Kia mostra ao mundo o seu amanhã, mas futuro no Brasil é incerto
Não estaremos exagerando muito se dissermos que o grande destaque da coreana Kia no Salão de Frankfurt 2011 foi um homem, não um carro. Claro que houve novidades, como o novo Kia Rio de três portas, para completar a gama do hatch compacto na Europa, e o conceito Kia GT, para apontar novos rumos para a marca. Mas olhos e flashes tiveram outro destino na maior parte do tempo: estavam todos voltados para o alemão Peter Schreyer.
Antes de chegar à Kia, cinco anos atrás, Schreyer projetou as linhas do hatch Volkswagen Golf 4 (sim, este que ainda temos ai no Brasil, ligeiramente modificado em relação ao original europeu), do sedã Audi A4, do roadster Audi TT e do retrô Volkswagen New Beetle. Todos marcantes. A Kia, por sua vez, só era lembrada até 2005 por picapinhas e vans de vender cachorro-quente; por carros bizarros, como o sedã Opirus; ou bem equipados, mas sem graça, caso do Magentis.
O trabalho de Schreyer junto à Kia fez dessa uma marca respeitada. A Volks, por exemplo, recebe críticas pela pasteurização de seus modelos -- o dono de um Passat pode confundir seu carro com um Jetta ou, pior, com um Fox. A BMW, por "passar dos cinco minutos" e confundir estranheza com ousadia. Atualmente, os coreanos são donos da identidade visual mais marcante e atraente da indústria automotiva mundial, o estilo "rugido de tigre", onde grade frontal, tomadas de ar e faróis emulam focinho, boca e olhos do animal.
E Schreyer é incensado: aposentou o Opirus e trouxe o inspirado Cadenza; colocou sal no Magentis para criar o novo Optima (o sedã ainda inédito no Brasil recebe o mesmo nome do antecessor em alguns mercados); atualizou o Cerato; tornou o Sportage atraente o suficiente para superar o estigma de ser o irmão desconhecido do Tucson; trocou a cara de bichinho japonês por jeito de fera futurista no Picanto; e ousou criar uma nova categoria ao batizar o inédito Soul, que é um hatch, de carro-design.
SORRIA, RIO
As mais recentes criações são o novo Rio, que sempre pareceu um mini-Cerato, mas agora está com aspecto de mini-Sportage, com sua cara de poucos amigos. O modelo deve chegar ao Brasil em 2012 com motor flex de 1,4 litro baseado no propulsor a gasolina de 107 cavalos e 13,8 kgfm, com comando de válvulas continuamente variável na admissão, que equipa o modelo na Europa. O carro deve encarar os chamados compactos premium e tinha visual e qualidades para se dar bem. O "tinha" fica por conta do pacote de aumento do IPI de importados, que deve tirar a competitividade do Rio. Estimava-se que ele custaria algo entre R$ 45 e R$ 50 mil; a partir de agora, não deverá chegar por menos de R$ 56 mil.
O outro rebento de Schreyer é o GT, sedã médio-grande (4,69 metros de comprimento, 2,86 m de espaço entre-eixos) de quatro portas (as traseiras ao estilo suicida) e quatro lugares com traseira fastback, como no Audi A7 Sportback, capô longo (como um Mercedes-Benz) e balanço dianteiro curto (como nos BMW). O conceito prevê um potente motor V6 com turbo e injeção direta de combustível, capaz de gerar 395 cv de potência e torque de 54,5 kgfm, e gerenciamento do câmbio automático de oito marchas sobre a tração traseira.
UM PAPO COM O MESTRE
Para saber o que o GT representa na linha da Kia, UOL Carros conversou com Schreyer após a apresentação do modelo em Frankfurt:
Schreyer: Hoje, ele é apenas sonho, mas na Kia temos visto nossos sonhos tornarem-se realidade constantemente.
Schreyer: O conceito por trás do GT é a ideia de transmitir energia, de um animal pronto para o ataque. O carro tem esse desenho de capô longo, a cabine recuada, ressaltos aerodinâmicos. Tentamos mostrar formas que pareçam estar prontas para decolar a qualquer instante.
Schreyer: Acho que a questão vai além dos materiais envolvidos ou do valor do carro. O desafio do designer está aí, em achar novas formas e novos usos para matérias-primas que possam ser aplicados até mesmo, e principalmente, nos carros mais baratos. Estes são vendidos e fazem o nosso trabalho ir para as ruas. Tudo bem trabalhar com a fibra de carbono, mas o plástico permite tão interessantes quanto, e é com ele que você vai lidar num carro como o Picanto, como o Rio. O designer não tem a função de fazer distinção entre o público de um modelo ou de outro, ele deve criar.
Schreyer: Criar uma identidade não significa fazer com que todos os carros pareçam o mesmo. Se for assim, pode realmente ser entediante para o consumidor e para o designer, também. Mas o ideal é você usar os parâmetros da identidade visual da marca e ousar dentro daquele tema.
Schreyer: Penso em criar um conversível, é um carro necessário para a Kia, mas ainda não sei se é possível. E penso na renovação de nossa linha, ainda temos os modelos familiares [as minivans Carens e Carnival, sendo que esta última recentemente recebeu um facelift]. Mas ainda sonho realmente com este conversível.
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