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Citroën C3 Picasso faz sua estreia mundial, mas só chega ao Brasil em 2010

Da AutoPress

Especial para o UOL

19/02/2009 12h35

A criatividade da Citroën serve para gerar não apenas novos veículos, mas também novas definições. Para o departamento de marketing do fabricante, o novo C3 Picasso é um "cubo mágico". O termo faz alusão às formas retangulares do monovolume da marca, lançado no Salão de Paris, em outubro de 2008, e que acaba de ser apresentado à imprensa europeia na Catalunha, na periferia da cidade de Barcelona, na Espanha. Por fora, o estilo do modelo -- que será fabricado em Porto Real (RJ), a partir do ano que vem ­-- lembra mesmo um cubo, uma caixa.
 

Fotos: Divulgação

Apesar de dividir plataforma do hatch, monovolume está mais para a família C4 Picasso

O monovolume é construído sobre a plataforma do C3, mas pouco sobrou do hatch nas linhas do modelo. O formato retangular da carroceria é intercalado com segmentos arredondados, em especial na dianteira, onde lembra o sul-coreano Kia Soul. As dimensões do novo carro são consideravelmente maiores que as do C3 original. O comprimento alcança 4,08 metros (26 cm a mais), com 2,54 m de entre-eixos (contra 2,46 m do hatch). O "petit Picasso" tem 1,62 m de altura e 1,73 m de largura, contra 1,52 m de altura e 1,66 m de largura do C3 hatch.

A frente é imponente. Os faróis elevados replicam os filetes horizontais alaranjados dos monovolumes da linha C4, porém, na porção inferior, e se alongam até os para-lamas dianteiros. A grade do motor está localizada no centro do robusto para-choque, ladeada pelos faróis de neblina, o que cede lugar de destaque para os chevrons da marca. Na parte inferior ficam concentradas as entradas de ar. No perfil, o estilo curvilíneo está representado nas colunas dianteiras bifurcadas, que transmitem a sensação de um para-brisa envolvente. A linha de cintura elevada e as largas colunas de trás reforçam a impressão de robustez. A traseira é marcada pela verticalidade, com vidro convexo e arredondado e lanternas fumês elevadas incrustadas nas colunas traseiras.
 

LÁ E CÁ
Na Europa, o modelo possui três opções de motorização, duas a gasolina, desenvolvidas em conjunto com a BMW, e uma a diesel com potências distintas. Os motores a gasolina são os 1.4 VTi 16V, com 95 cv, e 1.6 VTi 16V, com 120 cv. O propulsor 1.6 HDi 16V turbo-diesel pode gerar 90 cv ou 109 cv. Está disponível apenas uma caixa de câmbio manual de cinco velocidades.

No Brasil, deverão ser utilizados os mesmos propulsores flex da linha C3: um 1.4 8V de 82 cv e um 1.6 16V capaz de gerar 113 cavalos -- quando abastecidos com álcool.

O interior do C3 Picasso acomoda cinco passageiros. Os bancos traseiros podem ser deslocados em até 15 cm, possibilitando privilegiar o espaço para ocupantes ou para bagagens. O porta-malas comporta 500 litros e, com o rebatimento do banco traseiro, permite a acomodação de 1.506 litros. O interior conta, ainda, com múltiplos porta-objetos espalhados pelo painel, incluindo o porta-luvas refrigerado, com volume de nove litros.

O painel abandonou os elementos circulares do hatch C3 em favor de um estilo original. A parte superior projeta-se em direção aos ocupantes. As saídas de ar são retangulares, com detalhes estilizados. O painel de instrumentos ocupa uma posição central, como é de costume nos monovolumes da Citroën. Contudo, o mostrador do conta-giros está deslocado à esquerda, uma posição de visualização mais cômoda para o motorista. A alavanca do câmbio está integrada ao console, junto aos comandos do ar-condicionado -- de duas zonas -- e do rádio, com CD/MP3 e USB. O modelo pode receber como opcional um teto envidraçado.
 

Fotos: Divulgação

Interior também foge do padrão C3 hatch e, com isso, ganha visual mais limpo e harmonioso

Em termos de segurança, o C3 Picasso traz de série freios com ABS, EBD e assistência de frenagens de emergência, além de duplo airbag rontal. Estão disponíveis como opcionais bolsas infláveis laterais e de cortina, assim como controles eletrônicos de estabilidade e de tração.

