Mercedes CLC 200 K chega 'pelado' e com bom desempenho
Atualizada às 13h14 de 12/3
A Mercedes-Benz finalmente começou a vender no mercado brasileiro, como produto nacional, o cupê CLC, lançado no exterior em 2008. O carro é montado em Juiz de Fora (MG), com cerca de 15% de peças e 70% de partes em aço feitas no Brasil -- os demais materiais vêm de fora e são nacionalizados. Apesar disso, o preço do CLC é de importado: R$ 124.900. O valor o situa na porta de entrada da Classe C, na qual brilha mais forte a estrela do sedã C 200 Kompressor (R$ 145.000).
No entanto, o carro mais barato da Mercedes no Brasil continua sendo o monovolume B 170 (R$ 95.900). Para comparar: o CLC 200 K é vendido a 30.017 euros na Alemanha, 31.300 euros na França e 31.752 euros na Itália (ou seja, custa entre R$ 90.000 e R$ 95.000).
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ÁLBUM DE FOTOS |
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MAIS IMAGENS DO CLCO CLC faz parte da estratégia da Mercedes de ganhar participação de mercado fora do segmento dos sedãs, no qual é referência entre as marcas premium (detém 48% das vendas, contra 52% de Audi e BMW somadas). Seus executivos fazem a seguinte conta: excluindo os três-volumes, existe um mercado anual para 180 mil carros com preços entre R$ 80 mil e R$ 150 mil, de diversas carrocerias -- dois-volumes, cupê, monovolume, minivan, crossover, SUV, conversível etc. Atualmente, a Mercedes abocanha mísero 0,5% desse total (menos de 1.000 unidades/ano). |
Com sua proposta mais despojada e esportiva (é quase um 2+2, ou seja, leva duas pessoas na frente e mais duas, no aperto, atrás), cumpre ao CLC atrair às revendas da Mercedes compradores mais jovens, que nos portfólios das marcas premium só tinham como opções o Audi A3 e o BMW Série 1 (preços iniciais de R$ 129.500 e R$ 132.000, respectivamente). O novo modelo da Mercedes substitui o bem-sucedido Classe C Sports Coupé, fabricado até 2005.
Da fábrica mineira saem 94 unidades do CLC diariamente, com cinco opções de motorização e uma paleta de cores que inclui vermelho vivo, branco, azul, vinho etc. Mais de 30 países recebem esses carros. Pelo menos por ora, o Brasil terá apenas o CLC 200 Kompressor, dotado de motor 1.8 a gasolina capaz de entregar 184 cavalos de potência e 25,5 kgfm de torque já a partir de 2.500 rpm. Em tese, a carroceria poderá vir na cor desejada pelo cliente, mas quem tiver pressa de levar o cupê para casa provavelmente ficará com uma unidade em preto ou prata.
POR FORA E POR DENTRO
Externamente, o CLC herdou alguns traços do cupê anterior, mas readaptados para o novo modelo. Por exemplo: uma peça plástica tapa o espaço deixado acima das lanternas traseiras, que ficaram mais baixas e largas que as do Sports Coupé. Uma faixa com 24 LEDs, que serve como break-light, também faz referência a uma peça do antecessor. Com tudo isso, mais uma barra cromada acima da placa, a traseira do CLC ficou um tanto sobrecarregada. Parece até um carro sul-coreano, uma espécie de Mercedes-Yong. Ou de Ssang-Benz...
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A dianteira segue o padrão da Classe C, e nela se destaca a estrela de três pontas alojada bem ao centro da grade frontal. É um conjunto de inegáveis beleza e bom gosto, harmonizado com a traseira meio "over" por meio da lateral ascendente, que emoldura marcantes rodas de 17 polegadas, calçadas com pneus de perfil baixo (225/45 à frente e 245/40 atrás). Após alguns minutos de exame, o visual acaba agradando.
DETALHES E FICHA TÉCNICA |
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O painel traz os instrumentos básicos e computador de bordo; volante comanda interatividade do sistema de som e bluetooth |
Rodas de 17 polegadas conferem personalidade esportiva ao CLC |
Motor de 1,8 litro oferece 184 cavalos, com torque de 25,5 kgfm |
DADOS TÉCNICOS OFICIAIS |
Por dentro, o CLC "veste" bem duas pessoas, ressalvadas as peculiaridades de um cupê de duas portas. Ele é baixo, o que faz com que o passageiro tenha de escolher entre viajar com as pernas totalmente esticadas ou dobradas com os joelhos na altura do umbigo. O espaço no banco traseiro até é suficiente para dois adultos médios, desde que não sejam claustrofóbicos (a janela alta e pequena não ajuda). O acesso, facilitado pelo deslocamento em dois estágios dos bancos dianteiros, é funcional. Mas o CLC é mesmo para solitários, ou casais sem filhos.
O acabamento interno é muito bom, mas usa materais e sistemas mais simples que outros carros da gama alemã. É difícil associar à marca Mercedes-Benz um carro cuja regulagem do banco do motorista é totalmente manual. Além disso, não há luz de cortesia nos para-sóis, o botão da temperatura do ar-condicionado (analógico) tem marcação com intervalo de quatro graus, e há nada menos que 11 espaços ociosos para botões no painel frontal.
Entre os equipamentos que fazem muita falta estão o sensor de estacionamento e as borboletas atrás do volante, que proporcionariam trocas sequenciais mais ágeis. Sem elas, a mudança manual no câmbio automático de cinco velocidades só pode ser feita na alavanca, deslocando-a para os lados.
GRUDADO NO CHÃO
Mas basta colocar o CLC na pista para relativizar esses pecadilhos. O cupê cumpre a contento sua função de oferecer performance com segurança e conforto. Na hora de acelerar e retomar, o propulsor reage com eficiência, e as cinco marchas da transmissão são suficientes para evitar trancos nas passagens e garantir força a todo tempo.
Como convém a um esportivo, a direção do CLC é bastante direta, quase dura. Ela faz um competente conjunto com a suspensão (independente nas quatro rodas, com três braços na dianteira) dotada do sistema Direct Control, que altera firmeza e curso mecanicamente, adaptando-se às solicitações da pista e do modo de dirigir do motorista. Como nessa receita também entram pneus largos e baixos, o CLC fica grudado no chão mesmo nas curvas mais acentuadas.
Segundo dados de fábrica, a aceleração de 0 a 100 km/h é feita em 8,6 segundos, e a velocidade máxima chega a 231 km/h; como o test-drive foi realizado em estradas e ruas comuns, não foi possível comprovar essas marcas na prática. Já o consumo de 12,5 km/l (média urbana/rodoviária), anunciado pela Mercedes, é muito mais otimista que os realistas 7 km/l obtidos por UOL Carros num trajeto misto em que a velocidade média desenvolvida foi de 68 km/h.
EQUAÇÕES
O Mercedes-Benz CLC é um carro interessante, mas pede um pouco de matemática por parte do consumidor. Some sua performance nervosa (e até emocionante) com a imagem da marca e o ganho pessoal que ela pode trazer; subtraia os equipamentos faltantes relacionados acima, com o peso que eles tiverem para o seu gosto; e divida seu entusiasmo pelo fato de que, dentro da lei e do bom senso, dificilmente será possível acelerar esse cupê do jeito que ele merece. Cabe ao consumidor decidir se o resultado equivale a R$ 124.900.
O jornalista viajou a convite da Mercedes-Benz do Brasil
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