Espaçoso e equipado, Volkswagen Touareg amplifica o estresse urbano

A Volkswagen apresentou o Touareg 2012 juntamente com os novos modelos de Passat e Passat Variant, em maio último. Na ocasião, foi possível guiar o SUV -- que adotou a nova identidade visual da Volks -- num breve test-drive, que inclusive contemplou trechos off-road. Mas as atenções estavam quase que totalmente voltadas para a dupla sedã-perua.

Passados pouco mais de dois meses, UOL Carros teve a oportunidade de avaliar uma unidade do Touareg V6 2012 por cerca de uma semana. Como em qualquer relacionamento, o convívio mais longo serviu para descobrirmos as qualidades e os defeitos do SUV, que tem os seguintes preços, variando com o motor:

Touareg V6 -- R$ 220.990
Touareg V8 -- R$ 267.990 
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Antes de mais nada, vale dizer que o Touareg, fabricado na Eslováquia e irmão de plataforma do Posrche Cayenne e Audi Q7 (que, na verdade, são seus grandes rivais, embora mais caros) é um SUV legítimo. Esqueça palavras como "crossover", "compacto" ou "urbano". Nenhuma delas se aplica a esse carro de 4,79 metros de comprimento, 1,94 metro de largura e 1,70 metro de altura. Se essas dimensões já fariam do utilitário esportivo alemão um peso-pesado, a sua massa bate o martelo nessa questão: 2.032 quilos. Ou seja, mais de duas toneladas (vazio).

Feitas as devidas considerações, é justo dizer que o Touareg cobra um preço pelo conforto do seu interior, pago na forma de "espaçosidade": o SUV da VW funciona bem longe do trânsito das grandes cidades e de quaisquer situações que exijam agilidade ou capacidade de manobra. O habitat desse gigante são as estradas, pavimentadas ou não.

O tamanho farto do Touareg, suas formas e acabamento interior podem ser vistos nas fotos abaixo, clicadas por Murilo Góes e exclusivas de UOL Carros:

PACOTÃO
O Touareg não nega conforto aos seus ocupantes. Não há economia na oferta de espaço para até cinco pessoas, que contam com mimos como sistema multimídia que reproduz DVD, MP3 e oito alto-falantes, ar-condicionado de duas zonas, bancos de couro (sendo que os dianteiros têm aquecimento e ajustes elétricos) e sistema de navegação. Opcionalmente, o Touareg pode vir equipado com o teto solar panorâmico Sky View, de acionamento elétrico.

O motorista conta com sistema keyless para o destravamento das portas (basta acionar a maçaneta) e partida do motor (por botão); volante multifuncional com aquecimento, teclas para a troca de marchas e ajuste de altura e profundidade; faróis com regulagem dinâmica de altura; computador de bordo com monitoramento da pressão dos pneus; piloto automático; sensor de luminosidade e de chuva; câmera de estacionamento e sensores que monitoram os quatro cantos do carro. Como opcional, o carro pode vir equipado com o ACC (piloto automático adaptativo, que regula a distância do carro à frente), um equipamento misto de conforto e segurança.

Neste quesito, o Touareg V6 vem com seis airbags, freios com ABS (antitravamento), BAS (assistência em frenagens), EDS (bloqueio eletrônico de diferencial), ASR (controle de tração) e ESP (controle eletrônico de estabilidade). O sistema Side Assist, opcional que monitora os pontos cegos da carroceria, estava presente na unidade testada e se mostrou de grande valia -- na cidade, ele não para de piscar. Clique para ler a lista completa de equipamentos.

ATENÇÃO TOTAL
O conforto do interior do Touareg se transformou em apreensão ao levar o modelo para uma volta pelo trânsito carregado de São Paulo. Num primeiro momento é difícil se acostumar com o tamanho do carro e ajeitá-lo em uma faixa de modo a não atrapalhar a passagem de motos ou roubar espaço das outras faixas. Também requer adaptação a altura do modelo, que esconde os carros que trafegam ao lado. Ou seja, o Side Assist deveria vir como equipamento de série no carro. Mas, com ou sem ele, uma certa tensão acompanha o motorista.

Passado o estranhamento, o Touareg mostrou um rodar confortável, apesar de uma leve tendência de "quicar" após passar em lombadas e valetas. O motor V6 de 3,6 litros e 280 cavalos de potência a 6.200 rpm apresenta seu pico de torque, 37 kgfm, aos 2.900 rpm, o que garante acelerações vigorosas.

Num trajeto misto, o carro -- que bebe somente gasolina -- marcou um consumo médio de 6 km/l. Vale a ressalva de que, na estrada, a marcação instantânea de consumo apresentava números da ordem de 12 km/l, visivelmente se aproveitando do câmbio automático de oito marchas. É um número evita que o Touareg seja classificado como um típico "beberrão", já que seu lugar é na estrada.

O Touareg freia bem, sem afundar a frente em demasia. Aliás, o ajuste da suspensão evita rolagens excessivas da carroceria, seja em frenagens, acelerações ou curvas. E, por falar em curvas, o SUV se saiu bem na maioria delas, contando com a ajuda da tração integral. Obviamente que o motorista precisa controlar sua empolgação (basta lembrar-se do peso e do tamanho do veículo), mas de forma geral esse é um veículo estável. A exceção, entretanto, ocorreu durante uma passagem para as fotos que ilustram essa reportagem, quando o controle de estabilidade pareceu não funcionar.

O trajeto na terra foi curto, mas reforçou o que já havia ficado claro no lançamento, em maio. Ainda que não seja um off-road típico, o Touareg conta com um sistema de seleção para pisos sem pavimento e é capaz de encarar barrancos -- com direito a controle automático de descidas -- e até um pouco de lama.

Ao final do teste, é possível afirmar que o Touareg cumpre bem o verdadeiro papel para o qual foi designado: é um veículo robusto, gostoso de dirigir em estradas e que até se arrisca em curvas e no fora-de-estrada. A questão é convencer seus compradores a utilizá-lo nos locais aonde ele vai melhor. Enquanto isso não acontece, o grandalhão da Volks permanece brigando justamente onde espaço é o artigo mais raro: os grandes centros urbanos.