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Audi A6 muda para aproximar-se do A8, mas a diferença é maior que 2

<b>Audi A6: esse visual você já conhece; o prazer a bordo você precisa experimentar</b> - Murilo Góes/UOL
<b>Audi A6: esse visual você já conhece; o prazer a bordo você precisa experimentar</b> Imagem: Murilo Góes/UOL

Claudio de Souza

Do UOL, em Campinas (SP)

15/10/2011 00h16

A Audi apresentou nesta semana o novo A6, seu sedã grande executivo, concorrente direto de Mercedes-Benz Classe E e BMW Série 5. A trinca germânica é referência neste nicho de mercado bem pequeno, que não passou de 520 unidades neste ano (até o final de setembro) somando esses três modelos -- 408 Mercedes, 94 BMW e pífios 18 Audi, um número influenciado pela troca de geração do modelo.

O preço, claro, é para pouquíssimos: o A6 parte de R$ 313.390. O valor deve mudar no mês que vem, quando o aumento do IPI será repassado à tabela da Audi. O Classe E 350 topo da gama custa R$ 299 mil, e o preço atual do Série 5 não estava disponível para consulta quando esta reportagem foi publicada.  

O detalhe é que, como naqueles infomerciais de TV na madrugada, em que o locutor se exalta ao dizer "Mas ATENÇÃO: se você ligar AGORA, vai levar também..." e então melhora a oferta com brindes e badulaques, aqui devemos alertar: "Mas ATENÇÃO: se você comprar o A6 por R$ 313.390, NÃO vai levar..."

Isso porque boa parte dos itens mais interessantes do modelo germânico são opcionais, compráveis num pacotão tecnológico que custa R$ 33 mil. Tudo bem: quem paga R$ 313.390 num carro provavelmente também pagaria R$ 343.390. Mas, à sombra dos opcionais, os itens de série do sedã executivo da Audi ficam um tanto apagados.

SHOW DE TECNOLOGIA
Batizado de Advanced, o pacote contém os sistemas Pre Sense Plus, Side Assist e Park Assist Plus, o Cruise Control adaptativo, o Night Vision e até mesmo o head-up display -- uma banalidade presente até em carros de menos de R$ 100 mil, como modelos Citroën e Peugeot. Todos são sistemas já conhecidos do A7 (cupê) e do A8 (sedã grande de alto luxo), e têm similares em outras gamas premium. As luzes dianteiras de LEDs (com exceção das de posição) também estão no pacote.

Por partes: o Pre Sense Plus prepara o A6 para minimizar as consequências de uma colisão (mas não evitá-la), sendo capaz de, entre outras coisas, frear o carro sem intervenção do motorista, fechar vidros e teto solar, ajustar os cintos de segurança. O Side Assist é um monitor de pontos cegos laterais, útil num mundo dominado por motoboys.

O Park Assist Plus é um acréscimo ao sistema de estacionamento autônomo do A6 (item de série), aqui preparado também para colocar o carro em vagas difíceis -- perpendiculares, por exemplo. Testamos o sistema, e é fascinante ver o volante girando sozinho enquanto acompanhamos a ação pela imagem da câmera à ré, transmitida para a tela multimídia. O motorista só tem o trabalho de engatar as marchas pedidas e de controlar a frenagem.

O piloto automático batizado de ACC é um dos dispositivos de segurança ativa mais espetacularmentes necessários não só no A6, mas em qualquer carro do futuro que se preze (inclusive os baratos, mas isso é outra história). Ele leva o carro à velocidade que você programar, a intervalos de 10 km/h, e o mantém nela até aparecer algum obstáculo -- como um carro mais lento à frente. Nesse caso, o sistema assume o comando do sedã e diminui sua velocidade, em tese igualando-a à do carro à frente para manter dele uma distância pré-definida.

Traduzindo: em condições ideais, é possível viajar com o A6 sem jamais pisar no freio ou no acelerador. Programamos o sistema para diversas velocidades (de 100 km/h a 190 km/h), e em todas as situações o carro se comportou, "sozinho", como se o mais prudente dos motoristas estivesse no comando, inclusive antecipando possíveis erros dos demais condutores.

DETALHES DO A6

  • Murilo Góes/UOL

    No alto, diferentes acionamentos do conjunto óptico do A6, ressalvando que os LEDs são opcionais; na imagem do meio, o Night Vision Assist em ação, cujo infravermelho detecta seres vivos; e, logo acima, aspecto do interior do A6, mais bonito em preto ou marrom.

