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Prisma 1.0 VHCE melhora em custo/benefício para batalhar um lugar ao sol

Da AutoPress

Especial para o UOL

22/05/2009 17h22

No Brasil, quem tradicionalmente lidera as vendas dos carros novos são os compactos de entrada -- modelos na faixa dos R$ 25 mil, que oferecem versões com motores de 1,0 litro e equipamentos bem básicos. Com a chegada da configuração VHCE do Prisma, em março, o sedã compacto da Chevrolet ficou mais barato e passou a se enquadrar perfeitamente neste perfil. E o resultado, mais que esperado, foi a ampliação das vendas do três-volumes derivado do Celta. Antes disponível apenas com o motor 1.4 flex, o Prisma tinha preço a partir de R$ 30 mil. Agora, com o propulsor 1.0, o sedã compacto começa em R$ 27.686. Este valor o aproxima do Chevrolet Classic, que custa R$ 25.379 e é o três volumes mais acessível do país.

  • Pedro Paulo Figueiredo/Carta Z Notícias

    Aura jovem e motor 1.0 VHCE posicionam Prisma entre sedãs compactos de entrada

Justamente por conta desse "reposicionamento", a General Motors deposita grande expectativa no Prisma. Afinal, o modelo lançado em 2006 tem um design contemporâneo e cacife para ajudar a GM a manter o posto de maior vendedora de sedãs compactos no Brasil. A projeção do mix de vendas comprova a teoria de que a marca espera uma elevação na comercialização do modelo. Mal chegou ao mercado, a configuração 1.0 VHCE já responde por 40% dos emplacamentos, com os 60% restantes para as versões movidas pela unidade de força de 1,4 litro flex.
 

A expectativa da GM é que o Prisma some cerca de 5.300 unidades comercializadas em maio. São quase 900 a mais que as 4.698 unidades de abril e mais de mil sobre a média mensal de 4.264 vendas, registradas nos quatro primeiros meses de 2009. Um crescimento superior a 20% que coloca o modelo no bolo, em uma briga direta com Fiat Siena, Volkswagen Voyage, Ford Fiesta sedã e Renault Logan, além do próprio Chevrolet Classic. Todos com suas versões mais simples, equipadas com motores bicombustível de 1,0 litro.

Nessa disputa, o pacote de equipamentos de série do Prisma é compatível com a proposta do segmento, principalmente na versão superior Maxx. Vendida a partir de R$ 28.800, traz direção hidráulica de série, indisponível na básica Joy, além de todos os outros itens do modelo de entrada -- que não são exatamente luxuosos. De série tem apenas calotas para cobrir as rodas de aço de 14 polegadas, desembaçador do vidro traseiro, ar quente, retrovisores laterais com ajuste manual interno, protetor de cárter, quadro de instrumentos com conta-giros e relógio digital, vidros verdes e brake-light.
 

ACELERADAS

- O Prisma foi lançado no mercado brasileiro em outubro de 2006, seis anos após a estreia do Celta, hatch compacto do qual é o três volumes é derivado.
- Assim como o hatch Celta, o Prisma é construído sobre uma plataforma baseada na estrutura da primeira geração do Corsa sedã, lançada no Brasil em 1994.
- O Prisma tem apenas quatro cores possíveis para a carroceria: branco, preto, vermelho e prata, a única metálica, que adiciona R$ 645 ao preço final do modelo.
- O motor 1.0 8V VHCE flex também está sendo aplicado ao hatch Celta e ao sedã Classic.
- Na versão Maxx do Prisma, a chave de contato vem com comandos de abertura e travamento remoto das portas.
- O porta-malas do Prisma comporta 439 litros, volume ligeiramente superior ao do Corsa sedã, com 432 litros de capacidade no compartimento. Mas é menor que o dos rivais Fiat Siena e Volkswagen Voyage, que levam 500 e 480 litros, respectivamente.

