BMW X5 Sport é jipão para pegar estrada com estilo
Quem procura um SUV geralmente quer, entre outras coisas, muito espaço, sensação de segurança e, claro, aparecer bem na fita. Capacidade off-road e desempenho esportivo são itens secundários, como se pode notar pela estratégia de diversas montadoras de oferecer jipões com tração 4x2 e motores com menos de 200 cavalos e torque entre 20 kgfm e 30 kgfm -- mas sempre cheios de estilo. Juntar presença, tração integral e motorzão é coisa para poucos, entre eles, os Range Rover e modelos das marcas premium alemãs. Um exemplo é o BMW X5.
Surgido em 1999 e hoje (arrogantemente) autoclassificado de SAV (leia-se Sport Activity Vehicle, em vez de Sport Utility Vehicle), o X5 nasceu quando a Land Rover pertencia à BMW. Por isso, tem um pouco do DNA tecnológico dos raçudos e quadrados jipões daquela fabricante de utilitários, hoje nas mãos da indiana Tata Motors. No estilo, porém, a assinatura é típica da marca bávara, com linhas mais delgadas, a grade "double kidney" que unifica todos os modelos BMW e um apetite preferencial por asfalto em vez de terra na versão xDrive50i Sport, dotada de motor V8 biturbo de 4,4 litros e 407 cavalos, que UOL Carros testou durante uma semana.
O preço de tabela do X5 nessa configuração é de R$ 355.550, o que impede qualquer comparação com SUVs e crossovers de marcas "comuns" (não só pelo preço, claro). O tamanho do alemão, por exemplo, é o mesmo do Hyundai Veracruz, que custa cerca de R$ 140 mil (menos da metade). A briga tem de ser mesmo com a conterrânea Audi, que tem o Q7 -- maior do que o X5, mas menos potente -- partindo de R$ 320 mil, e com a ex-colega Land Rover, cujo Range Rover Sport Supercharged, com motorzão V8 de 5 litros, a gasolina, começa em R$ 372 mil. A Mercedes-Benz não possui um carro homólogo ao X5 desde que deixou de importar o ML500.
Uma análise de estilo e do vasto conteúdo do jipão da BMW pode ser encontrada nas legendas que acompanham as belas fotos de Murilo Góes. Navegue pelo álbum abaixo:
IMPRESSÕES GERAIS
O BMW X5 é um modelo bonito por fora e por dentro, e felizmente isso se traduz num belo tratamento aos ocupantes. A posição de dirigir é elevada e deixa o motorista por cima -- literalmente, e não apenas por estar montado em mais de R$ 350 mil em forma de carro. A ergonomia pode ser um relativo problema: alguns comandos são muito discretos, como os que acionam o controle de estabilidade e o controle de descida (ou Hill Descent), com teclas pequenas e situadas abaixo do rádio. Com o carro em movimento, fica difícil manuseá-los de modo seguro.
A cabine tem acabamento esmerado e com materiais de excelente qualidade (couro, metal e borracha), a nosso ver num meio-termo entre Mercedes (melhor) e Audi (menos bom). O teto solar de série, de área ampla, joga uma dose extra de luz num ambiente já bastante claro, devido ao couro em tom creme do revestimento dos bancos. Itens praticamente obrigatórios num carro tão caro, como ar-condicionado digital quadrizone (duas saídas atrás) e, no quesito segurança, uma profusão de airbags (inclusive de cabeça para os assentos traseiros), estão lá.
Luxo mesmo são coisas como o sistema de cinco câmeras que ajuda a estacionar o comprido, alto e largo X5. Embora haja a recomendação de, durante as manobras, não olhar apenas para a tela que exibe as imagens, pareceu-nos perfeitamente possível confiar "cegamente" nessa tecnologia, sem medo de amassar parachoques e paralamas (nossos ou dos outros). Também qualificaríamos de luxo o sistema iDrive de conectividade, que oferece navegação local atualizada e até televisão ao vivo com sinal digital (só quando o X5 está parado). O problema é operá-lo: aparentemente, as palavras "intuitivo" e "amigável" não têm tradução para o alemão. Não vale a pena se estender sobre o tema. Basta dizer que é mais fácil não conseguir desligar a TV enquanto se usa o GPS do que o contrário -- ou seja, conseguir desligar a TV enquanto se usa o GPS. Inacreditável.
VAMOS PASSEAR?
É hora de apertar o botão de ignição (a chave fica enfiada num nicho ao lado dele) e manusear a curiosa alavanca do câmbio automático Steptronic, que substitui o trilho para as posições por duas teclas, uma do Park e outra para mudar com segurança entre Drive, ponto-morto e ré. São oito marchas, mais do que suficientes para gerenciar o V8 biturbo de exuberantes 60 kgfm de torque oferecidos já a partir dos 1.750 giros. A sexta marcha tem relação 1:1, o que significa que retomadas seguras serão feitas em quarta ou quinta, automaticamente ou na troca sequencial.
Em movimento, o X5 despeja desde cedo notável força nas quatro rodas (40% para as dianteiras e 60% para as traseiras) e arranca com a agressividade típica dos carros turbocomprimidos. Segundo a BMW, o 0 a 100 km/h é cumprido em ligeiros 5,5 segundos. A velocidade máxima é limitada a 240 km/h.
A suspensão do X5 Sport é rija e os pneus são muito baixos -- quase películas de borracha envolvendo as belas rodas de aro 20, que são mais largas na traseira (315/35 contra 275/40). Por isso, dirigir em terrenos irregulares (vale dizer, ruas e avenidas de São Paulo) com esse jipão pode ser um tanto desagradável devido à inevitável "bateção". Isso sem falar nas balançadas laterais, consequência da carroceria alta. Mas basta colocar o X5 numa pista boa (vale dizer, as lisas e caras estradas de São Paulo) para perceber que é esse seu ambiente, e que sua proposta é oferecer desempenho e conforto em condições civilizadas. Apesar do ruído da rolagem dos pneus ser um pouco alto, a viagem será tranquila.
Devido ao conjunto rodas/pneus, aventuras em trilhas mais complexas não são recomendadas nessa configuração do X5, embora o controle de estabilidade seja extremamente capaz de segurar o carro em terrenos escorregadios, cortando a aceleração na faixa dos 3.000 giros e dividindo a tração entre as rodas de acordo com a necessidade de correção de trajetória. O controle de descida é outro item que pode açular espíritos lameiros (funcionando como reduzida), mas nós não nos aventuraríamos a tanto se o X5 fosse nosso. Ele é feito para rodar no asfalto.
A BMW divulga um consumo médio de gasolina na faixa dos 8 km/litro em ciclo misto urbano/rodoviário. Gostaríamos que fosse assim, mas o melhor que conseguimos foi não cair abaixo de 4 km/litro, uma marca realmente assustadora. Com esse número, o tanque de abundantes 85 litros garante uma autonomia de apenas 340 km. Mais uma razão para manter o X5 em seu lugar -- a cidade e a estrada, onde ele faz bonito em quase todos os sentidos. E onde não faltam postos de combustível.
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