No mercado de automóveis, é normal modelos passarem por uma re-estilização na chamada meia idade. Um estágio que, por aqui, demora mais para acontecer -- os carros brasileiros "ficam jovens" por mais tempo porque as montadoras locais resistem a admitir que envelheceram. Lá fora, as gerações de automóveis de passeio costumam durar, em média, sete anos, enquanto, no Brasil, uma mesma plataforma se perpetua por mais de uma década e/ou se reinventa em outros produtos com aparência de novo. Mas, nas peculiaridades da indústria nacional, o Chevrolet Vectra GT se tornou uma interessante exceção. Com menos de dois anos de vida, o hatch passa por uma remodelação visual e ganha mais potência no motor. Na verdade, pega carona na renovação da linha, iniciada pelo sedã, este sim em seu quarto ano de vida. Uma estratégia para tentar manter as vendas até 2011, quando a linha Vectra deve dar lugar ao Cruze, nova plataforma global de médios da General Motors.
Fotos: Jorge Rodrigues Jorge/Carta Z Notícias
Com a (nova) cara e a coragem, Vectra GT se recupera no ranking de vendas em 2009 |
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A tática deu resultado. Se no final do ano passado as médias do hatch ficaram abaixo das 800 unidades, em março deste ano, o Vectra GT assinalou 1.052 unidades comercializadas. Muito embalado, é claro, pelo bom desempenho do mercado interno brasileiro no mês, mas também fruto de uma repaginação visual que, mesmo discreta, sempre surte efeito no mercado nacional. O GT adotou a tal nova identidade da Chevrolet no mundo, evidenciada na grade frontal bipartida mais larga e afilada, com a ampliada logomarca da gravatinha dourada, que aposentou o círculo envolvente. A renovação do Vectra GT ganhou a alcunha marqueteira de Remix, enquanto no sedã foi chamada de Next Edition.
O capô recebeu dois vincos invertidos e os para-lamas estão mais encorpados. O conjunto ótico, os faróis de neblina e o para-choque dianteiro também foram redesenhados, privilegiando linhas mais definidas. As carcaças dos retrovisores ganharam piscas integrados e as rodas de liga leve aro 16 (na versão GT-X, mais cara e completa, são de 17 polegadas) exibem novo desenho. Na traseira, a nova logomarca dourada também surge na tampa do porta-malas, logo acima da barra cromada horizontal.
A GM aproveitou a re-estilização para minimizar algumas queixas de consumidores do Vectra. Em especial, a interatividade do modelo. Porta-objetos, que eram raríssimos no médio, foram inventados no habitáculo. Espaços nas portas foram aumentados para abrigar garrafas de 600 ml. O pessoal da GM ainda conseguiu abrir nichos à frente da manopla do câmbio -- no lugar que era do cinzeiro -- e abaixo da alavanca do freio de estacionamento para criar dois discretos porta-trecos. No embalo, bancos e suas forrações foram modificados, assim como o quadro de instrumentos, cujos mostradores agora têm fundo preto e bordas brancas.
ACELERADAS |
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- O Chevrolet Vectra GT foi lançado em setembro de 2007 no Brasil. O visual traseiro é a do Opel Astra europeu, que está uma geração à frente do modelo nacional. |
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- O hatch médio mescla duas plataformas. A metade da frente usa a mesma do Vectra sedã, lançado em 2005, que, por sua vez, adotou a plataforma alongada do Astra, que data de 1998. Da coluna do meio para trás, o chassi é o do atual Astra europeu, apresentado em 2003. |
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- A versão top do hatch recebe a alcunha de GT-X, adota pequenas mudanças visuais e é mais completa, com preços entre R$ 64.134 e R$ 67.912. |
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- O Vectra GT possui um alerta em forma de motor no quadro de instrumentos que, quando aceso, indica que o limite de emissões de poluentes estabelecido pelo Conama foi ultrapassado. |
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- A linha Cruze, apresentada no último Salão de Paris, será fabricada no Brasil em 2011 para ocupar a gama de médios da GM no país. Antes disso, a montadora começa a lançar por aqui sua nova geração de compactos, batizada de Viva, que vai utilizar um plataforma derivada do Astra. |
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O VELHO MELHORADO
Sob o capô, porém, está uma mudança que supera apenas a estética. O velho motor 2.0 da Família II da GM -- dos anos 80, inaugurada no Monza -- também sofreu alterações. O coletor de admissão em alumínio cedeu lugar a um em plástico, 30% mais leve. Além disso, o conjunto foi dotado de um coletor de escape em aço inox e um sistema de comando de válvulas roletado, que gera menor atrito e maior eficiência. Com isso, o propulsor está 12 cv mais potente. Agora, são 140 cv com álcool e 133 cv com gasolina a 5.600 rpm, enquanto o torque ficou em 19,7 kgfm e 18,9 kgfm a 2.600 giros.
