Topo

Honda City inicia nova ofensiva entre compactos, mas corre risco com preço alto

Da AutoPress

Especial para o UOL

02/08/2009 16h13

O City é um representante perfeito dentro da estratégia da Honda no Brasil. Desde que ergueu a fábrica de automóveis em Sumaré, no interior de São Paulo, em 1997, a montadora japonesa reforça a cada lançamento a imagem de sofisticação. Não por acaso, o novo sedã compacto da marca no país vem recheado de equipamentos de série e tem preço inicial elevado para o segmento: a partir R$ 56.210. Numa política bem típica da montadora, o valor é maior que o pedido em versões equivalentes dos rivais "premium" Volkswagen Polo sedã (com a novidade do câmbio automatizado apresentada na última semana) e Fiat Linea. Enquanto o modelo da Fiat começa em R$ 53.990 na configuração de entrada LX, o três volumes da Volks sai por R$ 52.910 na versão topo de linha Comfortline 2.0 com equipamentos similares.

  • Diogo de Oliveira/Carta Z Notícias

    Honda City, a partir de R$ 56.210, entra na briga acirrada do mercado de sedãs compactos

Em valores, o City, na verdade, está mais próximo dos sedãs médios que dos compactos. O que, para Honda, significa o risco de um canibalismo. Risco bem menor para Volks e Fiat. Afinal, o Civic começa em R$ 64.365 na versão de entrada LXS 1.8 flex, equipada com câmbio manual. O City, por sua vez, disponível em seis configurações, tem na básica LX com transmissão automática de cinco marchas um preço de R$ 60.010. A intermediária EX começa em R$ 61.650 e R$ 65.450 com as caixas manual e automática, respectivamente. E a versão topo de linha EXL parte de R$ 65.375 e chega a estratosféricos R$ 71.095, com os câmbios manual e automático, na ordem.
 

REALIDADE EMERGENTE
Apesar do preço salgado, o City é um projeto específico para mercados chamados "emergentes", como o brasileiro. O três-volumes, que está na terceira geração, era montado somente em países asiáticos. A produção do modelo no Brasil, o terceiro nacional da Honda, visa expandir os negócios da marca não apenas no mercado interno, mas também nos vizinhos sulamericanos. As projeções são ousadas para um compacto com preços mais elevados. A Honda estima uma produção de 4.100 unidades mensais e acredita que destas, 3.100/mês estarão reservadas para o mercado interno.

Para chegar a esse resultado, a Honda aposta principalmente na sofisticação do veículo e no visual arrojado. Na dianteira, dois vincos bastante pronunciados na região central no capô descem em diagonal para dar forma à grade frontal encorpada, com três barras horizontais. Os faróis afilados dão um visual ainda mais agressivo ao sedã, formando um conjunto único com a grade, inclinados na diagonal até quase tocar os para-lamas. Nas laterais, o destaque é o vinco que desenha a linha da cintura. Segundo a Honda, esse traço lembra uma flecha em movimento. Já na traseira, as lanternas cheias de recortes saltam aos olhos.
 

  • Você achou o modelo caro? Ele fará sucesso? Opine agora

    Na parte mecânica e de engenharia, o City compartilha o mesmo conjunto moderno do monovolume Fit. Sob o capô, o sedã compacto oferece o motor 1.5 litro de quatro cilindros em linha, 16 válvulas e comando variável de válvulas i-VTEC. A unidade de força produz 115/116 cv de potência com gasolina/álcool aos 6 mil giros e um torque máximo de 14,8 kgfm aos 4.800 com os dois combustíveis. O propulsor pode ser acoplado ao câmbio manual de cinco marchas ou a uma transmissão automática, também com cinco relações.

    A lista de equipamentos segue o nível elevado de sofisticação que o modelo propõe. Desde a versão básica LX vêm instalados ar-condicionado, direção elétrica, trio elétrico, rádio/CD com MP3 e entradas USB e auxiliar, rodas de liga leve aro 15, computador de bordo e airbag duplo frontal. A configuração intermediária adiciona freios a disco nas quatro rodas com ABS e EBD, volante multifuncional revestido com couro, controle de cruzeiro, ar digital, luzes de direção embutidas nos espelhos laterais, rodas aro 16 e maçanetas e escape cromados. Na topo de linha EXL, os bancos são revestidos em couro, há borboletas atrás do volante e o câmbio ganha o modo Sport. Opções minuciosamente selecionadas para um compacto de perfil mais elitista. Do jeito que a Honda vê o City.