Ar-condicionado, alarme, pintura metálica e vidros e travas elétricos elevam o valor do Prisma Maxx para R$ 33.334. Este é o preço máximo do sedã compacto equipado com a unidade de força 1.0 VHCE. Nas versões Joy e Maxx 1.4 flex, os preços vão de R$ 30.741 a R$ 37.345 e esbarram nos modelos da "faixa" superior, equipados com motores 1.4 e 1.6. São os casos de Peugeot 207 Passion, Chevrolet Corsa sedã e Renault Symbol -- que substituiu recentemente o Clio sedã.

A introdução do motor 1.0 VHCE flex impactou de forma significativa o espectro de atuação do Prisma. Tanto que a própria unidade de força ficou um pouco de lado. Mas por uma causa justa. Na verdade, as novidades na mecânica foram exclusivamente para se adaptar às novas regras do programa de controle de emissões de poluentes do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente). A engenharia da GM recalibrou o software que coordena o sistema de injeção eletrônica. Assim, o propulsor passa a gerar 77/78 cv de potência com gasolina/álcool aos 6.400 rpm e um torque máximo de 9,5/9,7 kgfm aos 5.200 giros -- ante os 70/72 cv e 8,8/9,0 kgfm anteriores.

A GM aproveitou as mudanças para fazer também o inexorável "marketing ecológico", explícito na letra "E" destacada em verde na tampa do porta-malas, junto à sigla VHC (de Very High Compression). Segundo a montadora, a letra reúne três significados: ecológico, econômico e energético. Mas o que interessa mesmo à GM é que o Prisma tenha bastante fôlego para ampliar a posição da marca como especialista em vender sedãs no Brasil.

IMPRESSÕES AO DIRIGIR
Dos sedãs compactos da GM, o Prisma foi o último a ser lançado, em 2006. Apesar de ser o mais jovem, era o único que nunca ofereceu uma versão equipada com motor 1.0. Isso porque a estratégia inicial da GM era deixar o modelo brigando em uma faixa de preços superior, entre os sedãs 1.4 e 1.6. Agora, após quase três anos, o sedã compacto derivado do Celta recebe finalmente oferece as versões Joy e Maxx com o propulsor 1.0 VHCE flex, que tem um desempenho afinado com seu público.

  • Pedro Paulo Figueiredo/Carta Z Notícias

FICHA TÉCNICA

Chevrolet Prisma Maxx 1.0 8V VHCE flex
Motor: A álcool e a gasolina, dianteiro, transversal, 999 cm³, quatro cilindros em linha, duas válvulas por cilindro e comando simples no cabeçote. Injeção eletrônica de combustível multiponto sequencial. Acelerador eletrônico.
Transmissão: Manual com cinco marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira. Não oferece controle eletrônico de tração.
Potência: 78 cv a álcool e
77 cv a gasolina a 6.400 rpm.
Torque: 9,7 kgfm a álcool e
9,5 kgfm a gasolina a 5.200 rpm.
Diâmetro e curso: 77,6 mm x 73,4 mm.
Taxa de compressão: 12,6:1.
Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson, com molas helicoidais e amortecedores hidráulicos. Traseira semi-independente por eixo de torção, com molas helicoidais progressivas do tipo barril, amortecedores hidráulicos e barra estabilizadora. Não oferece controle eletrônico de estabilidade.
Freios: Dianteiros a discos sólidos e traseiros e tambor.
Carroceria: Sedã compacto em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Dimensões: 4,12 metros de comprimento, 1,64 metro de largura, 1,46 metro de altura e 2,44 metros de distância entre-eixos.
Peso: 921 kg.
Porta-malas: 439 litros/829 litros com rebatimento.
Tanque: 54 litros.

A recalibragem feita pelos engenheiros da GM no sistema de injeção eletrônica entregou alguns cavalos a mais ao motor VHCE. A unidade de força despeja agora 77/78 cv de potência com gasolina/álcool aos 6.400 rpm e um torque máximo de 9,5/9,7 kgfm aos 5.200 giros, na mesma ordem, ante os antigos 70/72 cv e 8,8/9,0 kgfm. Na prática, o resultado são acelerações ágeis, principalmente nas arrancadas. As três primeiras relações do câmbio manual são mais curtas e fazem os giros do motor subirem rapidamente, alcançando os 4 mil rpm, faixa em que grande parte do torque é liberada.

