Com a Citroën, Picasso é o que não falta: C4 é o 3º da gama (foto: Murilo Góes/UOL)
Atualizada às 23h58
O Citroën C4 Picasso, apresentado no Brasil durante o Salão de São Paulo 2008, e lançado oficialmente nesta semana, foi experimentado por UOL Carros, a convite da marca, num itinerário de cerca de 200 km pelo interior de São Paulo -- pequena parte em áreas urbanas, o restante em estradas como Bandeirantes, Anhanguera e Dom Pedro. A terceira minivan da marca francesa custa R$ 80.700, e completa uma gama que conta ainda com a Xsara Picasso ("relegada" à posição de carro de entrada, até por possuir opção de motor 1.6 e ser feita no Brasil) e o Grand C4 Picasso, de sete lugares, lançado no ano passado e vendido a R$ 86.560.
O público-alvo, como não poderia deixar de ser, são as mulheres com família, grandes usuárias de modelos do segmento. A minivan rival é a Renault Grand Scénic (cerca de R$ 82 mil).
Assim como seu irmão mais velho e (ligeiramente) maior, o C4 Picasso aposta na versatilidade e numa quantidade generosa de dispositivos modernosos, típicos dos carros mais caros da Citroën -- entre os quais, o painel digital centralizado e o volante com miolo fixo são os dois mais conspícuos. Um outro aspecto a considerar é o design, mais jovial que o do Grand Picasso, bem mais contemporâneo que o da Xsara -- e que, no caso da traseira, que apresenta lanternas dispostas horizontalmente, aproxima o C4 Picasso do "jeitão" de SUVs compactos e de alguns crossovers.
No quesito versatilidade a bordo, o C4 Picasso conta com itens relevantes para quem o utilizar de acordo com sua função -- transportar um casal e duas ou três crianças/adolescentes (o carro leva cinco adultos com conforto também). O exemplo básico e simples são as mesinhas tipo avião para quem vai atrás (são duas). Há outros mais sofisticados, como a "geladeira", na verdade um compartimento refrigerado pelo ar-condicionado capaz de acondicionar duas garrafas e alguns alimentos de pequeno porte. No meio desses extremos, há um punhado de criativos porta-objetos, espalhados até mesmo pelo painel frontal, e a boa modularidade do porta-malas, que aumenta com o rebatimento de um, dois ou três terços dos bancos traseiros.
Quanto aos equipamentos, soluções e gadgets modernosos, o melhor de todos continua sendo o volante com miolo fixo. A vantagem dele é que os diversos comandos ali instalados, como os do cruise control e do som, não giram junto no esterçamento; a lógica de sua utilização é a mesma das alavancas de seta e do limpador de para-brisa: estão sempre no mesmo lugar.
O C4 Picasso traz ainda um painel digital centralizado de difícil consulta -- é confuso e fica muito longe dos olhos do motorista; o fato de ele não mudar de cor, como no Grand C4 Picasso, é apenas um detalhe a menos (outro item "depenado" é o auxiliar de estacionamento). E o ar-condicionado digital com quatro zonas de ação é um opcional (o único do carro) quase obrigatório, para complementar a percepção de estar a bordo de uma mininave espacial.
VIDRO 'AUTOLIMPANTE'
O para-brisa panorâmico do C4 Picasso é semelhante ao do Grand C4 Picasso, mas no carro menor vem desacompanhado do teto solar para os passageiros de trás. Ele entrega -- segundo a fábrica -- um ângulo de visibilidade 100% maior que o de uma minivan tradicional. Na prática, quem dirige o carro se sente quase num conversível, mas vai tostar ao sol se não tiver cuidado. Para aumentar a proteção, os parassois podem ser deslizados à frente, e depois estendidos. Aí a visibilidade fica normal, e o C4 Picasso perde um pouco do charme.
