Dodge Journey mantém bom recheio em versão básica e se revigora entre crossovers
No Brasil, quem deita e rola nas vendas de SUVs e crossovers são as montadoras orientais. De acordo com dados da Fenabrave (federação dos distribuidores), Hyundai, Kia, Honda e Toyota respondem por oito dos dez modelos mais vendidos com esse tipo de carroceria em julho. Verdade que a Ford é a líder, com o EcoSport, e a GM comparece com o Chevrolet Captiva na 5ª posição. Mas, avançando até fechar o top 15, virão ainda mais três orientais (inclusive o Suzuki Grand Vitara). Só na 15º posição é que surge um legítimo representante da terra dos gigantes automotivos: o Dodge Journey.
As vendas desse modelo estão em ascensão: saltaram de 205 unidades em junho para 252 em julho -- em sete meses de 2010 foram 1.203 emplacamentos, sempre de acordo com a Fenabrave. A fatia do Journey no segmento dos utilitários é de 1,09%. É pouco? Pode ser, mas é maior que a da própria Dodge no mercado de comerciais leves (0,39% em julho).
Esse relativo avanço do Journey no mês a mês das vendas se deveu quase certamente à chegada da versão SE, lançada em junho e agora experimentada com mais profundidade por UOL Carros. Trata-se do Journey resumido a cinco lugares -- a configuração SE não conta com a terceira fileira de assentos. Seu preço de tabela é de R$ 85.900, uma economia de R$ 17 mil em relação à versão imediatamente superior, a SXT, e de R$ 22 mil quando se considera a topo de gama, a R/T -- estas duas possuem sete lugares.
MAIS SOBRE O JOURNEY
Modelo traz lanternas de grandes dimensões (em todas as versões) e rodas de 16 polegadas de aço e cobertas com calotas (só na SE)
O interessante é que o alinhamento de preços do Journey com alguns de seus principais rivais -- como o Honda CR-V e o Captiva -- não anulou o bom pacote de equipamentos oferecido pelo modelo ianque. O que chama mais atenção é o cuidado com a segurança: são seis airbags (frontais e laterais dianteiros e traseiros), freios a disco nas quatro rodas com ABS (antitravamento) e BAS (assistente em emergências), controle eletrônico de estabilidade (ESP) e sistema anticapotamento, além de apoios de cabeça dianteiros ativos, que se movem em caso de colisão para evitar o "efeito chicote" (de vaivém) das cabeças. Para quem levar crianças pequenas a bordo, há ancoragem para cadeirinhas.
Outro item mantido na versão "pelada" do Journey foi o cruise control, que regula a velocidade e a mantém constante até a próxima frenagem ou aceleração -- o sistema é comandado por uma alavanca à direita da coluna de direção.
O único equipamento de segurança cuja falta incomoda é um sensor de ré, que não só ajudaria a estacionar o comprido Journey (4,88 metros) naquelas vagas medíocres de shopping centers, como também poderia evitar acidentes: a visão traseira do motorista não é das melhores, inclusive para perceber pessoas se aproximando.
O painel de instrumentos do Journey é muito sem graça, com mostradores quadrados e grafismos de mau gosto, e ainda por cima com itens resumidos ao mínimo necessário -- não há computador de bordo, por exemplo. No entanto, esteticamente ele é idêntico aos das versões mais caras. Os vidros dianteiros não possuem função de levantamento com um toque (ao contrário do que diz a ficha enviada pela Chrysler/Dodge) -- uma lacuna algo irritante. O acabamento abusa dos plásticos e os assentos são revestidos em tecido, mas de boa qualidade e, segundo a fabricante, antimanchas e antiodores. Entre os principais itens de conforto estão ar-condicionado, um compartimento refrigerado no painel frontal para receber duas latas de bebida, além de diversos porta-trecos e porta-copos espalhados pela cabine.
Ainda no clima "familiar", vale observar que as portas traseiras abrem a 90 graus, permitindo um acesso mais fácil para quem tenha de acomodar crianças nos assentos traseiros -- que podem deslizar para mais perto dos dianteiros. A Dodge informa apenas a capacidade do porta-malas com o rebatimento total dos encostos: 1.460 litros.
Por fora, o Journey é escancaradamente norte-americano. Longe das linhas fluidas e recortadas dos principais SUVs orientais, é um carro conservador, com predominância de linhas retas e alongadas. A traseira aposta em lanternas enormes, as quais ressaltam uma certa impressão de "quadril largo" quando se olha o Journey por trás. Mas a ousadia é praticamente zero. Nessa versão, as rodas são de 16 polegadas e de aço, pintadas de preto para sumirem atrás das calotas plásticas, que são parafusadas -- o efeito obtido é satisfatório, já que, de longe, pouca gente deixará de pensar que o Journey possui rodas de liga-leve.
IMPRESSÕES AO DIRIGIR
A bordo do Journey, um motorista mais corpulento poderá se ressentir da proximidade da porta, já que a tendência é encostar o lado da perna esquerda no puxador. Porém, no geral a posição de dirigir é boa, pois há ajustes de altura e profundidade para a coluna de direção e de altura no assento. O volante, aliás, nos pareceu de diâmetro exagerado -- mas nada é mais esquisito do que o posicionamento da alavanca do câmbio: ela fica inclinada para baixo, na ponta do console central. O freio de estacionamento é por pedal, como em algumas picapes.
O motor do Journey SE é o 2.7 com seis cilindros em V que equipa as demais versões do modelo, movido a gasolina. Sua potência é de 185 cavalos a 5.500 rpm, entregando um torque de 25 kgfm a 4.000 giros. Há quem reclame desse propulsor e sua suposta pequenez ante as quase duas toneladas de peso que ele tem de carregar (isso com o carro vazio, diga-se), mas o fato é que o inteligente escalonamento das seis marchas da transmissão automática AutoStick faz um trabalho excelente no gerenciamento da força disponível.
Seu funcionamento é suave na maior parte do tempo, mas também é obediente: numa arrancada em que o pé seja calcado fundo no acelerador, ele vai esticar as marchas até "perceber" que o motorista sossegou. Vale o mesmo para as retomadas: todas as reduções solicitadas em situação de ultrapassagem aconteceram sem demora e sem sustos. De resto, para quem não quiser se submeter aos desígnios da transmissão automática o sistema oferece opção de trocas sequenciais, movendo a alavanca para os lados -- apesar da localização incômoda da peça, a operação é simples.
Já a suspensão -- dianteira independente tipo McPherson e traseira com múltiplos braços -- nos pareceu excessivamente dura, resultando em algum desconforto para os ocupantes mesmo em trechos com asfalto apenas ligeiramente irregular. É claro que em pisos de boa qualidade o Journey roda macio e em relativo silêncio -- mas numa cidade como São Paulo ele pode cansar, se a permanência a bordo for longa. E se a ideia era acreditar que o Journey tem alguma vocação para SUV de verdade e procurar eventuais aventuras off-road, pense duas vezes: além da previsível "bateção" no habitáculo, o modelo não possui tração 4x4.
Quanto ao consumo, obtivemos com o carro uma média de 6,5 km/l, rodando 60% em estrada e 40% em trânsito urbano, sempre com o ar-condicionado ligado e com apenas uma pessoa a bordo. Parece pouco, mas na verdade é o esperado -- aliás, até mais do que o esperado -- para um carro desse peso e dotado de motor V6.
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