Sonhos com superesportivos começam e acabam em Frankfurt
Pouco importa o tamanho do Salão do Automóvel -- pode ser pequeno, como o de Buenos Aires; apertado como em São Paulo; gigantesco, como o de Frankfurt. O público quer, antes de tudo, sonhar, e poucos estandes conseguem a proeza de realizar isso como os das marcas Maserati, Lamborghini, Ferrari (italianas) e Bugatti (francesa). Desta vez, no evento alemão, o visitante se acotovelou em frente aos quatro espaços para compartilhar sonhos que começam (o SUV da Maserati e o novo superesportivo da Lamborghini), que ficam ainda melhores (a versão conversível do 458 Italia da Ferrari) ou que estão prestes a terminar (a nova versão do todo-poderoso Veyron Grand Sport).
OURO BRANCO
Para começo de conversa, é bom se acostumar com a ideia de que a linhagem do Veyron vai acabar em breve. E, para tristeza de alguns, a morte iguala a todos: como qualquer carro básico, o superesportivo de 1.001 cavalos da Bugatti mostra que está chegando ao fim da estrada com versões que ficam cada vez mais interessantes. A variação fechada (cupê) já teve todas as suas unidades produzidas e agora é a vez do roadster Veyron Grand Sport iniciar a despedida com a versão L'Or Blanc (em português, "O Ouro Branco"), que traz acabamento em porcelana sobre a pintura exterior (em alto relevo) e no interior. O preço da excentricidade é de 1,65 milhões de euros, algo em torno dos R$ 4 milhões, sem qualquer cálculo de imposto, taxas e lucros.
VENTANIA
Uns vão, outros vêm. A Maserati exibiu o conceito Kubang, que vai dar origem ao primeiro SUV da marca em 2013. A primeira explicação a ser dada diz respeito ao nome, que soa um tanto inadequado. Kubang é um vento das ilhas de Bali e Java, na Indonésia, o que nos remete à tradição da marca (um tanto em desuso) de nomear carros em homenagem a correntes climáticas.
Inadequado também parece ser o estilo do Kubang, que nos pareceu desarmônico demais frente aos outros modelos da marca do tridente. A grade em forma de boca custa a conversar com a traseira, que parece tirada de um dos monstruosos SUVs da Infiniti, enquanto as linhas laterais flutuam perdidas das rodas aro 21 calçadas. Segundo o representante da marca, o Kubang foi feito para agradar a chineses e americanos (o que justifica parte da estranheza) e deve utilizar um motor que ainda está sendo desenvolvido pela Ferrari.
ABRUTALHADO
Foi difícil entender o que se passou na cabeça dos alemães que comandam a italiana Lamborghini. De olho nas cifras, Stephan Winkelmann, CEO da marca, deu total destaque a uma versão do agora moribundo Gallardo: pintado exclusivamente de vermelho vivo, o LP570-4 Super Trofeo Stradale mantém o motor V10 de 5,2 litros e todas as suas características (ótimas, diga-se de passagem), mas terá apenas 150 unidades produzidas. A explicação é fácil e "patriótica", pois cada um dos exemplares representa um dos anos passados desde a unificação italiana. O real motivo da existência da série, porém, é celebrar a parceria comercial com a fabricante suíça de relógio Blancpain, patrocinadora do campeonato de Super Trofeo da Lamborghini.
O futuro SUV Maserati chama-se Kubang, nome de um vento asiático... Convenhamos: é feio!
As novidades, porém, foram discretamente citadas ou mostradas. O conceito Sesto Elemento vai ganhar vida em 2013 em uma fornada curta e apressada: serão apenas 20 exemplares, todos capazes de acelerar de 0 a 100 km/h em 2,5 segundos, com o mesmo motor V10 do Gallardo.
Já o Aventador LP 700-4 estava lá, para quem soubesse ver sua presença agigantada e abrutalhada, mas quase não foi citado. Sua aparição inicial ocorreu em Genebra, em março, mas a proximidade do início de suas entregas -- que começam para valer agora, no último trimestre do ano -- fazia crer que ele seria mais bem explorado em Frankfurt.
Com o nome de um touro reconhecido por sua bravura na arena de Zaragoza (Espanha), o Aventador está equipado com motor V12 de 6,5 litros capaz de gerar 700 cavalos (8.250 rpm) e torque de impressionantes 70 kgfm (a intermediários 5.500 giros) entregues em todas as quatro rodas de 19 polegadas. Quer um? Apresse-se! No total, apenas 4 mil unidades do Aventador serão produzidas. Parece muito para um carro deste tipo? Então saiba que em poucos meses de vida a produção de 18 meses do modelo, ou 1.200 unidades, já foi reservada, sobretudo para compradores dos Estados Unidos (onde o carro começa em US$ 380 mil dólares, cerca de R$ 680 mil) e da Europa (onde custa 264 mil euros ou R$ 640 mil).
Os representantes da marca confirmam o embarque de algumas unidades ao Brasil, menos de dez, mas não cravam o preço, que deve passar dos R$ 2 milhões, cifra que seria menos antes do aumento do IPI sobre importados. A capacidade de cumprir o 0-100 km/h em 2,9 segundos e encostar nos 315 km/h será, novamente, real para pouquíssimos superendinheirados brasileiros.
CEÚ À VISTA
Por fim, que tal deixar o interessante 458 Italia, com seu motor V8 de 4,5 litros e 570 cv, mais incrível ainda? A Ferrari lançou a versão conversível de seu cupê, que agora ganha o tradicional sobrenome Spider para entregar a presença do teto de alumínio movido com motor elétrico para dentro de um habitáculo sobre o compartimento do motor central-traseiro.
A Ferrari se orgulha de dizer que, apesar dos incrementos estruturais necessários para manter a segurança de um cupê (com teto) num modelo conversível, o 458 Spider é só 50 quilos mais pesados que o modelo original (1.430 quilos contra 1.380), mantendo todas as outras características, como a frente com suave ascensão das linhas ao longo do farol de LEDs verticalizado, a curva entre o para-brisa e o teto, as rodas estreladas aro 20 (235/35 à frente, 295/35 atrás) ou, no interior, a excelente posição de dirigir e o espaço para um estojo de guitarra (ou duas bolsas de tacos de golfe), que aliás faz parte do conjunto de malas e cases que acompanham o carro e também podem ser acondicionados no porta-malas frontal de 240 litros.
Assim como ocorre com o Aventador, o roadster 458 Italia Spider já tem lista de espera de um ano e meio, preenchida antes mesmo da chegada às lojas, o que ocorrerá em até três meses. Como a Ferrari estima que apenas 2 mil unidades deverão ser produzidas a cada ano, podemos crer que ao menos 3 mil pessoas estão à espera de seu exemplar, tendo pago o equivalente a 230 mil euros (R$ 561 mil).
No Brasil, onde deve chegar no próximo ano, o carro deveria custar de 10% a 15% a mais que o cupê, que desembarcou por R$ 1,5 milhão. Com o aumento do IPI para importados, porém, o valor que deveria beirar o R$ 1,75 milhão deve agora extrapolar os R$ 2,1 milhões. É de causar pesadelos em qualquer amantes de carros.
O jornalista Eugênio Augusto Brito viaja a convite da Anfavea
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