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Argentino Symbol, que chega em março, é Clio de roupagem nova

Da AutoPress

Especial para o UOL

14/02/2009 17h02

Atualizada às 13h36 de 17/2

A ideia não chega a ser original. Em vez de produzir um modelo moderno e caro, muda-se por fora um modelo já existente, apresentando-o como novo. No Brasil, essa cartilha já foi adotada recentemente pela Fiat, Volkswagen, Ford, Toyota e Peugeot. Agora chegou a vez da Renault. A marca francesa apresentou na Argentina seu novo sedã compacto, o Symbol. A impressão é que o modelo aposenta o combalido Clio sedã mas, na verdade, dá uma sobrevida ao velho modelo, só que com roupagem totalmente nova. Projetado para países emergentes, o Symbol passou a ser fabricado na fábrica de Santa Isabel, em Córdoba, na Argentina. No Brasil, o três-volumes chegará entre março e abril e deve ocupar um espaço na tabela acima do Logan.
 

Fotos: Hernando Calaza/MegaAutos

Symbol chega em março, com mescla de estilos e a missão de substituir o Clio sedã no país

A origem comum entre Symbol e Clio fica evidente nas portas e vidros, que têm exatamente o mesmo recorte. Muda apenas a última coluna, que perde a "corcundinha" do Clio e ganha uma vigia após a porta traseira, o que cria um caimento mais alongado e suave. O porta-malas tem um desenho que remete ao Mégane sedã. As lanternas possuem um desenho anguloso e invadem as laterais, onde se unem quase imperceptivelmente aos vincos.

Na frente, o recorte dos faróis dianteiros guarda uma semelhança com os utilizados no Sandero. Mesmo "aprisionado" ao desenho do velho modelo, o perfil incorporou elementos mais modernos, como o vinco ascendente que parte dos para-lamas dianteiros e se integra às maçanetas.
 

IMAGENS DO SYMBOL
Hernando Calaza/MegaAutos
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MAIOR
A maioria das medidas do modelo cresceu em relação ao Clio três volumes, embora o entre-eixos tenha sido mantido em 2,47 metros -- número bem inferior aos 2,63 m do Logan. O Symbol possui comprimento de 4,26 m, com altura de 1,43 m e 1,92 m de largura -- a Renault divulga apenas a medida com os retrovisores. O porta-malas conta com bons 506 litros de capacidade.

A receita de espaço interno de carro médio e funcionalidade do Logan não foi compartilhada pelo modelo. Para enquadrá-lo em uma imagem mais requintada, a Renault investiu em um interior renovado, embora sejam utilizados elementos de montagem já conhecidos de outros modelos do fabricante, como o equipamento de som, botões e puxadores. Os materiais possuem um aspecto mais elegante do que os do antigo sedã, cujo painel é muito datado. Os botões dos vidros e retrovisores elétricos ficam nos puxadores das portas, e não mais no console central numa posição pouco ergonômica -- como era no Clio até 2006.

Na Argentina, o modelo está disponível com três opções de motorização, uma a turbo-diesel 1.5 8V e as duas a gasolina, 1.6 8V de 90 cv e 1.6 16V de 106 cv. No Brasil, o Symbol será disponível com ambos motores 1.6, que já são utilizados em outros modelos do fabricante francês, como o Clio, Logan e Mégane, e receberá o sistema flex. O três volumes também aproveita outros componentes mecânicos, como suspensão, independente na dianteira e semi-independente na traseira.

CRUZA A FRONTEIRA, SOBE 20%
O Symbol em terras argentinas tem três níveis de equipamentos: Pack, Confort e Luxe, topo de gama -- não disponível para o 1.5 turbo-diesel. Mesmo a versão básica traz de série ar-condicionado, direção hidráulica, airbag do condutor, rádio com CD/MP3 e para-choques na cor do veículo. A Confort traz a mais banco do motorista com regulagem de altura, airbag duplo, faróis de neblina, comando de rádio no volante, vidros elétricos dianteiros, volante regulável em altura e computador de bordo. A Luxe acrescenta volante e manopla do câmbio em couro, espelhos elétricos, vidros traseiros elétricos, ar-condicionado automático, freios ABS e rodas de liga leve aro 15.
 

