Bem equipado e bonito, Fiat Bravo é um carro muito gentil
Apesar de ter sido lançado por aqui no final de 2010, a história do Fiat Bravo no Brasil começou em meados de 2007, quando o carro chegou às ruas europeias em substituição ao Stilo. A vinda ao país era questão de tempo, e teria a mesma função: aposentar o antigo hatch médio da Fiat, presente em território nacional desde 2002.
A novela, entretanto, se arrastou até o final de 2010. Quando finalmente estreou, o Bravo encontrou um segmento em efervescência, dominado pelo Hyundai i30 e com concorrentes modernos como o próprio sulcoreano e o Ford Focus, e jurássicos (mas com público cativo) como o Volkswagen Golf e o Chevrolet Astra. Nessa briga, o Bravo ainda patina nas vendas. De acordo com o fechamento do mês de março da Fenabrave (associação das revendas), o hatch ocupa apenas a nona posição entre os hatches médios, tendo emplacado 2.015 unidades em 2011 -- número ainda muito distante dos 9.860 Hyundai i30 emplacados no mesmo período.
MERCADO INJUSTO?
O Bravo é vendido em duas versões, Essence e Absolute, que contam com duas opções de câmbio cada uma: manual ou o automatizado Dualogic. Em breve chegará a versão esportiva T-Jet, com motor 1,4 litro turbinado e câmbio manual de seis marchas.
De acordo com o site da Fiat, os preços do Bravo partem de R$ 55.480 (Essence manual) e chegam a R$ 65.530 (Absolute Dualogic).
Mesmo tendo chegado ao Brasil três anos após o lançamento europeu, não dá para falar que o Bravo é um modelo que se apresentou ao consumidor brasileiro já datado. Testado por UOL Carros na versão Absolute com câmbio manual (a partir de R$ 62.560), ele se mostrou um carro confortável, bem equipado e com uma posição de dirigir exemplar. No pacote do veículo avaliado ainda constavam opcionais como o teto solar elétrico Skydome, sensores de estacionamento dianteiros, navegador GPS integrado ao painel, sensores de chuva e crepuscular, entre outros mimos.
O Bravo tem porte avantajado, até certo ponto "gordinho". São 4,33 metros de comprimento e 1,79 metro de largura -- que, em contraste com os 1,50 metro de altura, dão ao modelo um visual esportivo. A frente do hatch tem um conjunto óptico ovalado que lembra o Maserati GranSport. O restante da dianteira remete ao Fiat Punto. Atrás, as lanternas se assemelham às do Alfa Romeo MiTo. Apesar das referências, o conjunto dota o Bravo de um visual único e moderno, como pode ser visto nas belas fotos abaixo, clicadas por Murilo Góes:
VESTINDO O MOTORISTA
O interior do Bravo não é exatamente um latifúndio. A Fiat optou por dar apelo esportivo ao habitáculo, o que se traduz em linha de cintura alta e espaço justo -- porém sem aperto -- aos ocupantes da porção dianteira do veículo. Essa escolha gera duas impressões distintas: promove a ergonomia a bordo, já que os comandos estão sempre à mão, e sacrifica a sensação de espaço, o que pode incomodar os mais claustrofóbicos.
Se a área dianteiro é boa, o mesmo não pode ser dito para quem vai atrás. Os (suficientes) 2,60 metros de entre-eixos não são bem aproveitados e penalizam as pernas dos ocupantes traseiros. Se servir de consolo, o espaço para os ombros é bom, mas não é recomendável abusar: limite o número de passageiros atrás em dois adultos ou três crianças, e evite ouvir reclamações. Ou compense o evetual aperto lembrando que, quando houver o teto solar Skydome, os ocupantes dos bancos de trás também terão um lugar ao sol. Caso o calor seja excessivo, contarão com uma saída de ar-condicionado exclusiva.
SOB CONTROLE
O Bravo se comporta bem nas curvas. Quando provocado, a carroceria não rola em excesso...
...mesmo após mudanças de direção agressivas e em sequência, o que dá segurança ao condutor...
...e torna o comportamento do carro previsível, ainda que no limite ele tenda a sair de frente.
Mesmo pecando em alguns pontos, é inegável que o Bravo se esforça. O acabamento é de boa qualidade, com plásticos agradáveis ao toque e apliques que lembram fibra de carbono. O painel é funcional e, nesse ponto, a Fiat bebe novamente na fonte dos Alfa ao voltar -- mesmo que ligeiramente -- a visualização dos mostradores ao motorista. Também merece destaque a grande tela do console central, que apresenta dados do (bom) sistema de som, navegador GPS e computador de bordo. O visor é útil e de fácil leitura, ainda que a operação do sistema, em especial a inserção de endereços no navegador, pudesse ser mais simples numa tela sensível ao toque.
BRAVO? NEM TANTO
Excetuando-se a versão T-Jet que deverá ser lançada em breve, o Bravo é oferecido numa única motorização. O bloco 1.8 16V E-torq gera a potência de 132 cv com etanol e 130 cv com gasolina, ambos a 5.250 rpm, e o torque de 18,9 kgfm com o derivado de cana e de 18,4 kgfm com o de petróleo, a 4.500 rpm nos dois casos. Seu funcionamento é suave e, mesmo dotado de quatro válvulas por cilindro, ele não rateia em baixa rotação.
Apesar de cumpridor e moderno, o motor não transforma o Bravo num carro rápido. Não que o hatch negue fogo quando provocado -- nesse ponto, méritos para a bem escalonada transmissão de cinco marchas. Mas os 1.355 kg do Bravo se impõem e fazem o motorista trabalhar um pouco mais quando quiser ganhar velocidade rapidamente. Só que o propulsor surpreendeu positivamente na hora de abastecer. Bebendo etanol, houve momentos em que o Bravo marcou a ótima média de 9,9 km/l em trajeto misto (urbano e rodoviário). Em cerca de 800 km rodados com o carro, o número caiu para 7,5 km/l -- ainda assim uma boa marca, se considerarmos que nem sempre o Bravo foi guiado de maneira e por caminhos econômicos.
Outro ponto positivo do carro foi o seu comportamento dinâmico. Aliada às rodas com aro de 17 polegadas, a suspensão mostrou um bom compromisso entre conforto e dirigibilidade. Ao mesmo tempo em que filtrou as irregularidades do asfalto sem penalizar a coluna dos ocupantes, ela manteve o Bravo no rumo em curvas mais rápidas, quando o modelo apresentou uma leve tendência de sair de frente se provocado até o limite. O volante em si merece uma nota à parte. Levemente achatado, ele possui ótima pegada e garante firmeza durante as manobras.
No final das contas, o Bravo se apresenta como uma ótima adição ao segmento dos hatches médios, ainda que patine nas vendas. Mesmo sem um desempenho arrebatador, é um carro confortável, equipado e que acomoda bem seus ocupantes. Ou seja: é mais gentil do que bravo.
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