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Estreante, Ferrari California mostra a que veio

Da AutoPress

Especial para o UOL

21/12/2008 12h00

 

Divulgação 
 


A Ferrari passa por mudanças. E a nova California prova isso. Para identificar sua mais recente criação, a marca recorreu a um nome já utilizado no 250 California, de 1957. Mas, de fato, as coincidências terminam por aí. E a própria Ferrari sublinha que o novo modelo não é a interpretação do passado -- a marca quer inovar e adotar postura única, combinando características do GranTurismo com as de um puro esportivo. Sobretudo no comportamento.

É no teto retrátil e removível eletronicamente -- que se esconde em apenas 14 segundos -- que reside um dos principais pontos de interesse da California. Mas este não é o único. A mala, com 340 litros na configuração cupê, perde apenas 100 litros quando a capota está abaixada. Face a face com o esportivo italiano, poucos ficarão indiferentes ao seu apelo estético. As linhas exteriores, de autoria do estúdio Pininfarina, são cativantes na configuração cupê, e praticamente irresistíveis na variante cabriolet. A tomada de ar dianteira e as grades laterais evocam a 250 California. Todas as luzes são em LEDs, com exceção dos faróis de xênon. No habitáculo, o espaço para os passageiros é farto. Como equipamentos de série, ar-condicionado de duas zonas, direção hidráulica, tela de LCD de 6,5 polegadas com rádio/CD/MP3, além de navegador GPS e sistema Bluetooth para telefonia. Outra novidade é o quadro de instrumentos, dominado pelo enorme conta-giros, colocado ao centro.

No plano tecnológico, atrações não faltam. Além de ser o primeiro GT da Ferrari com motor V8 central dianteiro, o esportivo chega ainda com injeção direta de gasolina da marca Maranello, câmbio automatizado de sete velocidades com dupla embreagem e programação de controle de estabilidade nomeado F1-Trac. A suspensão fica por conta do sistema tipo Multilink e o veículo ainda conta com freio de estacionamento elétrico com sistema de controle de subida em ladeira. Os amortecedores de controle eletrônico magnético SCM -- herdados da 599 GTB Fiorano -- estão disponíveis, como opção, por cerca de 3 mil euros (aproximadamente R$ 9.630). É possível que essas funções sejam, daqui para a frente, aplicadas na maioria dos novos modelos da Ferrari.
 

ACELERADAS
- A California é o primeiro GT da Ferrari com motor central dianteiro, que fica atrás do eixo dianteiro.
- A capota removível é construída integralmente em alumínio e pesa 5 kg a menos que a capota de lona da
F430 Spider.
- A partir de 2009, a marca italiana promete oferecer como opcional um câmbio manual de seis velocidades.

Um comando integrado no volante, o manetino, permite alterar o modo de atuação do câmbio automático, do controle de estabilidade e da suspensão SCM. Na California, o condutor pode optar por três modos. No modo Comfort, o câmbio automático troca de velocidade em rotação mediana e reduz para uma marcha que garante uma resposta rápida na reaceleração. Ao mesmo tempo, a suspensão adota um modo menos firme e o controle de estabilidade funciona de modo convencional, atuando sobre motor e freios logo que detecta flutuação. No modo Sport, a marcha seleciona a velocidade mais curta possível nas reduções e o controle de estabilidade passa a adotar a programação F1-Trac, em que o condutor usufrui o máximo de derrapagem possível antes do sistema atuar para repor o veículo na trajetória. Já no modo CST Off, os sistemas eletrônicos de auxílio à condução são todos desativados, exceto o ABS e o EBD.

Produzido na conceituada fábrica de Maranello, a California GT coloca-se abaixo da 612 Scaglietti e é capaz de gerar potentes 460 cv a 7.750 rpm. O propulsor do modelo, aliás, foi planejado para aliar potência à economia -- reduzindo consumo e emissões sem comprometer o rendimento. Isso foi possível graças a um sistema de distribuição variável, que resulta em emissões de CO2 de 305,6 g/km, já respeitando as normas Euro V.
 

