Fiat Idea Adventure mantém versatilidade, mas clama por câmbio melhor
A Fiat remodelou o Idea em agosto com dois objetivos claros: renovar o visual, já cansado, do monovolume lançado em 2005; e -- o principal -- ampliar o horizonte do modelo, até então tido como carro "de mãe" ou "de praça". UOL Carros participou do lançamento da linha 2011, e mostrou como o design interligado ao do restante da família Fiat, as novas versões, a adoção de elementos tecnológicos (como as lanternas de LED) e a estreia dos motores E-torq (mais fortes e ariscos, graças ao torque maior e presente desde rotações iniciais) eram peças essenciais da estratégia para vender mais e colar no líder Honda Fit.
Para destacar esse movimento de renovação, avaliamos a versão Sporting, a mais arrojada do Idea 2011. Na ocasião, apontamos a estética esportiva (e masculinizada) -- com spoilers, saias laterais, máscara negra para faróis e lanternas e rodas aro 16 -- e a harmonia do pacote, extremamente viável como "alternativa para o público mais jovem".
Dois meses depois, a modificação parece ter dado frutos. O Idea é vice líder do segmento, ainda que por muitíssimo pouco -- vendeu uma unidade a mais que o Chevrolet Meriva em outubro (2.138 a 2.137 no último balanço integral da Fenabrave) e totalizou seis emplacamentos a mais no acumulado do ano (20.831 a 20.825). O Fit obteve 3.295 e 32.280, respectivamente.
Apertada, ou não, a virada é importante para o projeto do novo Idea, mas poderia ter sido maior, acreditamos, se mudanças tivessem sido aplicadas também ao interior do carro, que se manteve quase inalterado -- datado e com muitos defeitos, portanto, apesar do ótimo espaço para seus ocupantes.
Nesse panorama, UOL Carros avaliou durante 15 dias a versão Adventure 2011, não testada durante o lançamento: primeiro, andamos num carro com câmbio manual e, depois, em uma unidade com caixa automatizada, ambos de cinco marchas. Mantido como topo da gama, o Idea Adventure tem preço inicial de R$ 56.900 (manual) ou R$ 59.010 (Dualogic). Ou exagerados R$ 66.900 (manual) (ou R$ 69 mil para o Dualogic), quando dotado do bloqueio eletrônico do diferencial (Locker) e quase todos os opcionais disponíveis (exceção feita ao teto panorâmico Skydome, de R$ 4 mil), como nos exemplares fornecidos. Os mais observadores notarão que ficou bem mais caro ter um Idea mais completo, embora o preço básico tenha caído.
Falemos, então, do que mudou (e foi pouco): externamente, o Idea Adventure mistura a base mais arredondada da atual linha com novos adereços plásticos, mais abrutalhados que o da geração anterior, pintados em alguns po(como na grade frontal) de modo a emular cromo. O resultado, que a Fiat chegou a chamar de "carapaça" e afirmou aumentar a noção de robustez, não ficou homogêneo e, a nosso ver, tirou totalmente o charme que a versão possuía.
Internamente, o déjà-vu foi inevitável: já havíamos guiado o Idea Adventure no início do ano -- no caso, uma unidade ano/modelo 2010 --, e uma única alteração se faz perceptível: o botão de trava das portas passa a liberar também o suporte do estepe traseiro, se apertado por mais de 2 segundos. De toda forma, é um acerto, já que o sistema anterior complicava ainda mais o já chato acesso ao porta-malas. De resto, tudo está igual, ao ponto de recomendarmos a você que (re)leia o teste anterior, aqui.
Uma ressalva, no entanto, precisa ser feita. E negativa. A performance superior do motor E-torq, reforça um problema crônico de boa parte da linha Fiat, que é a ausência de uma boa caixa de câmbio. No caso da unidade manual, a dificuldade de se encaixar os engates é frustrante para o motorista, que se vê impedido de aproveitar plenamente o potencial do carro. O consumo, nesse caso, também foi ruim: 5 km/l, de acordo com o computador de bordo. Pior, no entanto, foi a experiência que tivemos com a dupla E-torq/Dualogic: o consumo melhorou, chegando aos 6 km/l, mas os trancos e "buracos" ainda habituais do câmbio robotizado se tornaram ainda mais evidentes e, por vezes, desastrosas. Na saída de farol, por exemplo, enquanto o motor 1.8 envia boa parte de seus 18,9 kgfm de força (com etanol) para as rodas motrizes, o câmbio hesita entre primeira e segunda marchas -- mais de uma vez, observamos o indicador de marcha do painel passar para segunda, voltar à primeira e, novamente, tentar a segunda marcha tão logo pressionamos o pedal do acelerador. O resultado é ter um carro que "salta" à frente em acelerações e retomadas, mas "tropeça" em seguida e deixa seu motorista sem ação.
Resta torcer por melhor conteúdo para o Idea e, mais ainda, por câmbios melhores para toda a família Fiat. A esperança existe.
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