    • Diogo de Oliveira/Carta Z Notícias

      Interior bem projetado é espaçoso; ao volante, a boa ergonomia para o motorista se destaca

    PRIMEIRAS IMPRESSÕES
    No curto test drive nos arredores do Centro Educacional de Trânsito Honda, em Indaiatuba (SP), o City impressionou mais pelo conforto e estilo que propriamente pelo desempenho. Com um interior bem projetado e espaçoso, há um nível elevado de conforto, apesar de suas dimensões compactas -- o modelo mede 4,40 metros de comprimento, por 1,69 m de largura e 1,48 m de altura. Um dos responsáveis é o entre-eixos de 2,55 metros, que contribui para o ótimo espaço para pernas na frente e atrás. Os bancos traseiros ainda são reclináveis em dois níveis e o porta-malas comporta generosos 506 litros.

    FICHA TÉCNICA

    Honda City EX 1.5 16V i-VTEC
    Motor: Flex, transversal, 1.496 cm³, quatro cilindros em linha, 16 válvulas e comando variável de válvulas i-VTEC. Injeção eletrônica a multiponto sequencial e acelerador eletrônico.
    Transmissão: Manual com cinco marchas à frente e uma a ré. Não oferece controle de tração.
    Potência: 115 cv com gasolina e 116 cv com álcool a 6 mil rpm.
    Torque: 14,8 kgfm a 4.800 rpm.
    Diâmetro e curso: 73 mm x 89,4 mm. Taxa de compressão: 10,4:1.
    Freios: Dianteiros e traseiros a discos sólidos. Oferece sistema ABS com EBD de série na versão.
    Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson, com molas helicoidais e amortecedores hidráulicos. Traseira por eixo de torção, com molas helicoidais e amortecedores hidráulicos. Não oferece controle de estabilidade.
    Carroceria: Sedã em monobloco quatro portas.
    Dimensões: 4,40 metros de comprimento, 1,69 metro de largura, 1,48 metro de altura e 2,55 metros de entre-eixos. Oferece duplo airbag frontal de série.
    Peso: 1.137 kg.
    Porta-malas: 506 litros.
    Tanque: 42 litros.
    De frente para o volante, a boa ergonomia se destaca, com regulagem de altura para o assento do motorista e de altura e de profundidade para a coluna de direção. Os comandos ficam todos muito bem posicionados e as peças plásticas de acabamento agradam aos olhos e ao toque. O quadro de instrumentos é o mesmo da minivan compacta Fit, do tipo "blackout", que fica permanentemente aceso. Há ainda diversos porta-objetos espalhados pelo habitáculo, sendo um deles uma bandeja enorme embaixo do banco traseiro. O console central é um dos destaques, posicionado mais à frente e pintado em cor metálica.

    No asfalto, o City exibiu um desempenho bastante equilibrado em curvas e retas. A carroceria torceu pouco e, nas frenagens bruscas, embicou o mínimo. A comunicação entre rodas e volante se manteve precisa até a máxima de 170 km/h, com uma calibragem correta da assistência elétrica nas manobras em alta velocidade. A suspensão também se mostrou afinada com a proposta de oferecer maior conforto. O conjunto absorve bem a buraqueira do asfalto sem comprometer o equilíbrio em movimento.

    O motor 1.5 litro i-VTEC flex mostrou-se bem disposto no City e produziu arrancadas e retomadas bastante elásticas. Embora o torque máximo de 14,8 kgfm com gasolina e álcool seja liberado integralmente só aos 4.800 rpm, já aos 2 mil giros o motor entrega cerca de 75% da força. O isolamento acústico não abafa muito bem o ronco do motor após os 4 mil giros, mas os ruídos externos são pouco notados. De qualquer forma, o City é recheado de itens de conforto, conveniência e segurança. A não ser pelo preço, um conjunto feito para agradar. (por Diogo de Oliveira)