Peugeot quer picapinha Hoggar dominando 10% do segmento
A Peugeot quer se firmar como um dos grandes fabricantes generalistas de automóveis. Para tal, é preciso atuar em todos os segmentos. E como o Brasil é o grande mercado mundial das picapes compactas, foi escolhido para o lançamento mundial da Hoggar, que chega às concessionárias no dia 15 de maio.
Embora não seja a primeira picape da marca a ser vendida no país -- nos anos 90, a média 504 foi importada da Argentina --, a Hoggar marca a entrada da Peugeot no segmento mais dinâmico dos utilitários e que representa as maiores vendas. A liderança das pick-ups compactas está há mais de uma década com a Fiat Strada, seguida por Volkswagen Saveiro, Chevrolet Montana e a veteraníssima Ford Courier. Ou seja, a marca francesa (uma das pioneiras entre os "newcomers" a desembarcar no Brasil, há quase 20 anos) vai comprar briga exatamente contra as chamadas quatro grandes, as marcas estabelecidas há mais tempo no mercado nacional.
ÁLBUM DE FOTOS |
---|
DETALHES DA HOGGAR |
E a briga promete ser boa. A Peugeot não esconde o otimismo e fala em arrebatar 10% do segmento de picapes compactas brasileiras até o final de 2011. Para isso, conta com argumentos interessantes. Entre eles, o que é -- ou deveria ser -- a razão de ser de qualquer picaape: a caçamba. A opção da Peugeot foi investir apenas numa única versão de cabine simples, exatamente para poder oferecer o maior espaço possível na caçamba. A da Hoggar é a maior do segmento de compactos, tanto em capacidade de carga útil (742 kg na versão básica X-Line) quanto em volume (1.151 litros). Porta removível, caixas de rodas pouco salientes e vidro traseiro com janela corrediça colaboram com a otimização do aproveitamento da caçamba.
A ideia, que não chega a ser tão original em se tratando de uma picape, é que a Hoggar conciliasse a dirigibilidade de um carro de passeio com a robustez de um utilitário. E a solução adotada foi a utilização de uma plataforma híbrida. A parte dianteira do Peugeot 207 nacional (produzido sobre a mesma plataforma do 206) foi unida à parte traseira da plataforma do utilitário Partner -- que terá sua nova geração importada da Argentina e vendida por aqui ainda esse ano, nas versões passageiros e carga.
A presença do conjunto suspensivo traseiro herdado da Partner ajuda a explicar a ótima capacidade de carga da Hoggar. Como resultado da "fusão", a picape recebeu a maior plataforma da linha 207, com 4,53 metros. Ou seja, 65,3 cm a mais que o hatch, 45,3 cm mais que o SW e 29 cm mais que o sedã Passion.
CARA FASHION
Mas como boa parte dos consumidores de picapes compactas praticamente nunca usa a caçamba e apenas aprecia o "sabor de aventura" ostentado pelas picapes, a Hoggar também precisava se esforçar para ser fashion. A frente do 207, com a grande tomada de ar e o conjunto óptico felino que se estende às laterais, precisou ser devidamente harmonizada ao estilo robusto da lateral. A traseira ostenta grandes lanternas trapezoidais que incluem três elipses com as diferentes funções -- freio, pisca alerta, luzes indicativas de direção e de ré.
Toda a extensão da caçamba é delineada por uma moldura. No para-choque traseiro, dois ressaltos para que quem quiser arrumar a carga na caçamba possa pisar. A versão mais vistosa -- e que vai estrelar os comerciais da marca -- é a "aventureira" Escapade, com rodas aro 15. A top de linha da Hoggar herda a estética apresentada na versão homônima do 207 SW.