No mais, o Vectra GT segue com uma lista de itens de série condizente com o segmento. Airbag duplo, ar-condicionado automático, direção hidráulica, trio elétrico, ajustes do volante e do banco do motorista, retrovisor eletrocrômico, rádio/CD/MP3 com entrada auxiliar e para SD Card, além de Bluetooth, entre outros. Mas perdeu o navegador GPS de série que, na versão Remix, virou acessório.
Assim, o Vectra GT Remix começa em R$ 56.034. Com ABS e EBD nos freios e sensor de chuva alcança R$ 57.923. A transmissão automática e o controle de cruzeiro elevam o preço para R$ 61.700. Valores competitivos entre os concorrentes do segmento de hatches médios mais sofisticados. E talvez o suficiente para manter o fôlego do modelo da GM.
IMPRESSÕES AO DIRIGIR
Mudanças visuais geralmente são o que chama mais atenção em qualquer renovação em linhas automotivas. E indiscutivelmente, a maquiagem na configuração hatch do Chevrolet Vectra conseguiu deixar o modelo com um aspecto mais agressivo e moderno. Mas a parte mais instigante e divertida do GT Remix -- apelido dado pela GM à remodelação do dois volumes -- está mesmo sob o capô. Os engenheiros da divisão Powertrain da montadora capricharam e deixaram o propulsor 2.0 8V Flexpower mais esperto.
FICHA TÉCNICA |
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Chevrolet Vectra GT 2.0 Flexpower Remix |
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Motor: A gasolina e álcool, dianteiro, transversal, 1.998 cm³, com quatro cilindros em linha, duas válvulas por cilindro e comando simples de válvulas no cabeçote com sistema de válvulas roletado. Injeção eletrônica multiponto sequencial e acelerador eletrônico. |
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Transmissão: Câmbio manual de cinco velocidades à frente e uma a ré. Tração dianteira. |
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Potência: 140 cv com álcool e 133 cv com gasolina a 5.600 rpm. |
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Torque: 19,7 kgfm com álcool e 18,9 kgfm com gasolina a 2.600 rpm. |
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Diâmetro e curso: 86 mm x 86 mm. Taxa de compressão: 11,5:1. |
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Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson, com braço de controle ligado ao subchassis, molas helicoidais com compensação de carga lateral, amortecedores telescópicos hidráulicos pressurizados a gás e barra de torção. Traseira semi-independente, com viga de torção soldada, dois braços fundidos de controle, molas tipo barril com diâmetro variável e progressivo, amortecedores telescópicos hidráulicos pressurizados a gás. |
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Freios: Discos ventilados na frente e sólidos atrás. ABS e EBD como opcionais. |
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Carroceria: Hatch em monobloco com quatro portas e cinco lugares. 4,28 metros de comprimento, 1,75 metro de largura, 1,46 metro de altura e 2,61 metros de distância entre-eixos. Airbag duplo frontal de série. |
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Peso: 1.223 kg. |
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Porta-malas: 345 litros. |
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Tanque: 52 litros. |
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Essa maior desenvoltura é percebida logo nas arrancadas. O motor responde bem ao acelerador e o câmbio bem escalonado e com relações curtas deixam o GT ágil. Para sair da inércia e alcançar os 100 km/h foram necessários 10,3 segundos. Além disso, o motor parece sempre cheio, o que beneficia ainda as retomadas de velocidade e o desempenho do modelo na hora das ultrapassagens e em trechos de serra. O 60 km/h a 100 km/h em quarta marcha, por exemplo, é feito em 8,4 segundos.
Basta pisar mais que o Vectra GT vai além e chegar aos 160 km/h é tarefa simples. A partir daí, porém, a comunicação entre rodas e volante passa a ficar pouco precisa e a frente flutua. Mesmo assim, é possível alcançar a máxima de 185 km/h. Mas se nas retas em velocidades nada normais o hatch se mostra pouco estável, nas curvas o comportamento é exemplar. A carroceria do modelo torce o mínimo e o carro parece grudado no chão. Nas freadas bruscas, até que o GT embica um pouco, fruto de uma suspensão mais maleável, mas nada que realmente assuste.
A suspensão, na verdade, tem uma calibragem que privilegia o conforto. Mais macia, ela absorve muito bem os buracos sem fim de ruas e estradas brasileiras. Com isso, os ocupantes a bordo não sofrem com solavancos dentro do habitáculo. Se o vão limitado para cabeças não ajuda a tornar a viagem mais agradável, o espaço para pernas, pelo menos, é bem dimensionado. E o motorista encontra facilmente a posição ideal de dirigir com os ajustes de altura e de profundidade do volante e do assento.