Para arrancar de zero a 60 km/h, são necessários bons 6,1 segundos. Já na aceleração de zero a 100 km/h, leva-se demorados 14,3 segundos. Nas retomadas, o tempo é ainda mais longo. Foram 14,8 segundos para resgatar o fôlego de 60 km/h aos 100 km/h em 4ª marcha. Quer dizer, apesar do comportamento bem disposto no trânsito urbano, o motor 1.0 VHCE flex não esbanja virilidade. E nem é esse o objetivo. Trata-se de um propulsor pensado para oferecer economia de combustível. Com álcool, a média não foi lá tão surpreendente: 8,2 km/l. Ainda assim, é uma marca longe de ser desprezível, num país de carros flex tão beberrões.

Já em relação ao comportamento dinâmico, o Prisma não oferece grande equilíbrio. Nas retas, a comunicação entre rodas e volante é imprecisa e obriga o condutor a corrigir constantemente a trajetória. A sensação de flutuação também não tarda e surge nas faixa dos 120 km/h. Já nas frenagens, a dianteira embica demais. E nas curvas fechadas, a carroceria torce em excesso e ameaça desgrudar as rodas traseiras do asfalto, deixando claro que o sedã compacto não recomenda uma "tocada" mais agressiva. Até porque a suspensão foi calibrada para ser mais macia, privilegiando o conforto.

Mas mesmo dentro dessa proposta de ser um carro mais confortável, o Prisma tem suas limitações. A começar pelo espaço interno reduzido. Pernas e cabeças andam justinhas, sem folgas. Mas, definitivamente, os quesitos que mais deixam a desejar no três volumes são o acabamento e a ergonomia. Embora os comandos em geral estejam bem posicionados, não há regulagens de altura no assento do motorista e no volante -- que apresenta um desvio para a esquerda, por causa da caixa de roda. E o painel de plásticos rígidos tem texturas que não seduzem os olhos e o toque, além de aparentarem baixa qualidade.

De qualquer forma, a intenção da GM com a versão 1.0 do Prisma é vender. E dentro dessa proposta, a versão Maxx avaliada, de R$ 33.334, oferece um conteúdo de série correto pelo preço cobrado. Vem equipada com ar, direção hidráulica, vidros e travas elétricos. Não é muito, mas é o suficiente para o segmento no qual GM quer tornar o jovem modelo popular. (por Diogo de Oliveira)
 

