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No novo Fusion, V6 fala alto e tração integral mantém carro preso ao chão

Ricardo Panessa

Especial para o UOL<br>Na Bahia

08/05/2009 14h28

Se o segmento dos sedãs médios e grandes carrega no Brasil a pecha de ser voltado para "tiozões", a nova geração do Ford Fusion (modelo 2010), tanto com a motorização de quatro cilindros quanto com o V6, desmistifica essa percepção. Dotado de todos os requintes de conforto e bem-estar à bordo, a linha que Ford acaba de apresentar ao público brasileiro demonstrou na manhã desta sexta-feira (8), durante test-drive de cerca de 80 km em pista plana, ao nível do mar da Bahia, uma performance bem mais dinâmica e esportiva do que se espera de veículos dessa categoria.
 

  • Não, ele não tem cara de tiozão -- e nem desempenho: Ford Fusion 2010 V6 agrada bastante a quem gosta de dirigir esportivamente, mas não abre mão de um certo luxo

O Fusion 2010 é montado sobre a mesma plataforma com que foi lançado em 2006, mas incorpora novos recursos e muita tecnologia embarcada, que o tornam um automóvel sensivelmente mais moderno. Enquanto a versão de quatro cilindros em linha, agora com 173 cv de potência (dez a mais que o modelo 2009), apresentou como principal diferencial, em termos de desempenho, o novo câmbio automático de seis velocidades (o anterior tinha apenas cinco), além de um discreto aumento na capacidade cúbica (de 2,3 litros para 2,5 litros), a versão 3.0 V6 de 24 válvulas e 243 cv destaca um pacote que inclui tração nas quatro rodas sob demanda e câmbio automático de seis velocidades, com modo de trocas sequencial.
 

ÁLBUM DE FOTOS
Divulgação
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Ao contrário do que muitos imaginam, a tração AWD (all-wheel drive) não otimiza o desempenho do veículo apenas sobre pisos com baixo nível de aderência, como pista molhada ou de terra. Esse recurso permite aproveitar o máximo do torque que o motor transmite às rodas, sem perder potência e melhorando a estabilidade em qualquer situação de uso.

Sob chuva durante todo o percurso nesta sexta, conduzir o novo Fusion foi um agradável exercício de direção, sob todos os aspectos. O conforto interno, o requinte do acabamento e o discreto luxo disponível na cabine destacam-se ao primeiro contato. Mas, girada a chave de ignição e com o motor em movimento, é ele que fala mais alto aos sentidos do motorista. O ronco do propulsor, aliás (e segundo a engenharia da Ford), foi cuidadosamente dimensionado para passar sensação de esportividade, sem todavia comprometer o baixo nível de ruído interno.
 

  • Ficha técnica Fusion 2010 2.5 e 3.0 V6

    O sistema de tração integral, ao contrário do que a sigla AWD pode sugerir, não atua o tempo todo. Em condições normais de uso, com acelerações moderadas, pisos de boa aderência e curvas comportadas, a tração é totalmente dirigida às rodas dianteiras. Durante o test-drive isso foi absolutamente suficiente, apesar do aguaceiro que caía sobre a Linha Verde, que margeia o litoral norte baiano.

    Mas, a título de avaliação do Fusion, foram solicitadas arrancadas vigorosas, retomadas de velocidade mais audaciosas e curvas levemente acima do recomendado para um pai de família... O sistema responde prontamente, otimizando a distribuição de torque e tração da melhor forma possível. Segundo Klaus Millo, gerente de engenharia veicular da Ford para a América do Sul, o AWD que a Ford escolheu para o Fusion é capaz, quando necessário (vale dizer, sob demanda), de transferir até 90% da tração para as rodas traseiras.

    UMA QUESTÃO DE CUSTO

    Em abril, um dos piores meses de vendas no mercado dos Estados Unidos, o novo Fusion teve 18 mil unidades comercializadas. No Brasil, a expectativa é manter a média mensal de mil unidades que o modelo vem conseguindo assinalar apenas com a antiga versão de 2,3 litros. Para garantir isso em tempos de crise no setor, a Ford colocou o novo Fusion num patamar de preço bastante competitivo frente aos seus principais competidores.