A manobrabilidade é ainda facilitada pela direção precisa e pelos engates justos e curtos do câmbio manual. A ergonomia também é satisfatória no sentido de que a maioria dos comandos estão ao alcance dos olhos e mãos do motorista. Contudo, as hastes da coluna de direção, curtas e duras, são pouco práticas e nada intuitivas. Na hora de estacionar, as largas colunas traseiras e o vidro diminuto dificultam a visibilidade. No consumo, o Vectra GT se mostrou menos beberrão que a versão anterior e anotou a média de 7,3 km/l com álcool, com uso 2/3 na cidade e 1/3 na estrada. (por Fernando Miragaya)
DE ZERO A 100 PONTOS, O CHEVROLET VECTRA GT REMIX 2.0 |
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Desempenho - As mudanças no motor 2.0 8V Flexpower fizeram bem ao Vectra GT. A unidade de força responde mais prontamente e com mais vontade às investidas no pedal do acelerador. O motor sempre cheio e com o torque lá em cima e o câmbio bem escalonado com relações curtas tornaram as arrancadas mais espertas. As retomadas também foram beneficiadas, com a força total disponível nos 2.600 giros para deixar o dois volumes mais preciso na hora encarar trechos de subida e fazer ultrapassagens. Nota 8 |
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Estabilidade - O modelo se comporta bem em curvas, tanto em altas como em baixas velocidades. Não faz menção de jogar a traseira e o motorista tem pleno controle do carro. A frente, porém, tende a flutuar a partir dos 160 km/h, ainda longe da máxima alcançada de 185 km/h. Nas freadas bruscas, o GT embica um pouco além do desejável, mas o ABS e EBD, opcionais no modelo, ajudam a deixar o carro na mão do condutor. Nota 8 |
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Interatividade - O Vectra GT tem uma ergonomia satisfatória. Boa parte dos comandos são práticos e estão ao alcance das mãos. Mas os comandos da coluna de direção continuam pouco intuitivos, como as hastes para acionar setas e limpadores de vidros. Além de curtas, são rígidas demais. A leitura do quadro é boa e simples. O modelo conta com regulagens de altura e de profundidade do volante e do banco. O câmbio tem engates precisos e relações curtas, mas poderia ser um pouco mais suave. A visibilidade é dificultada pelas largas colunas laterais e traseiras. Nota 7 |
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Consumo - As mudanças no motor parecem ter tornado o Vectra GT mais amistoso no consumo. O modelo testado registrou a média de 7,3 km/l com álcool, em circuito de 2/3 cidade e 1/3 estrada. Razoável para um 2.0 oito válvulas. Nota 7 |
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Conforto - Há pouco espaço para ombros e um limitado vão para as cabeças. Já o espaço para pernas é normal dentro do segmento e atrás dois adultos e uma criança conseguem viajar com certa tranquilidade. Pelo menos, os bancos foram redesenhados e ficaram mais anatômicos. A calibragem da suspensão, em contrapartida, é impecável. O modelo filtra muito bem as irregularidades da pista. O isolamento acústico, porém continua falho. Ao atingir 100 km/h, o barulho do motor e dos pneus entram no habitáculo sem pedir licença. Nota 7 |
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Tecnologia - O veterano propulsor 2.0 8V Família II da GM ganhou mais disposição e eficiência. O Vectra GT, no entanto, mescla uma plataforma de mais de 10 anos, do veterano Astra brasileiro, com uma do Astra europeu, que já está em fim de vida na Europa - uma nova geração do hatch por lá é aguardada para o final desse ano. O modelo ainda carece de uma gama maior de itens de segurança. Só oferece airbag duplo de série e ABS e EBD como opcionais. Os equipamentos de conforto acompanham o segmento e o modelo ganhou um novo sistema de som com entrada SD Card e Bluetooth. Nota 7 |
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Habitabilidade - Alvo de críticas e queixas dos consumidores, segundo pesquisas de mercado da própria montadora, o habitáculo do hatch foi modificado para abrir novos porta-objetos, praticamente inexistentes na linha até então. Mesmo assim, os novos espaços continuam pouco práticos. Os das portas acomodam itens pouco volumosos e o porta-trecos à frente do câmbio é de difícil acesso. O porta-malas de 345 litros está condizente com o espaço oferecido pelos rivais e os acessos ao carro são decentes. Nota 6 |
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Acabamento - Para abrir pequenos espaços, a GM improvisou e deixou de lado um maior cuidado com o acabamento interno. O nicho criado nas portas é um tanto tosco e é revestido de materiais de qualidade duvidosa. Há falhas nos fechamentos e encaixes do porta-luvas e dos painéis das portas. No restante, os materiais utilizados pelo menos transmitem sensação de qualidade aos olhos e ao toque. Nota 7 |
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Design - O Vectra GT pode não ser um veículo moderno tecnologicamente, mas suas linhas evocam algum arrojo desde seu lançamento, em 2007. A frente ficou mais agressiva com os vincos invertidos no capô, os para-lamas mais encorpados, a nova grade frontal e os faróis ainda mais angulosos. A traseira inspirada no Opel Astra europeu também ainda transmite modernidade. Nota 8 |
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Custo/benefício - A versão GT do Vectra parte dos R$ 56.034 e completa, com transmissão automática, chega a R$ 61.700. Oferece basicamente o mesmo que seus rivais diretos e na mesma faixa de preço. Nota 7 |
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Total- O Vectra GT somou 72 pontos em 100 possíveis. NOTA FINAL: 7,2 |
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