Já o Audi Night Vision é um sistema infravermelho capaz de identificar pedestres incautos que estejam na rota do A6, alertando o motorista com um sinal sonoro e a marcação da imagem em vermelho.

Para fechar, o head-up display (ou HUD), na verdade uma projeção de dados num espaço virtual à frente do parabrisa, e não uma peça física, é colorido e bem completo, com velocidade, direção da navegação e informações dos sistemas de segurança.

JÁ VEM COM...
Bem, tudo isso listado acima é o que o A6 "de entrada" não tem de série. E o que ele tem, afinal?

Vamos lá: entre outras coisas, o carro oferece ar-condicionado com duas zonas; bancos dianteiros elétricos com memória para o banco do motorista e apoio lombar com ajuste elétrico para ambos; controle de cruzeiro; computador de bordo colorido; acabamento em alumínio; retrovisores externos eletricamente ajustáveis, rebatíveis, aquecíveis com função antiofuscamento automática e memória; rodas de liga leve de aro 18"; sensores de luz e chuva com assistente para luz alta; teto solar; volante esportivo em couro, multifuncional, com shift-paddles e ajustes elétricos de altura e distância; lanternas traseiras com LEDs; faróis bi-xenônio com limpador dos faróis; sensor de estacionamento traseiro e dianteiro com gráfico e câmera de ré; sistema multimídia MMI com DVD e preparação para navegação.

O som original tem a assinatura da Audi, mas pode ser trocado por um da Bose, por R$ 6.000 extras, ou por um da Bang & Olufsen com 1.300 watts, por estonteantes R$ 30 mil.

De resto, o A6 é o que se poderia esperar de um sedã de quase 5 metros, entre-eixos mamutesco de 2,9 metros e a proposta de misturar o melhor do conforto ao melhor da performance.

O espaço interno é excelente e o acabamento é primoroso, percepção que se multiplica caso o proprietário opte pelo preto ou por tons de marrom para os bancos em couro, destacando os insertos em alumínio -- o interior em cinza é meio sem graça.

SUPERMOTOR
Já o trem de força é uma daquelas jóias que a Audi costuma incrustar sob o capô de seus carros, que parecem projetadas para ganhar os principais prêmios de motor do ano: no caso, é um V6 de 3 litros, a gasolina, dotado de compressor mecânico (e não turbo, apesar do T em TFSI, sigla que identifica o bloco). A gerência pelo câmbio S-Tronic de sete velocidades e dupla embreagem tem de lidar com 300 cavalos de potência (a 5.250 rpm) e cerca de 44 kgfm de torque (já a 2.900 rpm). E o faz com maestria.

A tração é integral, com a assinatura quattro, e o sistema Audi Drive Select (de série!) possui quatro modos de ajustes para direção, suspensão e motor/transmissão: dinâmico (mais esportivo, com suspensão firme e direção direta), conforto, automático e individual (você decide cada um dos acertos); a Audi citou a existência de um quinto modo, batizado de "eficiência", mas segundo um consultor técnico este é automático e perpassa todos os demais.

Tudo isso consegue levar os 1.740 kg do A6 (30 kg menos que a geração anterior, emagrecidos à base de partes em alumínio) aos tradicionais 250 km/h de velocidade máxima, com limitação de fábrica. O zero a 100 km/h, segundo a Audi, dá-se em meros 5,5 segundos. Acelerações e retomadas são instigantes, ressalvando que este A6 não dá "estilingadas" como os carros dotados de motores com turbocompressor convencional. Sempre com um impressionante silêncio a bordo.

O consumo médio (combinação estrada/cidade), também segundo a fabricante, é de 12,2 km/l -- mas durante nosso test-drive não obtivemos marca melhor do que 8 km/l, sempre em rodovias.

Ah! Faltou discorrer sobre o estilo do A6. Mas nem precisa, não é? Quem conhece um sedã Audi conhece todos: marcante grade dianteira hexagonal ladeada por conjunto óptico sublinhado por LEDs, carroceria baixa e montada sobre rodas generosas (as de aro 19 são opcionais e custam mais R$ 12 mil), traseira que passa a impressão de ser mais larga do que realmente é, lanternas horizontais características das novas gerações dos sedãs de Audi e da manda-chuva Volkswagen.

Poderia ser a descrição do A4 ou do A8, guardadas as proporções. Só que, para chegar a A8, falta ao A6 muito mais do que "2". Que tal R$ 33 mil?

Viagem a convite da Audi do Brasil