ginga" excessiva do carro foi resolvida, mas o corte do acelerador aos 160 km/h permaneceu para a primeira leva. Para as unidades ano/modelo 2008/2009, a GM informa ter elevado o limite eletrônico para os 180 km/h e adicionado computador de bordo ao painel de instrumentos com indicações de temperatura, bússola, consumo médio, autonomia e vida útil do óleo do motor, item até então ausente.
 

O trem de força do Captiva é composto por um motor Alloytec 3.6 V6 a gasolina, de 24 válvulas, com partes em alumínio, capaz de gerar 261 cavalos de potência e 32,95 kgfm de torque (a 2.100 rpm), e pela transmissão automática Hydramatic de seis velocidades, com opção de troca manual. Trata-se de um dos conjuntos mais vigorosos e harmoniosos testados por UOL Carros em muito, muito tempo.

O V6 que move o Captiva (e também o Chevrolet Omega) esbanja força. Ele proporciona arrancadas e retomadas capazes de grudar o motorista no banco, como se um poderoso turbo tivesse sido acionado subitamente. É impressionante. As seis velocidades da transmissão proporcionam trocas suaves e "inteligentes", sem buracos ou trancos. O segredo desse câmbio é a força da terceira (principalmente) e quarta marchas. São elas que aparecem em praticamente todas as retomadas, enquanto nos câmbios de quatro ou cinco velocidades é a segunda marcha que costuma ser acionada -- resultando numa condução mais tensa.

O Captiva voa baixo. A velocidade máxima (extra-oficial) do Omega com o mesmo motor é estimada em 235 km/h. Como a diferença de peso é mínima, e descontando a aerodinâmica menos eficiente, dá para imaginar o crossover chegando a 220 km/h facilmente. Mas o limitador não deixa. Sorte dos outros motoristas e da segurança geral no trânsito...
 

  • Veja a ficha técnica completa do Captiva Sport

    A tração integral, aliada ao sistema de controle eletrônico de estabilidade (ESP), servem principalmente para dar mais tranqüilidade aos motoristas em situações de chuva e vias sinuosas. Mesmo que ajudem em pisos mais desafiadores, como estradas de terra, não mudam algumas características totalmente on-road do Captiva -- por exemplo, seu escasso ângulo de ataque de 18,2 graus. Como comparação, um Nissan X-Trail tem quase 29 graus.

    GOSTOSO, MAS BEBERRÃO
    Quanto à habitabilidade do Captiva, há poucos reparos a fazer. O interior é agradável, ergonômico e extremamente acolhedor para quatro pessoas -- cinco viajam bem, mas não tão bem quanto quatro... A sensação geral, no entanto, não é de luxo, nem mesmo com o revestimento em couro claro, que aliás suja muito facilmente -- estava simplesmente imundo, como mostra foto nesta página. O ajuste da coluna de direção é feito apenas no sentido vertical, mas o banco do motorista dispõe de comandos elétricos para seu posicionamento. Com 1,70 de altura, o Captiva oferece um ponto H (altura dos quadris em relação à carroceria) relativamente elevado, o que vai agradar principalmente às mulheres. Há também aquecimento dos bancos dianteiros. O ar-condicionado, no entanto, é analógico. No geral, é o carro mais bem-acabado da Chevrolet à venda no Brasil, com exceção do Omega.

    DETALHES DO CHEVROLET CAPTIVA SPORT
    Fotos nesta página: Cláudio de Souza/UOL

    O banco em couro claro pode ser bonito, mas suja com facilidade e pede cuidados constantes

    Motor do Captiva avisa da presença de um V6 sob o capô, o que se traduz em desempenho esportivo e consumo alto; painel de instrumentos da versão 2008/08 tem iluminação amarela, e se ressente da falta de um computador de bordo, só adicionado à linha 2009; rodas de liga-leve de 17 polegadas que equipam o crossover têm cinco raios e aspecto cromado

    Volante tem comandos do rádio e do cruise control, e câmbio de seis marchas possui opção de trocas manuais; impressão geral da cabine do Captiva é de conforto, mas não de luxo


    A principal restrição ao Captiva é seu consumo de combustível. UOL Carros gastou um tanque inteiro, de 61 litros de gasolina, para percorrer meros 238 km, cerca de 80% na cidade e 20% em estrada. São aterradores 4 km/l de média. De sua parte, a GM anuncia 7,6 km/l na cidade e 12,2 km/l na estrada, mas é improvável que um motorista comum atinja esses números. O alto consumo do Captiva foi notado por colegas de outros sites, que também o dirigiram em condições reais. E o teste da Auto Press para o Chevrolet Omega com o mesmo motor apontou média de 5,9 km/l, com 2/3 de uso na cidade e o restante na estrada.

    Ou seja, se você quer um Captiva, prepare o seu bolso não só para o ágio na compra, mas também para virar sócio de um posto de gasolina.