DE ZERO A 100 PONTOS, O CHEVROLET PRISMA MAXX 1.0 8V VHCE FLEX

Desempenho - Apesar das limitações inerentes a um modelo equipado com motor 1.0 litro, o Prisma surpreende. A unidade de força está mais ágil com as mudanças na calibração do sistema de injeção eletrônica. Os 9,7 kgfm de torque obtidos com álcool são despejados totalmente somente aos 5.200 rpm e, por isso, demoram a entrar em ação. Mas a partir dos 4 mil giros a unidade de força VHCE já disponibiliza quantidade razoável de energia. E como as primeiras relações do câmbio manual são curtinhas, o resultado é um comportamento mais esperto no trânsito, com os giros do motor sempre elevados. Contudo, a performance nas acelerações e retomadas é contida. A arrancada de zero a 100 km/h consome 14,3 segundos e a retomada de 60 km/h a 100 km/h, 14,8 segundos, com a 4ª marcha engatada. A máxima é de 162 km/h. Nota 7.
Estabilidade - É um dos aspectos mais fracos do Prisma. Nas retas, a sensação de flutuação surge logo após os 120 km/h. Já nas curvas, o modelo tende a torcer excessivamente a carroceria. E nas frenagens, a frente mergulha com vontade. Outro ponto negativo é a comunicação entre rodas e o volante. O condutor é forçado a corrigir a trajetória constantemente. Nota 6.
Interatividade - Os comandos, em geral, são bem organizados no Prisma. Ficam todos onde devem estar, corretamente posicionados. O quadro de instrumentos também oferece boa leitura, embora os numerais do velocímetro e do conta-giros sejam menores que o desejável. A verdade, porém, é que o sedã compacto da GM tem várias limitações. Faltam regulagens de altura para o banco do motorista e para a coluna de direção. Mas a principal delas é o volante desalinhado em relação ao banco do condutor - um problema de projeto herdado do Corsa que afeta diretamente a ergonomia. Por fim, o câmbio manual tem engates esponjosos e imprecisos. Por vezes, o condutor é forçado a procurar a marcha. Nota 6.
Consumo - O Prisma registrou uma média de 8,2 km/l de álcool num percurso com 2/3 de cidade e 1/3 de estrada. O resultado é bom, mas levando-se em consideração a letra "E", do marketing "ecologicamente correto" da GM, poderia ser melhor. Nota 8.
Conforto - O espaço interno do Prisma é bastante limitado. O entre-eixos, de 2,44 metros nem é curto, mas o habitáculo não oferece sobras nem para pernas, nem para cabeças. No banco traseiro, viajam apenas dois adultos e uma criança pequena. Os bancos de espessura fina e espumas de densidade elevada também são pouco confortáveis em passeios mais longos. A suspensão mais macia tenta compensar. Já o isolamento acústico é afetado constantemente pelo barulho do motor, que trabalha a maior parte do tempo com giros altos e "berra" sem cerimônia. Nota 6.
Tecnologia - Faz apenas três anos que o Prisma foi lançado no mercado brasileiro. Mas a estrutura em monobloco, também utilizada no hatch Celta, foi adaptada da plataforma da primeira geração do Corsa, de fevereiro de 1994. O motor 8V de 1,0 litro é outro componente com origem na década de 90. Só que a unidade de força ganhou desenvolvimentos e ajustes ao longo dos anos, como roletes nas válvulas e recalibração da injeção eletrônica, que elevaram potência e torque e ainda reduziram a emissão de poluentes. Já no caso dos itens de série, a versão Maxx combinada ao motor 1.0 tem um pacote restrito. Traz basicamente direção hidráulica, ar-condicionado e travas e vidros elétricos. Nota 6.
Habitabilidade - Há uma quantidade razoável de porta-objetos no Prisma, sem fartura. Já o porta-malas de 439 litros é afetado pelo vão estreito de acesso, mas oferece um espaço amplo, que com o banco traseiro rebatido chega a significativos 829 litros. Trata-se de um volume competitivo para a categoria. Nota 7.
Acabamento - As peças plásticas que cobrem o interior do Prisma não impressionam os olhos e tampouco as mãos. As texturas escolhidas transmitem uma sensação de fragilidade e de falta de qualidade dos materiais. Algumas peças têm encaixes imprecisos, com folgas visíveis. Também há rebarbas aparentes, embora não sejam numerosas e gritantes. E a iluminação do interior é limitada aos bancos dianteiros. Nota 6.
Design - A cara do Prisma determinou o face-lift que o Celta sofreu há pouco mais de dois anos. Até as portas traseiras, os dois são iguaizinhos. Depois delas, surge o terceiro volume, bem desenhado e de traços elegantes. As linhas em geral são repletas de vincos, bem ao estilo da Chevrolet, e têm bastante harmonia. Na dianteira, os faróis encorpados envolvem a nova grade bipartida com a clássica gravatinha dourada ao centro -- adotada recentemente no sedã. Já na traseira, as lanternas tem três seções de luz, com a central em fundo branco para as luzes de direção e as outras duas com lentes vermelhas. Nota 8.
Custo/Benefício - É o ponto chave na versão Maxx avaliada, com o motor 1.0 VHCE. Os R$ 28.800 pedidos colocam o Prisma na briga direta com outros sedãs compactos de entrada, como Fiat Siena, Volkswagen Voyage e Ford Fiesta, que também oferecem versões equipadas com motores mil. E por R$ 33.334, o modelo completo oferece uma lista de série mais justa e compatível com o segmento, com itens como direção, ar, vidros e travas elétricos. Nota 9.
Total - O Prisma Maxx 1.0 VHCE flex somou 69 pontos em 100 possíveis. NOTA FINAL: 6,9