Fusion de 4 cilindros ganha modernidade visual, mas performance muda pouco
Na chegada do novo Ford Fusion, em maio último, a filial da montadora norte-americana bateu o tambor principalmente para o novo motor V6 de 3 litros e 243 cavalos, que vem acoplado ao sistema de tração integral nas quatro rodas (AWD). Trata-se de um conjunto inédito no modelo, e cuja performance foi descrita por UOL Carros aqui. Mas a chegada dessa versão nervosa não deve alterar o volume de vendas do sedã, que este ano crava a média de 770 unidades mensais. E a versão mais contida, de quatro cilindros, deve continuar respondendo pela maior parte dos emplacamentos.
O Ford Fusion 2010 traz nova grande dianteira e um visual que, de modo geral, ficou mais moderno; carro mantém o perfil alongado, e mede generosos 4,84 metros
Trata-se de uma questão de preço: o Fusion V6 sai da loja por R$ 99.900, enquanto o dotado de propulsor menor custa exatos R$ 15 mil a menos (R$ 84.900), mantendo intacto seu maior trunfo de mercado: o de ser um sedã grande (4,8 metros de comprimento) segundo os padrões brasileiros, mas que é vendido a preço de sedã médio top de linha (como o Toyota Corolla SE-G e o Honda Civic EXS completo).
O Fusion de quatro cilindros e 16 válvulas sofreu uma ligeira alteração no propulsor: sua capacidade cúbica subiu de 2.300 cm³ para 2.500 cm³ (aproximadamente), vale dizer, o carro agora é um 2,5 litros, e pode entregar 173 cavalos de potência (antes, chegava a 162 cv). A transmissão automática passou a contar com mais uma velocidade: são seis, contra cinco no modelo antigo. No entanto, a opção de trocas sequenciais ficou restrita ao carro com motor V6.
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Disponível na versão única de acabamento, a SEL (com ou sem teto-solar), o Fusion 2010 aposta num visual mais moderno e, ao mesmo tempo, menos "tunado" que o do modelo anterior. Por exemplo, a grade dianteira com três barras cromadas foi mantida, mas ganhou um desenho mais dinâmico, com bordas arredondadas e filetes em diagonal complementando o conjunto óptico. Este passou de vertical e "quadrado" a horizontal e trapezoidal, aumentando a impressão de movimento. O capô do motor ganhou músculos.
Visto por trás, o Fusion ficou mais elegante e volumoso, devido às lanternas de formato complexo e acabamento em padrão colmeia, e também à colocação da terceira luz de freio no limite da tampa do porta-malas.
ESPAÇO, MAS NÃO LUXO
Por dentro, o Fusion mudou o padrão dos instrumentos, passando a empregar um tom de azul no painel e nos botões e comandos iluminados da cabine. Por alguma razão que nos escapa, alguém na Ford achou que seria bonitinho oferecer a opção de mudar a cor de parte da iluminação interna do habitáculo (principalmente do assoalho). Ao toque de um botão, é possível escolher entre tons de roxo, azul, vermelho etc. O crossover Edge oferece a mesma tolice. Felizmente, em ambos é possível simplesmente manter a luz apagada.
A traseira do Fusion ficou mais bem-resolvida e imponente com o novo conjunto de luzes, incluindo a 3ª de freio; aspecto 'tunado' foi descartado no novo modelo
O acabamento em couro do Fusion oferece um toque de classe necessário para a disputa no segmento dos sedãs acima de R$ 80 mil. Vale o mesmo para os ajustes elétricos do banco do motorista. Mas a sensação geral do interior desse sedã não é exatamente de luxo, e sim de muito espaço e alto conforto -- ressalvando que a situação ideal, nesse sentido, sempre será a ocupação por quatro pessoas, em vez de cinco. O porta-malas é muito bom, de 530 litros, e mantém o sistema de abertura por dentro, a ser usado em alguma emergência criminal (um sequestro, por exemplo -- leia mais no box desta página).
De resto, o sistema interativo Sync, da Microsoft, não está disponível no Fusion quatro cilindros. Tudo bem: no V6 e no Edge ele ainda não funciona, porque está calibrado para funcionar nos Estados Unidos -- vale lembrar, a gama Fusion é fabricada no México e chega ao Brasil sem pagar imposto de importação.
- Ficha técnica completa da gama Fusion
O pacote de segurança inclui freio a disco nas quatro rodas com sistema ABS (antitravamento) e EBD (distribuição de frenagem), limitação de velocidade máxima em 180 km/h, seis airbags (frontais, laterais e de cortina), monitoramento de pressão dos pneus e controle eletrônico de estabilidade, entre outros itens.IMPRESSÕES AO DIRIGIRSAINDO PELA CULATRA
Voltado principalmente a executivos, o Fusion traz um recurso que permite a abertura do porta-malas pelo lado de dentro. O objetivo é explícito e indicado pelo grafismo da peça, que representa um homem correndo após saltar do veículo: poder escapar ao se ver preso no compartimento.
E UOL Carros também testou o dispositivo: com a tampa fechada, a alça de plástico ligada a um cabo de aço ganha aspecto fluorescente, facilitando a visão. Com uma puxada forte, a trava é liberada e o porta-malas se abre num único e rápido movimento.
Há ainda um botão de cada lado do suporte do banco -- eles rebatem o encosto quando acionados. Neste caso, o acesso é feito para o interior da cabine. (Eugênio Augusto Brito, da Redação)
Apesar do ligeiro aumento de cilindrada e potência, e também da disponibilização de mais uma marcha no câmbio automático, UOL Carros não percebeu uma grande evolução dinâmica no Fusion 2010 em relação ao modelo antigo.
O propulsor 2.5, que bebe apenas gasolina, consegue gerar um torque máximo de 22,9 kgfm aos 4.000 giros, um valor suficiente para deslocar com agilidade o peso do Fusion, de 1,5 tonelada -- mas sem proporcionar arrancadas vigorosas no trânsito urbano, nem ultrapassagens incisivas na estrada. Frequentemente o Fusion pareceu sonolento, precisando de uns bons cutucões do pé direito do motorista para acordar.
O câmbio automático de seis marchas (que parece ter quatro) é parcialmente responsável por essa sensação. Trocas sequenciais feitas pelo próprio condutor seriam uma solução interessante, mas o Fusion de quatro cilindros não mereceu esse incremento.
As suspensões independentes do Fusion garantem uma relativa maciez na condução, tornando muito agradável dirigi-lo numa estrada com boa pavimentação. Basta exagerar numa curva, porém, para notar que o carro tende a escorregar de lado -- exatamente como ocorria com o modelo anterior. No entanto, numa situação de condução normal o Fusion é bem confiável no quesito estabilidade. Só que o preço a pagar pelo posicionamento relativamente baixo da carroceria, o qual ajuda a segurar o carro na pista, é a inevitável "raspagem" em valetas, lombadas e mesmo entradas e saídas de garagem.
A Ford anuncia para o Fusion 2.5 um consumo médio de 9,4 km/l na cidade e 14,4 km/l na estrada. Dirigindo a maior parte do tempo em trânsito urbano, com algumas escapadas rodoviárias, UOL Carros chegou a uma média de 7 km/l de gasolina, segundo o computador de bordo. Convenhamos, é um número mais realista do que os divulgados pela montadora -- e bem pior do que os 9 km/l que registramos com o carro 2.3 no teste de 2008.
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