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Vectra GT-X, ou 'Azulão', agrada no visual, mas deve na performance

Claudio de Souza

Do UOL, em São Paulo (SP)

02/06/2009 13h53

A reestilização da gama Vectra atingiu também a versão hatch do modelo, a GT, que tinha menos de dois anos no mercado quando entrou na faca para receber a dianteira alinhada à identidade global da Chevrolet -- com a grade frontal partida ao meio por uma barra na cor da carroceria. Assim, o Vectra GT ficou praticamente idêntico a seus correspondentes nos mercados europeu e norte-americano, onde têm o nome Astra.
 

  • Divulgação

    O Vectra GT-X Remix entrega design e charme de sobra, mas falta pimenta

A mudança atingiu também a versão GT-X, mais equipada e esportiva (ao menos na intenção) que a GT. Ambas ganharam a alcunha Remix -- uma tentativa de apelar ao eventual consumidor jovem que torce o nariz para o vetusto Vectra sedã, mas que, quanto ao design, não tem do que reclamar do dois-volumes.

Rodamos com uma unidade do Vectra GT-X por uma semana, com a carroceria na nova e exclusiva cor "azul arian", criada pela OPC, divisão esportiva da combalida Opel (subsidiária alemã da General Motors). Como dissemos, o visual do Vectra GT-X é um de seus maiores trunfos, e com essa pintura -- que custa R$ 819 -- ele vira atração por onde passa (há outras opções de cores, algumas também marcantes).
 

Claro, as opiniões se dividem. A atendente de uma loja diante da qual o Vectra foi estacionado chegou a perguntar se a cor era "de verdade mesmo", no sentido de estar efetivamente disponível para o consumidor -- isso porque ela nem sabia que o abóbora metálico usado no lançamento do Vectra GT em 2007 era apenas para jornalista ver. Já uma amiga do repórter preferiu apelidar o Vectra de "Azulão", com alguma dose de ironia.

Visualmente, o Vectra GT-X difere pouco do GT. Por fora, a principal diferença é a luz de cortesia sob os retrovisores, que se acende já quando o motorista aciona as portas via controle remoto, facilitando a movimentação próxima ao veículo em locais escuros. As rodas de liga-leve são de 17 polegadas (com grafismo renovado), contra 16 polegadas no GT sem o "X". De resto, são mantidos itens de estilo interessantes, como os faróis agressivamente escurecidos e as lanternas traseiras com acabamento fumê.

No conteúdo, o GT-X simplesmente transforma em equipamento de série o que é opcional no GT. Assim, o hatch sai de fábrica com aviso de cinto de segurança do motorista destravado; cintos dianteiros com pré-tensionador, retráteis e com regulagem de altura; freios com ABS (antitravamento) e EBD (distribuição eletrônica de frenagem), a disco sólido na traseira; piloto automático e sensor de chuva. Os airbags frontais são de série também. A unidade testada veio com a transmissão automática de quatro velocidades, sem opção de troca sequencial, mas com modo esportivo (a tradicional tecla Sport). Já os bancos em couro são uma exclusividade dessa versão. De resto, todos os conteúdos esperáveis num carro desse segmento estão presentes -- como ar-condicionado digital, trio elétrico, regulagens de posição de banco e volante etc.

O Vectra GT-X A/T custa R$ 67.912, contra R$ 64.134 do carro dotado de câmbio mecânico. Já o hatch na versão GT sai por R$ 61.700 (A/T) e parte de R$ 56.034 na manual. São os preços oficiais da Chevrolet; a Tabela Fipe aponta o GT-X automático por R$ 66.566. O modelo é apenas o sétimo mais vendido entre os hatches médios (4.125 unidades este ano, ou 7,62% do segmento), ganhando apenas do recém-chegado Citroën C4 e do Nissan Tiida entre os nacionais e feitos no Mercosul/México (veja o relatório completo da Fenabrave).

IMPRESSÕES
Por dentro, o Vectra dois-volumes oferece bom espaço para quatro pessoas, mas isso não impede que a sensação geral seja a de estar num carro defasado quanto a soluções de conforto e ergonomia. Por exemplo, a GM aumentou o número de porta-objetos (uma falha clamorosa no GT de 2007), mas a primeira mulher que entrou no GT-X testado perguntou, logo de cara: "Onde está o 'meu' porta-copo?" Pois é: só tem para quem vai atrás.

Alguns comandos parecem dispostos aleatoriamente no painel frontal -- por exemplo, é nele que fica a tecla Sport, bem longe do câmbio. Os instrumentos, redondos, ficaram muito bonitos com o contorno em branco, mas são de leitura um tanto confusa; e a tela do computador de bordo é de uma pobreza constrangedora. No carro automático, a alavanca do câmbio corre num trilho vertical. Por isso, é comum passar da posição desejada -- ao sair da ré para Drive, a alavanca pode deslizar até a posição 3 (que limita a transmissão à terceira velocidade).

A condução do Vectra GT-X não tem a esportividade sugerida pela sigla, mas pode ser divertida. A suspensão foi recalibrada e ficou mais firme, ressaltando a principal qualidade dinâmica já notada nesse dois volumes desde 2007: a estabilidade. É gostoso "fazer curva" com ele. Só que os pneus baixos, de perfil 215/45, cobram seu preço com um certo excesso de impactos, que não são neutralizados e podem incomodar os ocupantes.
 

FICHA TÉCNICA OFICIAL

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    Vectra GT-X traz sob o capô o motor FlexPower 2.0 8V já com ganho de potência

O velho conhecido motor 2.0 FlexPower, de oito válvulas, também foi remixado para o modelo atual e ganhou mais potência, atingindo 140 cavalos (12 a mais que antes) a 5.600 rpm quando abastecido com álcool (como a unidade que experimentamos). Com gasolina, gera 133 cv. O torque chega a 19,7 kgfm a 2.600 rpm (álcool) e 18,9 kgfm a 2.600 rpm (gasolina). São números até adequados para o peso e o tamanho do Vectra GT-X, mas passam longe de ser notáveis. E, como o motorista nada pode fazer para apimentar as trocas de marcha, acaba ficando à mercê de uma transmissão que deveria ter ao menos mais uma velocidade, e que pode hesitar na hora de agregar força em arrancadas e retomadas.

A tecla Sport produz um imediato efeito de "enrijecimento" do Vectra GT-X e adia as trocas às vezes até os 5.000 giros. Pode ser interessante para condução na estrada, mas na cidade seu principal efeito é tornar mais nítidos os trancos a cada mudança. De resto, os freios do Vectra pareceram bem confiáveis, com o ABS trabalhando à menor possibilidade de escorregada.

Ficou salgada a conta entregue pela soma de trem de força ultrapassado, trânsito urbano e uso de álcool num sistema bicombustível. Aliás, exatamente como se esperava. Obtivemos a fraca média de 5,3 km/l. Os valores prometidos pela GM são de 9,6 km/l na estrada e 7 km/l na cidade usando o combustível vegetal.

A atual geração da gama Vectra pode ser a última. O sedã global Chevrolet Cruze, mostrado em Paris em 2008, é o candidato a substituí-la. E o Vectra hatch, que se espelha nos Astra gringos (das marcas Opel na Europa e Saturn nos EUA), tem o caminho da renovação total a seguir. Mas se o seu futuro, como o da própria GM, é uma incógnita, seu presente é claramente o de um modelo muito mais interessante no visual do que na performance.