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Mini Cooper promete status e diversão maiores que ele

Claudio de Souza

Do UOL, em São Paulo (SP)

13/04/2009 22h01

No ano do cinquentenário do carro original, começa a ser importada oficialmente para o Brasil a gama da Mini, marca que hoje pertence à alemã BMW. São dois pontos de venda (em São Paulo e Curitiba), com direito a reserva de exemplares pela internet. Os modelos disponíveis são o Cooper (manual e automático), Cooper S (turbo, somente automático) e Cooper S Clubman (idem ao S, com carroceria de station wagon). Com capacidade para quatro pessoas e motor 1.6, esses são carros caros -- a exemplo do outro símbolo de status em miniatura recém-chegado ao país, o smart fortwo.
 

Fotos: Murilo Góes/UOL

Mini Cooper aspirado, nas versões automática e manual, mostra seu potencial de diversão em pista de kartódromo na Grande São Paulo -- importação oficial tem preços a partir de R$ 92.500

Eis os preços: Cooper manual, R$ 92.500; Cooper automático, R$ 98.500; Cooper S, R$ 119.500; Cooper S Clubman, R$ 129.500. A Mini diz que se dará por satisfeita caso emplaque, entre este mês e dezembro, 600 unidades de toda a gama no Brasil. Sem dar suas razões, avalia que o Cooper S deve responder por 60% desse volume de vendas. Já o carro mais "barato" ficaria com 30%; e a station, com 10%. Quem importou algum Mini de forma independente pagou cerca de R$ 50 mil a mais. A esses, resta o consolo de agora poder contar com assistência técnica local. Os modelos Mini, que vêm de Oxford, na Inglaterra, têm dois anos de garantia.

Se o renovado Mini Cooper (relançado em 2001) chega ao Brasil num momento de crise internacional, o carrinho original é produto de outra época difícil: em 1956, o presidente do Egito (o pan-arabista Gamal Abdul Nasser) nacionalizou o canal de Suez, provocando a reação de Reino Unido, França e Israel, que atacaram o país árabe. O conflito na região interferiu no fluxo comercial do petróleo e levou ao racionamento de combustível entre os britânicos -- e à consequente necessidade de inventar um carro pequeno e supereconômico. Três anos depois, surgia o primeiro Mini, vendido a menos de 500 libras (hoje, menos de R$ 2.000) e com o nome Morris Mini (ou Austin Seven).
 

STATUS DE GENTE GRANDE
Murilo Góes/UOL
FOTOS EXCLUSIVAS DO COOPER

Entre nós, claro, a história é bem outra. O carrinho não tem nada a ver com quem esteja vivendo tempos sombrios -- e sim com donos de contas bancárias recheadas à procura de status e exclusividade sobre rodas (aliás, em nenhum lugar o novo Mini é barato). Pelo tamanho reduzido e pela aparência retrô, deve agradar -- como espera a BMW -- a jovens publicitários, designers, artistas, pessoas do mundinho fashion etc. etc. A marca espera roubar consumidores de modelos como Audi A3, Mercedes-Benz Classe B, Volvo C30, Volkswagen New Beetle, órfãos do Chrysler PT Cruiser e até potenciais compradores do smart. É um mercado de 9.200 carros por ano. Na apresentação à imprensa, nenhuma palavra foi dita sobre outro retrô a caminho do Brasil, o redivivo Fiat 500, este sim um autêntico rival do Mini Cooper.

POR FORA
O apelo visual dos carros Mini é realmente forte. Medindo apenas 3,7 metros (como um Fiat Mille) e bem baixinho, com 1,4 metro de altura, o Cooper chama atenção nas ruas como se fosse uma jamanta. Os mais velhos vão se lembrar não apenas do modelo original, como também de dinossauros à la DKW, devido ao teto reto e aos faróis quase-redondos. Retos são também a linha de cintura e o desenho de toda a área envidraçada. As lanternas traseiras são pequenas e graciosas.

O Cooper S difere do carro aspirado principalmente na dianteira, com tomada de ar no capô e grade frontal preta e mais agressiva -- o modelo de entrada tem acabamento cromado. Já o Clubman, mais comprido (3,96 metros, o tamanho de um Volkswagen Gol), possui uma engenhosa terceira porta na lateral direita (que se abre para trás, e somente com a porta do passageiro também aberta) e porta traseira bipartida. As carrocerias da gama podem ser pintadas em duas cores -- uma gracinha retrô cujo sucesso no Brasil, o país da frota preto e prata, é de difícil previsão.
 

ESCADA NA COMÉDIA, CULT NA GARAGEM

  • Um dos principais garotos-propaganda do Mini original foi o comediante Rowan Atkinson, que interpretava o personagem cômico Mr. Bean -- na foto, ele aparece ao lado de um Cooper bicolor.