No Brasil, o novo monovolume compacto concorrerá com modelos como Chevrolet Meriva e Fiat Idea. Na Europa, o preço do C3 Picasso parte de 14.650 euros, cerca de R$ 43,4 mil, para a versão básica, com motor 1.4 VTi 16V.
(por Julio Cabral)
 

FICHA TÉCNICA
Citroën C3 Picasso
Motor: A gasolina, dianteiro, transversal, 1.598 cm³, com quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro e comando duplo no cabeçote. Acelerador eletrônico e injeção eletrônica multiponto sequencial.
Transmissão: Câmbio manual de cinco marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira. Oferece controle eletrônico de tração como opcional.
Potência: 120 cv a 5.660 rpm.
Torque: 16,3 kgfm a 4.250 rpm.
Diâmetro e curso: 77 mm x 85.8 mm.
Taxa de compressão: 11:1.
Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson, com molas helicoidais, barra de torção e amortecedores hidráulicos. Traseira a semi-independente, com travessa deformável, braços oscilantes e amortecedores hidráulicos. Oferece controle eletrônico de estabilidade como opcional.
Freios: Discos ventilados na dianteira e discos rígidos na traseira. Possui ABS, EBD e assistente de frenagem de emergência.
Carroceria: Monovolume compacto, com quatro portas e cinco lugares. 4,08 metros de comprimento, 1,73 m de largura, 1,62 m de altura e 2,54 m de entre-eixos. Oferece airbags duplos frontais de série e laterais dianteiros e do tipo cortina como opcionais.
Peso: 1.365 kg.
Porta-malas: 500 litros/1.506 l com o banco traseiro rebatido.
Tanque: 50 litros.
Preço na Europa: a partir de 14.650 euros.

PRIMEIRAS IMPRESSÕES
É difícil definir o C3 Picasso. O que se observa de imediato é que o design da carroceria é um pouco "retrô", um pouco quadrada, mas com ângulos arredondados. A parte frontal é imponente, como em um utilitário esportivo, com os faróis em posição alta. A traseira, por sua vez, é marcada pela impressão de verticalidade, que atesta a amplitude do espaço para bagagens. Outra característica que se percebe logo é a generosidade do espaço interno. A despeito de seu porte compacto, o C3 Picasso oferece uma excelente habitabilidade.

O interior elegante e luminoso é caracterizado, na versão testada, pelo teto panorâmico de vidro. Ao volante do C3 Picasso, nota-se a boa visibilidade para a frente, favorecida pelos dois suportes muito finos do para-brisas. O quadro de instrumentos é muito intuitivo, além de combinar com o estilo do veículo. À frente do motorista está um display que reúne todas as informações diretamente relacionadas à direção. O modelo pode ser equipado com um novo sistema de navegação no painel, batizado de My Way -- "meu caminho" --, além de um kit viva-voz Bluetooth.

No teste de estrada, nos arredores de Barcelona (Espanha), não foi difícil organizar a parafernália a bordo, tamanha a quantidade de porta-objetos. O porta-luvas, que pode ser refrigerado, possui nove litros de capacidade, e é capaz de comportar até uma garrafa de 1,5 litro. Todos os ocupantes encontram uma posição cômoda, até mesmo os do banco traseiro. Os assentos dianteiros elevados permitem um maior espaço para os pés dos passageiros que vão atrás. Os assentos traseiros são facilmente rebatíveis através de um simples movimento de mão, na proporção 60/40. Quando totalmente rebatidos, o volume de 500 litros -- que já é notável --, se multiplica para cerca de 1.500 litros. O aproveitamento de espaço também é beneficiado pelos contornos retos do interior, que não criam nichos sem utilidade, e pelo piso completamente plano.

O motor a gasolina 1.6 VTi 16V, com potência de 120 cv e 16,3 kgfm de torque máximo, se ressente um pouco da falta de força nas saídas de curvas e nos aclives. Para obter um melhor desempenho, é necessário efetuar frequentes reduções de marcha. Embora a localização da alavanca do câmbio seja ótima, o conjunto é um tanto "esponjoso", com engates de marchas muito lentos. Tudo somado, o novo modelo da Citroën é um automóvel absolutamente agradável de guiar, tantos em ruas quanto em estradas. Mas não é bom esperar por uma performance de um Fórmula 1. O "plus" do C3 Picasso é dado, principalmente, pela sua habitabilidade. É o que faz a diferença no modelo.
(por Carlo Valente, da Infomotori.com/Itália, exclusivo para Auto Press