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Volkswagen Polo mantém qualidades, mas preço atual e novo visual atrapalham

A palavra "bonito" ficou um pouco mais distante do Polo 2012. Mesmo assim, ele mantém suas qualidades ao volante e seu maior defeito, o preço. Versão avaliada sai por R$ 51.360. - Murilo Góes/UOL
A palavra "bonito" ficou um pouco mais distante do Polo 2012. Mesmo assim, ele mantém suas qualidades ao volante e seu maior defeito, o preço. Versão avaliada sai por R$ 51.360. Imagem: Murilo Góes/UOL

Rodrigo Lara

Do UOL, em São Paulo (SP)

05/09/2011 09h00

"O Polo é caro porque é bom ou é bom porque é caro?". A dúvida é pertinente ao falarmos desse compacto premium. Essa definição, que acompanha o Volkswagen Polo desde o seu lançamento no mercado brasileiro em 2002, é responsável pelas suas melhores qualidades e pelo seu maior defeito. Carro de construção sólida e moderna, bem acabado e de excelente dirigibilidade, nunca deslanchou no mercado brasileiro devido a um detalhe: o alto preço.

A versão avaliada por UOL Carros um Polo Hatch Sportline 1.6 custa R$ 51.360. Achou caro? Muita gente também acha -- o Polo hatch ocupa a 50ª posição no ranking de vendas da Fenabrave, tendo emplacado somente 6.009 unidades em 2011. Esse preço faz com que ele deixe de concorrer com carros compactos como o Citroën C3 para enfrentar veículos maiores como Kia Cerato e Ford New Fiesta. Pior: por uma graninha extra, o comprador do Polo pode partir para hatches médios do porte de Ford Focus ou Fiat Bravo, uma artilharia pesada demais até para um carro bom como o Polo.

Apresentado à imprensa em julho, o modelo 2012 do Polo se aproximou do restante da linha VW em termos visuais, em uma ação que buscou a tão em moda identidade visual, típica da indústria automotiva atual. O problema é que no caso do Polo, um dos poucos carros da Volks com um visual exclusivo, a reestilização não caiu bem. Para-choques, frisos, máscaras negras em faróis e lanternas e grade dianteira mudaram, deixando o carro mais “careta” e fazendo ele perder parte da sua aura premium. Veja abaixo o "antes e depois" do hatch da VW:

Por dentro, o Polo manteve seu conforto, bom acabamento e ganhou melhorias, como painel com iluminação branca, um facilitador na hora de ver os instrumentos à noite. Confira o conjunto da obra nas fotos abaixo, clicadas por Murilo Góes:

CARO, MAS COMPLETO
O interior do Polo agrada. Há espaço suficiente para quatro adultos, sem apertos. Um quinto elemento, acomodado na porção central do banco traseiro, é aceitável, desde que a viagem seja curta. Ar-condicionado, direção hidráulica, freios ABS (antitravamento), airbag dianteiro, trio elétrico, bancos com regulagem de altura, volante com ajuste de altura e profundidade, rádio MP3 com entrada USB, SD-Card e interface para iPod com oito alto-falantes e computador de bordo são alguns dos itens de série desta versão (veja a lista completa aqui). O Polo é um carro completo.

A posição de dirigir é beneficiada pelos ajustes de direção e bancos. Desta forma, quem privilegia uma postura mais esportiva, pode colocar o assento na posição mais baixa. Em contrapartida, quem gosta de se sentir “alto no trânsito” pode seguir o caminho inverso e obter uma visão superior. Mérito para o Polo, que consegue agradar as mais distintas vertentes de motoristas.

O Polo não priva seu motorista de enxergar bem o exterior. A boa visibilidade ajuda principalmente no trânsito das grandes cidades. Somada às dimensões compactas do modelo -- 3,89 metros de comprimento e 1,93 metros de largura --, facilita a troca de faixas em avenidas e dota o carro de um bom potencial para o uso urbano.

EM MOVIMENTO
O Polo é equipado com o motor 1.6 VHT, que se mostra presente em uma boa variedade de modelos dentro da gama Volkswagen. Por ter calibragem idêntica em todos esses carros, o que define seu desempenho é, basicamente, o peso do veículo o qual ele move. No caso do Polo e dos seus 1.117 kg, os 104 (etanol) e 101 (gasolina) cavalos de potência a 5.250 rpm e o torque de 15,6 (etanol) e 15,4 (gasolina) kgfm a 2.500 giros são suficientes e garantem um bom desempenho ao hatch, ainda que ele seja ruidoso em altas rotações. Durante a avaliação de UOL Carros, essa unidade flex teve média de consumo de 7,5 km/l, em trajetos que mesclaram congestionamentos, estradas e trechos de serra.

A caixa de câmbio MQ200, de cinco marchas, merece um capítulo à parte. Engates precisos e suaves marcam essa transmissão que, sem exageros, em matéria de escalonamento e operação pode ser considerada a melhor caixa manual entre todos os carros disponíveis no mercado brasileiro. O lado ruim de tamanha qualidade é que o Polo instiga o motorista a andar rápido, o que pode resultar em multas e em excesso de ousadia no trânsito.

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Em termos de desempenho dinâmico, o Polo brilha. O rodar macio, com uma suspensão (independente nas rodas dianteiras, interdependente nas traseiras) capaz de oferecer um ótimo nível de conforto, não priva o carro de uma estabilidade exemplar. O hatch parece andar sobre trilhos em curvas, nas mais variadas velocidades. Mesmo quando o motorista abusa, o carro é previsível e sai de frente muito tempo depois dos pneus começarem a gritar, o que é uma característica muito interessante quando o assunto é segurança.

Se o design piorou, em termos práticos o Polo continua sendo um carro premium e destaca-se dentre os automóveis não apenas de sua categoria, mas no mercado nacional como um todo. Bom acabamento, motorização justa e dirigibilidade exemplar fazem parte do pacote do modelo. Mas algo realmente faz falta e impede que o carro decole como deveria: um preço mais em conta.