Foto: Divulgação

CONTROLE: No painel, display digital e grande conta-giros; no volante, botão de partida e manetino

Na Europa, todas as unidades programadas para a venda já estão compradas até 2010. Sendo assim, um interessado pode ter uma California em sua garagem somente em 2011 -- isso, se a encomenda for feita ainda este ano. O preço sugerido é de 215 mil euros (cerca de R$ 690 mil). Fora da realidade, mas isso não torna o superesportivo menos desejável.
 

FICHA TÉCNICA
Ferrari California V8 4.3
Motor: A gasolina, central-dianteiro, 4.297 cm³, oito cilindros em "V" e quatro válvulas por cilindro. Acelerador eletrônico e injeção eletrônica multiponto seqüencial.
Transmissão: Câmbio automatizado de sete velocidades à frente e
uma à ré. Tração traseira.
Potência: 460 cv a 7.750 rpm.
Torque: 49,4 kgfm a 5 mil rpm.
Diâmetro e curso: 94,0 mm x 77,3 mm.
Taxa de compressão: 12,20:1.
Suspensão: Dianteira independente com braços duplos sobrepostos.
Traseira independente com braços múltiplos.
Freios: Discos de cerâmica-carbono na frente e atrás.
ABS, EBD e assistente de emergência.
Carroceria: Cupê-cabriolet com duas portas e quatro lugares.
Dimensões: 4,56 m de comprimento, 1,90 m de largura, 1,30 m de altura
e 2,67 m de entre-eixos.
Peso: 1.630 kg.
Porta-malas: 340 litros com
a capota rígida e 240 litros
com a capota recolhida.
Tanque: 78 litros.
Preço: Cerca de R$ 690 mil (215 mil euros).

Com estrutura do chassi em alumínio e freios a disco de cerâmica-carbono de série, o peso da California chega a 1.630 kg, ou seja, mais 280 kg que o F430. Ainda assim, a relação peso/potência é estimulante: 3,25 kg/cv, o que só poderia traduzir-se em alta velocidade. O propulsor consegue alcançar 310 km/h e fazer de zero a 100km/h em menos de 4 segundos. O consumo de 7,7 km/l e as baixas emissões de CO2 são outros dados que reforçam ainda mais as evidências de que o modelo será a nova coqueluche da Ferrari.

PRIMEIRAS IMPRESSÕES
No clima ameno da Sicília, a oportunidade ideal de circular com a Ferrari California com a capota rígida aberta. Com a chave na ignição e o botão "Engine Start" pressionado, o motor V8 acorda com uma sonoridade grave e poderosa. Logo de início, o propulsor já mostra ótima disposição, com seus 460 cv de potência e torque de 49,4 kgfm a 5 mil rpm. Mas a 2.250 rpm, já é possível alcançar 75% deste valor. A medida que a rotação avança, a sonoridade do motor torna-se proporcionalmente mais emocionante. Com o célebre manetino na opção Sport, a suspensão se torna mais firme, o controle de estabilidade mais permissivo e as trocas de marchas ficam mais rápidas. A dupla embreagem garante arranques suaves e trocas de marcha quase imperceptíveis.

Na estrada, o modelo alcança os 290 km/h com facilidade. Depois disso, a progressão é naturalmente lenta. O limite fica por conta dos já anunciados 310 km/h. Nas arrancadas, o esportivo esmaga os ocupantes contra os bancos e ganha velocidade furiosamente. De zero a 100 km/h, são apenas 4 segundos. Nos quesitos conforto e tecnologia, o cupê-cabriolet também impressiona. No interior, bancos elétricos de série avançam automaticamente para facilitar o acesso à parte traseira. O painel de instrumentos é dominado pelo enorme conta-giros ao centro. Estão disponíveis ar-condicionado digital de dupla zona, volante com hastes do câmbio e comando de rádio integrados e LCD de 6,5 polegadas, com tecnologia touch screen, 30 GB de memória, sistema de navegação GPS, DVD, Bluetooth, câmara de estacionamento traseira e entradas USB e para iPod. Mesmo não sendo uma das mais esportivas, nem a mais potente Ferrari, a California é um dos modelos mais versáteis, eficazes e convincentes da marca italiana.
(por António de Sousa Pereira, da AutoMotor Portugal, exclusivo para a Auto Press)