    Disponível desde esta quinta (7) em sistema de pré-venda em toda a rede de concessionários Ford por R$ 84.900 (Fusion 2.5) e R$ 99.900 (Fusion 3.0 V6), segundo pesquisa de mercado apresentada pela própria Ford durante a apresentação à imprensa, os principais concorrentes para a versão de 4 cilindros são: Honda Accord 2.0, de 156 cv e R$ 93.370 de preço sugerido; VW Jetta 2.5, de 170 cv e preço de R$ 86.990; Honda Civic EXS 1.8 de 140 cv e preço de R$ 83.810; Toyota Corolla SE-G 1.8 de 136 cv e preço de R$ 82.778; e Citroën C4 Pallas, que tem preço de tabela de R$ 79.927.

    Já a versão V6 top de linha do Fusion vai encarar, com vantagens se considerado os itens que o modelo Ford oferece em relação aos concorrentes, modelos como o Hyundai Azera V6 (R$ 93.900); Chevrolet Omega V6 (R$ 122.400); Honda Accord V6 (R$ 144.500); Toyota Camry V6 (R$ 154.700); Peugeot 407 V6 (R$ 158.500); e VW Passat V6, este também com tração integral, mas custando quase 70% a mais que o Fusion, R$ 169.100.

    As suspensões foram mantidas iguais às da versão 2009, independente nas quatro rodas, de duplo-triângulo (como nos atuais carros de Fórmula 1) na dianteira e tipo Multilink na traseira, com molas e amortecedores dimensionados para a proposta do modelo: o Fusion é macio sem ser mole, e firme sem ser duro. No asfalto, isso se traduz numa excelente relação entre conforto e estabilidade.

    Já a transmissão automática de seis marchas com modo sequencial (disponível apenas no V6) permitiu trocas sensivelmente rapidas, mesmo no modo Drive. No manual, a emoção aumenta, com o ponteiro do conta-giros atingindo as 7.000 rotações em todas as trocas. Em termos de desempenho, o fato é que de "tiozão" o Fusion V6 não tem mais nada.

    O pacote tecnológico incorporado ao novo Fusion inclui direção elétrica, controle integrado de estabilidade e tração, freios ABS com EBD (que distribui adequadamente a força de frenagem em todas as rodas), além de um central multimídia batizada de Sync (já presente no recém-lançado crossover Edge), com 10 giga de memória e controlada por uma nada modesta tela touch-screen de oito polegadas, localizada no centro do painel, que também aceita comandos por voz.

    O test-drive não permitiu medições, mas, segundo a Ford, o Fusion V6 acelera de 0 a 100 km/h em apenas 8,5 segundos (9,9s no quatro cilindros) e consegue percorrer 7,3 km por litro de gasolina na cidade e 11,7 km/l na estrada. A velocidade máxima é limitada eletronicamente a 180 km/h.

    DESEMPENHO OU LUXO?
    Os dois. A cabine do Ford Fusion, em ambas as versões, é requintada e extremamente confortável. Os bancos oferecem ajustes elétricos e ar-condicionado com controle individual de temperatura para motorista e passageiro, além de um agradável visual high-tech. O quadro de instrumentos é dotado de iluminação permanente na cor batizada pela Ford de "ice blue", com superfície tridimensional, que permite boas visualização a qualquer hora do dia.

    O sistema de som inclui DVD, CD/MP3 Player, da Sony, com conexão para iPod, USB e celular Blue-Tooth, capaz de armazenar até 10 giga de músicas e imagens. O sistema é Dolby 5.1 Surround, com 390 W de potência e 12 alto-falantes. Ouvir o empolgante ronco do motor ou a música preferida nesse sistema de som será um dilema para o motorista do Fusion.

    O requinte interno é destacado também pelo sistema de personalização -- o Ambient Lighting --, que permite escolher entre sete cores diferentes para iluminar alguns pontos-chave da cabine, dando um tom bem futurista e um efeito de estilo no interior do veículo (o Edge tem o mesmo recurso). Com essa modernidade toda, o Fusion 2010 tem tudo para conquistar antigos e novos consumidores. Jovens e "tiozões".

    Viagem a convite da Ford do Brasil