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Agradável ao volante, Strada Cabine Dupla abriga quatro com aperto

Ricardo Panessa

Especial para o UOL<br>Em Foz do Iguaçu (PR)

30/06/2009 14h50

Líder de mercado no segmento de comerciais leves há nove anos, a Fiat reforça agora sua posição com o lançamento da nova versão da Strada Adventure, única picape compacta derivada de automóvel com cabine dupla disponível no mercado (leia aqui o texto de lançamento). Pelo menos enquanto Volkswagen (com a Arena, sucessora da Saveiro e derivada do novo Gol), GM (com a picape da família Viva, sucessora da Montana) e Peugeot (com uma picape derivada do hatch 207) não apresentam seus modelos.
 

E se a primeira impressão é a que fica, a picape Fiat Strada Adventure Cabine Dupla deixa uma ótima ao primeiro contato visual. Assim como os demais modelos da linha Adventure -- a própria Strada, Palio Weekend, Dobló e Idea -- a nova versão da picape foca o visual esportivo para conquistar o público jovem, de hábitos outdoor. A parafernália de molduras plásticas pretas ao redor do carro transmitem aspecto aventureiro ao modelo, como já ocorria com a versão cabine estendida. As rodas de aro 15" calçadas com pneus de uso misto 205/70 R15 e a suspensão elevada (200 mm de vão livre até o solo, com o carro vazio), confirmam sua vocação para trafegar entre o asfalto e as estradas não pavimentadas.

A Strada Adventure passa ainda a impressão de ser maior do que realmente é, com seus 4,46 m de comprimento, 1,74 m de largura, 1,63 m de altura e 2,75 m de distância entre-eixos.

FANTASIA
O acentuado visual aventureiro fica reforçado ao volante. O painel também tem aspecto descontraído, com mostradores extras contendo bússola e inclinômetros, mas exagera no quadro de instrumentos que, embora bastante completo e de fácil visualização, é carnavalesco demais.

  • Divulgação

    Strada Cabine Dupla tem boa dirigibilidade, com volante direto e preciso; espaço interno é curto

Avaliada num modesto percurso de cerca de 15 quilômetros dentro da Usina de Itaipu, onde foi apresentada à imprensa, a nova Strada não decepciona. O conhecido propulsor 1.8 8V Flex, de 114 cv quando alimentado com álcool, não chega a ser virtuoso mas garante desempenho vigoroso, com boas acelerações e retomadas. Segundo a Fiat, o modelo acelera de 0 a 100 km/h em 11,8 segundos (com o nosso etanol) e atinge velocidade máxima de 175 km/h. As más línguas dizem que essa motorização prejudica o consumo, mas a Fiat jura que a Strada 1.8 percorre até 15,3 quilômetros por litro, na estrada e abastecida com gasolina.
 

Mas ao volante, durante a avaliação, o que mais chamou a atenção foram as suspensões. Independentes na dianteira, com barra estabilizadora, e com eixo rígido tipo Omega, molas parabólicas longitudinais na traseira, o conjunto apresentou boa relação entre maciez e conforto, além de baixo nível de ruído interno.

A Fiat informa que a nova versão recebeu molas traseiras mais macias e amortecedores dianteiros Power-shock. Dotados de tecnologia Magneti Marelli Cofap, esses amortecedores possuem molas internas anti-roll, aumentando a estabilidade em curvas e evitando o desagradável efeito de inclinação lateral.

Ainda assim, aproveitando o vigor do motor 1.8 e o trecho de terra bastante seguro, a traseira (alta e vazia) mostrou leve tendência sobre-esterçante nas curvas mais exigentes. O recurso oferecido pelo Locker (opcional de R$ 1.300), que bloqueia uma das rodas dianteiras em caso de falta de aderência em velocidades de até 20 km/h, mostrou-se eficiente para transpor um obstáculo projetado exatamente para colocar em prova o sistema, e em freadas mais bruscas (o ABS também é opcional) a picape reagiu bem e com precisão. Ponto a favor também para a dirigibilidade no que diz respeito às reações do volante da direção, bastante direto e preciso, sem refletir as irregularidades do piso.
 

  • Divulgação

    "Se o motorista e o passageiro da frente usarem os bancos em posição normal, os de trás certamente terão problemas com as pernas, mesmo os mais baixos".

QUATRO APERTADOS
A posição de dirigir elevada facilita a condução, o volante da direção oferece boa pegada e a ergonomia é elogiável, com os principais comandos bastante intuitivos e ao alcance dos olhos e das mãos do motorista. Mas o espaço interno, em que pese a insistência da Fiat em dizer que se trata de um "projeto novo", acabou ficando limitado para as pernas dos quatro ocupantes. Se o motorista e o passageiro da frente usarem os bancos em posição normal, os de trás certamente terão problemas com as pernas, mesmo os mais baixos.

A Fiat informou que o projeto previu passageiros com estatura média de 1,75 m, mas durante o teste-drive, com quatro pessoas a bordo, o espaço mostrou-se suficiente, tanto na frente quanto atrás, em altura mas não em profundidade. Todos acabaram ficando apertados. Além disso, a caçamba também acabou prejudicada, oferecendo agora apenas 1,4 m² de espaço, 580 litros de capacidade volumétrica e 650 kg de capacidade de carga. Enfim, uma picape mais para o lazer do que para o transporte de carga, embora possa ter ficado ao gosto de jovens e casais solteiros ou com filhos pequenos.

A Fiat espera vender entre 1.000 e 1.500 unidades do modelo por mês, certamente com grande parte de consumidores migrando da versão cabine estendida que, custando pouco menos do que a nova versão cabine dupla, deixa de ser uma opção atraente.

*Viagem a convite da Fiat do Brasil