Maduro, Volkswagen Golf tenta manter apelo jovial
Alguns automóveis parecem não sentir o peso da idade. Especialmente no segmento de hatches médios, que atrai um consumidor que quer fugir dos compactos sem ter de se submeter ao visual mais austero dos sedãs -- normalmente identificados como “carro de tiozão”. Nesta linha, o Golf se mantém no mercado brasileiro. Com 12 anos de estrada, duas gerações defasadas em relação ao modelo europeu e apenas uma reestilização no currículo, o dois volumes da Volkswagen atualmente registra médias de 1.500 unidades mensais. É verdade que é o quarto em seu nicho -- perde para Hyundai i30, Chevrolet Astra e Ford Focus. Mas fica à frente de projetos mais novos, como Chevrolet Vectra GT, Citroën C4 e Nissan Tiida. E cabe à versão Sportline a importante função de manter o Golf com um apelo mais jovem e com uma boa dose de equipamentos.
FICHA TÉCNICA
Volkswagen Golf Sportline 2.0 Tiptronic
Motor: | Gasolina e etanol, dianteiro, transversal, 1.984 cm³, quatro cilindros em linha, duas válvulas por cilindro e comando simples de válvulas no cabeçote. Injeção eletrônica de combustível multiponto e acelerador eletrônico. |
Transmissão: | Câmbio automático com seis velocidades à frente e uma a ré e opção de mudanças manuais sequenciais na manopla. Tração dianteira. |
Potência máxima: | 116 cv com gasolina e 120 cv com etanol a 5.250 rpm. |
Torque máximo: | 17,7 kgfm com gasolina e 18,4 kgfm com etanol a 2.250 rpm. |
Diâmetro e curso: | 82,5 mm X 92,8 mm. Taxa de compressão: 10,3:1. |
Suspensão: | Dianteira independente do tipo McPherson, com molas helicoidais, amortecedores hidráulicos e barra estabilizadora. Traseira interdependente, com braço longitudinal, molas helicoidais, amortecedores hidráulicas e barra estabilizadora. |
Freios: | Discos ventilados na frente e discos sólidos atrás. ABS de série na versão. |
Carroceria: | Hatch médio em monobloco, com quatro portas e cinco lugares. Com 4,20 metros de comprimento, 1,73 metro de largura, 1,45 metro de altura e 2,51 metros de entre-eixos. |
Peso: | 1.247 kg |
Porta-malas: | 330 litros. |
Tanque: | 55 litros. |
O modelo parte de R$ 61.170 já com itens de segurança como airbag duplo, freios com ABS e sensores de obstáculos traseiros. Além disso, conta com ar-condicionado automático Climatronic, direção hidráulica, trio, ajustes de altura e de profundidade do banco do motorista e do volante, rádio/CD/MP3 com entradas USB, SD card, interface com iPod e conexão Bluetooth, computador de bordo, controle de cruzeiro, parassóis iluminados, entre outros. No visual, o apelo mais moderno vem com a grade frontal com barras na cor preta, faróis de neblina, rodas de liga leve aro 16 e detalhes em alumínio no interior -- na base da manopla do câmbio, no volante e no descansa-braço das portas.
O teto-solar é opcional e acrescenta mais R$ 2.180 ao preço do Golf Sportline. A versão pode receber, ainda, retrovisor eletrocrômico, sensores de chuva e de luminosidade, volante multifuncional e banco traseiro bipartido e com terceiro encosto de cabeça. Completo, como o modelo avaliado, custa R$ 65.430. Para mover o hatch, o motor é o conhecido 2.0 8V Flex, que gera 116 cv com gasolina e 120 cv com etanol a 5.250 rotações e torque máximo de 17,7/18,4 kgfm a 2.250 rpm. Trabalha com um câmbio automático Tiptronic de seis velocidades, com possibilidade de acionamento manual das marchas na manopla.
Com isso, o Golf Sportline tenta brigar com versões intermediárias de outros hatches médios automáticos, com um preço mais em conta. Mas com a desvantagem de ter um motor menos potente e de ser um projeto mais antigo. O Citroën C4 GLX BVA parte dos R$ 62 mil e o Peugeot 307 Presence Pack começa em R$ 63.100 com o mesmo propulsor 2.0 16V de 143/151 cv. O Ford Focus GLX 2.0 16V automático custa R$ 64.380 com 143/148 cv, enquanto o Chevrolet Vectra GT-X automático chega por R$ 63.792, com 133/140 cv. O líder do nicho, o Hyundai i30, tem preço de R$ 66.300 na configuração automática e usa motor de 145 cv. O concorrente mais próximo em termos de visual datado e propulsor é o Fiat Stilo Sporting, que, com câmbio automatizado Dualogic e ar automático, sai por R$ 65.740 e tem motor de 112/114 cv. (por Fernando Miragaya)
IMPRESSÕES AO DIRIGIR
Golf Sportline 2.0 Tiptronic
É difícil virar a chave da ignição de um Golf e não sentir um certo “dejà vú”. Afinal, com exceção do câmbio Tiptronic -- tecnologia um pouco mais contemporânea, pelo menos no Brasil --, o conjunto mecânico do hatch médio da Volkswagen é veterano e conhecido de longa data. A começar pelo motor 2.0 8V de 120 cv, passando pela suspensão traseira interdependente e até no chassi, que data de 1998, apesar da casca sutilmente renovada na reestilização de 2007. Mesmo assim, o dois volumes feito em São José dos Pinhais mostra virtudes que nem mesmo o tempo empanou. A começar pelo desempenho. O veterano propulsor oferece respostas rápidas e tem uma boa sincronia com a caixa automática de seis velocidades. Com isso, as arrancadas são eficientes e só mesmo depois dos 60 km/h o modelo parece perder um pouco do ímpeto inicial. O que resultou em um zero a 100 km/h em 10,9 segundos com etanol. O melhor do motor está reservado mesmo para as retomadas. É que os 18 kgfm de torque já enchem o propulsor aos 2.250 giros. Ou seja, em uma faixa baixa de rotações é possível fazer ultrapassagens sem sustos, até porque o câmbio Tiptronic -- com possibilidade de mudanças sequenciais na manopla -- não deixa qualquer gargalo ou buraco na hora em que o motor é exigido, mesmo que abruptamente. Outra virtude é o tradicionalmente exemplar equilíbrio do Golf. Mesmo para um projeto antigo, o modelo oferece uma rigidez torcional boa e uma suspensão acertada -- que ainda otimiza uma condução mais esportiva e absorve bem as irregularidades do piso. Com isso, tanto em curvas como em retas, o hatch não faz qualquer menção de desgarrar em velocidades normai”. Só mesmo acima dos 120 km/h é que a comunicação entre rodas e volante fica um pouco menos precisa. O susto mesmo vem na hora de parar no posto de combustível. Com puro etanol no tanque, o velho motor bem disposto entregou uma perdulária média de 4,6 km/l, em uso 2/3 urbano e 1/3 rodoviário.(por Fernando Miragaya) |
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