    As sucessivas gerações do Mini foram mantendo o status de "cult", mas sofreram com a evolução dos rivais e duraram até 2000, pouco depois de a BMW assumir a marca. No ano seguinte, foi lançado o novo Mini -- moderno, tecnológico e com proposta esportiva, e aparentado ao anterior mais no visual que na estrutura.

    Desde o lançamento, em 1959, cerca de 5.400.000 Mini foram fabricados.

POR DENTRO
Dentro da cabine, os Mini entregam excelente posição de dirigir para o motorista -- que se sente num cockpit, mas com bastante conforto -- e espaço razoável para quatro pessoas. O desenho dos comandos é bem inusual, com destaque para o gigantesco velocímetro redondo ao centro do painel (parece uma balança de açougue). O acelerador tem a base presa ao assoalho, outro interessante item saudosista. O acabamento é bom, com bancos em couro (bacana como um "sofá da casa da vovó", como notou um colega jornalista) e peças bem encaixadas -- mas o excesso de detalhes, de formatos e de cores do habitáculo é um pouco cansativo.

Os itens de conforto mudam um pouco do Cooper para o Cooper S. O primeiro oferece ar-condicionado manual, e o segundo, digital. O controle de cruzeiro e o computador de bordo estão presentes nas duas versões, mas apenas o S possui um sistema especial de alto-falantes. O Cooper mais caro oferece também teto-solar elétrico (item de alto custo) e, por fora, rodas de 17 polegadas, contra 16 polegadas no de entrada.
 

  • Equipamentos do Mini Cooper A/T e M/T
  • Equipamentos do Mini Cooper S
  • Equipamentos do Mini Cooper S Clubman

    TREM DE FORÇA
    Sob o capô, a gama Mini chega dotada de dois motores 1.6 a gasolina, feitos pela BMW em parceria com a PSA Peugeot Citroën. O propulsor aspirado (do Cooper) entrega 120 cavalos de potência e torque de cerca de 16 kgfm. Já o bloco turbinado (do Cooper S e Clubman) entrega 55 cavalos a mais, além de um bom torque de 24 kgfm numa faixa de giros que começa em 1.600 rpm. Além disso, possui o sistema Overboost, que aumenta a pressão da turbina para gerar torque extra ao longo da aceleração -- o ganho, segundo a fábrica, é de 2 kgfm.

    Tanto a transmissão manual quanto a automática gerenciam o motor com seis marchas. No câmbio sem embreagem há também opção de trocas sequenciais na alavanca e nas aletas atrás do volante; e um aspecto curioso é que mesmo no Mini manual o painel avisa sobre a marcha em uso no momento.

    DADOS TÉCNICOS OFICIAIS

    • Murilo Góes/UOL

      Motor 1.6 aspirado feito em parceria com Peugeot-Citroën gera 120 cv (cavalos) de potência; o turbinado rende 175 cv, com torque de 24 kgfm

    Quanto à segurança, o Mini traz freios com ABS (antitravamento) e EBV (distribuição da frenagem de acordo com a carga), o famoso LSD, ambígua sigla para diferencial com deslizamento limitado, o qual altera a transferência de força às rodas, além do controle de estabilidade. Há também airbags frontais, laterais e de cabeça (dianteiros e traseiros).

    De acordo com o fabricante, o Mini pode atingir marcas de consumo próximas a 16 km/l de gasolina na estrada.

    RODANDO COM O MINI
    UOL Carros participou nesta segunda-feira (13) de um test-drive do Mini Cooper com os câmbios automático e manual. Não havia Cooper S nem Clubman para experimentar.

    Foram algumas voltas num kartódromo na Grande São Paulo, escassas para formar uma opinião mais geral sobre o carro. O que se pode dizer é que o Mini Cooper se beneficia de um motor bastante suficiente para seu porte, com potência e torque abundantes -- e isso porque não guiamos o S, com seu propulsor turbo bem mais generoso. O câmbio automático de seis velocidades pareceu bastante esperto, sem trancos ou buracos nas mudanças; já os engates manuais poderiam ser mais secos, e contar com uma alavanca melhor anatomicamente.

    A suspensão do Mini é firme, o que deve incomodar em pisos irregulares. No entanto, na lisa pista do kartódromo, o acerto do sistema serviu para ajudar o modelo a fazer curva como poucos carros conseguem. A direção elétrica é direta e nervosa, reforçando a sensação de estar dirigindo um veículo com vocação de competição.

    Não ficou dúvida alguma de que o Mini Cooper é mesmo muito divertido. Se você gosta de aparecer e tem o dinheiro para comprá-lo, não perca tempo: vá experimentar um. Se fechar negócio, não esqueça de chamar os amigos para brincar de carrinho com você.