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Bom de conjunto, J3 Turin agrega porta-malas e ganha em custo-benefício

Bom nível de equipamentos, porta-malas e preço: este é o cartão de visitas do J3 Turin - Murilo Góes/UOL
Bom nível de equipamentos, porta-malas e preço: este é o cartão de visitas do J3 Turin Imagem: Murilo Góes/UOL

Rodrigo Lara

Do UOL, em São Paulo (SP)

17/05/2011 18h04

"Completo, por R$ 39.900. E nada mais." A frase, retirada da peça publicitária do JAC J3 Turin, mostra que o negócio do sedã compacto é justamente ser um bom negócio. Assim como os demais veículos chineses que recentemente chegaram ao país, o J3 Turin -- derivado diretamente do hatch J3 -- traz ar-condicionado, freios ABS (antitravamento) com EBD (distribuição eletrônica da força de frenagem), trio elétrico e airbags.

Um pacote tentador, ainda mais se considerarmos que, oferecendo isso, ele sai mais barato que seus rivais em condições similares. Tendo como exemplo o Volkswagen Voyage e o Fiat Siena, o primeiro, com o mesmo nível de equipamentos e com motor 1.6, sai por R$ 47.300. Já o segundo, também equipado e com motor 1.4, sai por R$ 45.334. É uma diferença considerável em relação ao J3 Turin e gera uma dúvida que, provavelmente, habitou os pensamentos das 908 pessoas que compraram o chinês desde o seu lançamento, em março, até o final do mês de abril. Os dados são da Fenabrave, a associação das revendas de veículos e mostram que o J3 Turin ainda esta distante de Voyage e Siena nesse quesito, já que eles venderam 6.639 e 7.230 unidades no período, respectivamente.

VALE A PENA?
Além da comparação com os concorrentes, o comprador de um carro chinês é bombardeado com outras questões que podem ser resumidas na seguinte pergunta: vale a pena? O tema foi debatido aqui e pode se dizer que, no caso dos JAC, a primeira impressão foi boa. Como visto na avaliação de UOL Carros com o hatch J3 -- na qual o carro chegou a participar de uma corrida no autódromo de Interlagos --, o veículo não apresentou nenhum defeito crônico, o que o coloca em clara vantagem em relação aos carros chineses à venda no país.

Ainda que não dê para classificar a compra de um J3 Turin como "imperdível" -- disponibilidade de peças, atendimento no pós-venda e preço de revenda são as dúvidas --, dá para dizer que ela deve ser considerada. Entre pontos fortes e fracos, o J3 Turin apresentou mais vantagens do que desvantagens. E elas não dizem respeito somente ao porta-malas e aos equipamentos, mas também ao design (como você pode ver nas fotos abaixo feitas por Murilo Góes) e no seu comportamento dinâmico.

UM CARRO NEUTRO
Avaliado por UOL Carros por cerca de uma semana, em trajeto urbano e rodoviário, o J3 Turin se destacou pelo seu comportamento dinâmico. Em nenhum momento ele transmite insegurança, ao contrário do visto em outros carros chineses como o Lifan 620 e o Chery QQ. E aqui, cabe uma consideração: por mais que esses veículos venham equipados com freios ABS e air bags, segurança não diz respeito apenas a esses equipamentos. Afinal, ninguém gostaria de usar um air bag apenas porque o carro vem equipado com ele, certo?

O único momento no qual o Turin oscila um pouco mais que o desejado é ao se atravessar desníveis na pista. Não é nada que afete a boa dirigibilidade do modelo, entretanto, já que ele se mantém neutro em curvas e é dotado de uma suspensão que concilia bem estabilidade e conforto. Em resumo, agrada ao motorista e aos ocupantes.

TRANQUILIDADE À BORDO
O acabamento interno do J3 Turin -- e, por consequência, do J3 hatch -- é simples, porém possui uma construção bem executada. Sem rebarbas ou vãos grosseiros, ele segue o padrão visto nos seus principais concorrentes já estabelecidos no país e foge do estigma de que "todo carro chinês é mal acabado". Mesmo com essas qualidades, há algumas ressalvas: a iluminação em vermelho e azul dos instrumentos é cansativa e o rádio, apesar de aceitar conexão USB, o faz por meio de uma porta mini-USB, o que requer um adaptador para se plugar, por exemplo, um pen drive. A ausência de um relógio na cabine também é sentida.

No quesito espaço, nada a reclamar. Quatro ocupantes viajam com tranquilidade dentro do J3 Turin. A acomodação de um quinto passageiro depende do seu tamanho, mas, de qualquer forma, ele não contaria com encosto para a cabeça nem com cinto de três pontos. O porta-malas tem bons 490 litros de capacidade, número que fica entre os 480 l do Voyage e os 500 l do Siena.

FORÇA NA MEDIDA
O conjunto motriz do J3 Turin é antagônico. O motor de 1.332 cm³ (chamado pela fabricante de 1.4, assim como a Honda faz com o motor do Fit), dotado de comando de válvulas com abertura variável, tem arrancadas decididas e torna o carro ágil, principalmente no trânsito. Na estrada, em velocidade de cruzeiro, ele se mantém firme e sem “gritar”. Em números, ele tem 108 cv de potência aos 6.000 rpm, com torque máximo de 14 kgfm, alcançados aos 4.500 rpm.

Quem estraga um pouco a festa é o câmbio. Ainda que bem escalonado, seus engates são bastante longos e imprecisos. Em uma tocada mais rápida é comum que o motorista fique procurando as marchas, o que é bastante irritante e tira um pouco do prazer ao dirigir o carro.

De maneira geral, pelo que apresentou até o momento, o J3 Turin tem preço e conteúdo para brigar, em pé de igualdade, com os seus rivais. Bom comportamento dinâmico, espaço interno e equipamentos ele tem. Corrigidos seus poucos defeitos, o principal adversário do carro será a dúvida -- natural -- de seus compradores sobre o desempenho do veículo e da JAC Motors no mercado e no atendimento ao consumidor. Entretanto, como diz o ditado chinês, toda jornada começa com o primeiro passo. E o J3 Turim não tropeçou nessa parte.