Sob o capô da Hoggar, dois velhos conhecidos. Na Escapade está o 1.6 flex, que fornece 113 cavalos com etanol e 110 cv com gasolina, com torque máximo de 15,5 kgfm aos 4.000 giros (com etanol). Nas versões básica X-Line e intermediária XR está o motor 1.4 Flex, com 82 cv com etanol e 80 cv com gasolina e torque máximo de 12,85 kgfm a 3.250 giros (etanol). As três versões trabalham em conjunto com o mesmo câmbio manual de cinco marchas à frente e uma à ré. A Peugeot afirma que reduziu as relações de marcha da primeira e da segunda, em virtude de se tratar de um veículo que eventualmente vai trabalhar com plena carga.
Mas tanta estratégia só teria chance de dar certo se viesse acompanhada de preços competitivos. A básica X-Line começa em R$ 31.400, a intemediária XR inicia em R$ 35.500 e a Escapade parte dos R$ 43.500. Estategicamente entre os R$ 28.900 da "pé-de-boi" Strada Fire 1.4 e os R$ 47.947 da Montana Sport 1.8, a mais cara picape compacta do mercado. E a Peugeot avisa: quer vender 1.500 unidades mensais da Hoggar -- ou seja, cerca de 10% do segmento. (por Luiz Humberto Monteiro Pereira)
IMPRESSÕES AO DIRIGIR
Picapinha dá conta do recado com motores 1.4 e 1.6
O teste de apresentação da Hoggar, realizado no litoral catarinense, começou cercado de expectativa. A decisão de mesclar elementos da dianteira da plataforma do 207 nacional (derivada do 206) com partes da traseira da plataforma da van Partner poderia gerar um produto esquizofrênico, onde o desentendimento de partes oriundas de modelos tão distintos originasse algo indócil e desequilibrado. Mas a picape da Peugeot teve a chance de mostrar que uma plataforma híbrida pode dar perfeitamente conta do recado. |
A primeira versão testada foi a Escapade, a que vem com aquele "quebra-mato" (falso) dianteiro em tom cinza claro que -- embora remeta vagamente a uma dentadura de vampiro -- dá um ar simpático ao carrinho, em conjunto com a nova logomarca do leão, agora com aspecto tridimensional. Para quem ainda não souber de que versão se trata, a espalhafatosa inscrição Escapade grafitada na elegante tampa do porta-malas elimina quaisquer dúvidas. Em termos de habitabilidade, dá algum trabalho achar uma boa posição para os bancos, e o fato dos controles de vidros e espelhos estarem no console central -- e não na porta, como é mais usual -- causa alguma confusão inicial. Por se tratar de um utilitário, a Peugeot bem que poderia ter pensado em equipar a Hoggar com retrovisores externos um pouco maiores. No geral, essa versão da picape é bem equipada e conta com padrões de acabamento bonitos e agradáveis. |
A topo de linha da Hoggar é movida pelo motor 1.6 Flex de 113 cv com etanol, com torque máximo presente aos 4.000 giros. Embora demore um pouco a reagir em baixas rotações, a motorização esbanja vigor e o carro acelera de forma consistente e um tanto ruidosa -- o que é agravado pelos pneus de uso misto. Na estrada, o mais novo Peugeot mostrou boa disposição para ultrapassagens e um conjunto bastante equilibrado, com destaque para a suspensão bem calibrada. Foi possível atingir a máxima de 155 km/h com duas pessoas a bordo. Depois disso, a Hoggar não pareceu disposta a acelerar mais. |
Avaliada já ao cair da noite, a versão XR 1.4, embora mais despojada, também mostrou seu valor. O torque em giro baixo surge mais cedo que o da versão 1.6, o que permite uma utilização mais amistosa no trânsito urbano. Mas a menor potência se traduz num desempenho menos convincente em velocidades mais elevadas nas estradas. A opção por um modelo ou por outro vai depender do tipo preferencial de utilização, além do fator financeiro e da questão estética. Já a versão básica X-Line, que não foi disponibilizada para o teste de apresentação, é tão pelada que certamente terá a preferência dos frotistas, mais focados no preço competitivo e insensíveis a fatores como conforto ou requinte de acabamento. (LHMP) |
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.