Murilo Góes/UOL
Para notar nessa foto: a enorme área envidraçada, inclusive nas escotilhas da coluna A (que, a rigor, tem uma bifurcação); o caminho da água no para-brisa com o carro a 100 km/h, dispensando o uso do limpador em chuva média; e a grande distância entre os olhos do motorista e o painel |
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Vale dizer que o efeito mais curioso dessa grande área frontal envidraçada do C4 Picasso foi descoberto por acaso: choveu, e bastante (mas não muito forte), durante quase todo o test-drive. Ao brigar para entender como desativar o sensor de chuva (um dos equipamentos mais irritantes da história do automóvel), UOL Carros acabou desligando os limpadores -- e notou que simplesmente não é preciso acioná-los a partir de uma certa velocidade. A água bate no para-brisa e rapidamente é varrida para trás pelo vento que percorre a carroceria. A 100 km/h, sob uma chuva que obrigava todos os carros que passavam a usar os limpadores, foi possível guiar -- à guisa de experiência -- de modo bastante seguro com eles desligados (atenção: isso não quer dizer que não se deva usar os limpadores sob chuva!).
PONTO FORTE, PONTO FRACO |
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Fotos: Murilo Góes/UOL
O design é um aspecto a ser elogiado no C4 Picasso; lanternas horizontalizadas são mais dinâmicas |
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O motor 2.0 de 143 cavalos não proporciona força suficiente para boas arrancadas e retomadas |
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FICHA TÉCNICA E LISTA DE EQUIPAMENTOS |
Quanto à segurança, o carro possui airbags dianteiros frontais e laterais, de cortina (dianteiro e traseiro) e para o joelho do motorista; freios com ABS (antitravamento) e outros sistemas de auxílio e precisão; controle de estabilidade; e cintos de segurança dianteiros com pré-tensionadores. O banco traseiro conta com três pontos de fixação de cadeiras infantis Isofix.
SOBRA CONFORTO, FALTA FORÇA
A experiência de rodar com o C4 Picasso começa com uma posição de dirigir interessante, com o ponto H alto (os quadris em relação à carroceria) e equivalente ao de um SUV, e prossegue com muito silêncio a bordo -- bom para acompanhar auditivamente o que fazem as crianças no banco de trás (um espelhinho suplementar garante a vigilância visual). O assento, revestido de veludo e com ajustes de altura manuais, é muito mole, o que pode acabar cansando o motorista (que se tensiona mais para ficar firme ao volante). Tudo muito feminino, como se vê.
O C4 Picasso roda macio devido ao trabalho da suspensão, que obviamente privilegia o conforto dos ocupantes, sem a preocupação de deixar o carro "no chão" -- por isso, a partir de 130 km/h o C4 Picasso já dá alguns ligeiros sinais de que a estabilidade diminuiu, e não inspira confiança nem em curvas menos complexas. Mas quem disse que esse é um carro para correr?
MEDIDAS DA MINIVAN |
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Comprimento: 4,47 metros |
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Entre-eixos: 2,73 metros |
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Altura: 1,68 metro |
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Largura: 2,1 metros |
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Peso: 1.511 kg (leva 529 kg de carga) |
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Porta-malas: 490 litros (1.775 l com rebatimento) |
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De fato, não é. Mas o motor 2.0 de 143 cavalos, alimentado apenas com gasolina, poderia oferecer um pouco mais de disposição. Ele não se entende bem com o câmbio automático de quatro velocidades, cuja segunda marcha mostra desânimo até para retomar em aclives suaves. Nas arrancadas também falta força. É preciso pisar sem dó no acelerador para que o C4 Picasso "acorde" e ande. Isso teve um peso importante na média de consumo apenas regular que obtivemos. Rodando 85% em estradas excelentes, e com velocidade média global de 51 km/h, chegamos a 8,6 km/litro. O C4 Picasso pesa 1.511 quilos e pode levar mais 529 quilos -- no nosso test-drive, havia apenas duas pessoas bordo. A Citroën não divulgou a velocidade máxima, mas a estimamos em torno de 175 km/h.
Ao final do test-drive, ficou a impressão de um carro agradável de dirigir, sem grandes pretensões de desempenho, mas com charme para cativar famílias e suas "chefas". Tanto se fala de "carro de tiozão", e o C4 Picasso merece ser chamado de carro de "mãezona". Tem até perfumador de ar com intensidade regulável!
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