Fotos: Hernando Calaza/MegaAutos

Porta-malas, com 506 litros, lembra o do Mégane, mas lanternas remetem ao Clio

Segundo a Renault, mais de 70% da produção do modelo será exportada para mercados da América Latina, como Paraguai, Uruguai, Chile, Colômbia, México e Brasil. O modelo de entrada na Argentina parte de R$ 31.728 -- valor em pesos convertidos --, equipado com o motor 1.6 8V. O top Luxe 1.6 16V sai pelo equivalente a R$ 38.191. No Brasil, estes preços devem ser acrescidos em, pelo menos, 20%. Na linha da Renault, o Symbol ficará posicionado entre o Logan e o Mégane. Seu principais concorrentes serão o Fiat Siena, Chevrolet Corsa sedã, Ford Fiesta e os recém-lançados Peugeot 207 Passion e Volkswagen Voyage.
(por Julio Cabral)
 

FICHA TÉCNICA
Renault Symbol 1.6 16V Luxe
Motor: A gasolina, dianteiro, transversal, 1.598 cm³, com quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro e comando duplo no cabeçote. Acelerador eletrônico e injeção eletrônica multiponto sequencial.
Transmissão: Câmbio manual de cinco marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira. Não oferece controle eletrônico de tração.
Potência: 106 cv a 5.700 rpm.
Torque: 15,1 kgfm a 3.750 rpm.
Diâmetro e curso: 79,5 mm x 80,5 mm.
Taxa de compressão: 9.8:1.
Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson, com molas helicoidais, amortecedores hidráulicos e barra estabilizadora. Traseira a semi-independente, com travessa deformável, amortecedores hidráulicos e barra estabilizadora. Não oferece controle eletrônico de estabilidade.
Freios: Discos ventilados na dianteira e tambores na traseira. Oferece ABS e EBD.
Carroceria: Sedã compacto, com quatro portas e cinco lugares. 4,26 metros de comprimento, 1,92 m de largura com os retrovisores, 1,43 m de altura e 2,47 m de entre-eixos. Oferece airbags duplos frontais.
Peso: 1.045 kg/Carga máxima de 498 quilos.
Porta-malas: 506 litros.
Tanque: 50 litros.

PRIMEIRAS IMPRESSÕES
Dinamicamente, o enfoque mais requintado do Symbol Luxe 1.6 16V se traduz em um rodar muito confortável, onde apenas se escutam, mas não se sentem, os golpes das juntas de dilatação das vias sob as rodas aro 15 com pneus 185/55. A posição de dirigir é tipicamente francesa, com o assento levemente alto e o volante inclinado, ajustável apenas em altura. Isso obriga o motorista a endireitar o encosto para encontrar a posição correta, com os braços levemente flexionados.

Na cabine se podem detectar vários componentes já conhecidos, como os botões dos vidros elétricos e o quadro de instrumentos proveniente do Clio II, mas a imagem do conjunto é completamente diferente. O interior possui linhas harmônicas, encaixes cuidadosos e materiais de aspecto sólido, que completam uma alta percepção de qualidade. O espaço nos bancos dianteiros é bom, embora atrás seja estreito para as pernas e cabeças de qualquer pessoa com mais de 1,75 m de altura. Uma crítica ao modelo e a quase todos os veículos do segmento no Mercosul é a falta de apoio de cabeça e cinto de três pontos para o ocupante central do banco traseiro. O porta-malas, com "boca" larga e sem revestimento na tampa, é profundo e comporta um excelente volume de 506 litros. O interior conta ainda com uma ampla capacidade de porta-trecos, gavetas nas portas e um prático espaço diante da alavanca do câmbio que funciona como porta-copos.

O motor 1.6 16V é progressivo, o que elimina a necessidade de recorrer seguidamente ao câmbio de curso longo. Não parecem absurdos os 10,3 segundos de zero a 100 km/h divulgados pela Renault e o consumo calculado no trajeto de teste foi baixo. O propulsor se manteve silencioso até os 130 km/h, quando, devido a uma 5ª marcha ligeiramente curta, o som do motor começa a invadir o habitáculo.

A direção um tanto pesada e o rolamento excessivo em curvas conspiram contra uma condução esportiva sem, entanto, comprometer a segurança. Apenas se sente um pouco de flutuação na frente após alcançar os 150 km/h, o que compromete o rumo em retas, mas isso pode ter sido causado pelas rajadas de vento que cruzavam a via. Em curvas de raio médio ou fechadas o modelo sai de frente progressivamente, o que permite uma boa margem para acalmar um excesso de ímpeto. Essas características dinâmicas não fazem outra coisa senão reforçar o caráter senhorial do Symbol, um sedã compacto de espaço limitado no banco traseiro, bom nível de equipamento -- sem excentricidades -- e um estilo elegante. Muitos não o verão como um "sex symbol", mas não se pode negar a elegância da silhueta.
(por Hernado Calaza, da Mega Autos/Argentina, exclusivo para Auto Press)