Audi A6 muda para aproximar-se do A8, mas a diferença é maior que 2
A Audi apresentou nesta semana o novo A6, seu sedã grande executivo, concorrente direto de Mercedes-Benz Classe E e BMW Série 5. A trinca germânica é referência neste nicho de mercado bem pequeno, que não passou de 520 unidades neste ano (até o final de setembro) somando esses três modelos -- 408 Mercedes, 94 BMW e pífios 18 Audi, um número influenciado pela troca de geração do modelo.
O preço, claro, é para pouquíssimos: o A6 parte de R$ 313.390. O valor deve mudar no mês que vem, quando o aumento do IPI será repassado à tabela da Audi. O Classe E 350 topo da gama custa R$ 299 mil, e o preço atual do Série 5 não estava disponível para consulta quando esta reportagem foi publicada.
O detalhe é que, como naqueles infomerciais de TV na madrugada, em que o locutor se exalta ao dizer "Mas ATENÇÃO: se você ligar AGORA, vai levar também..." e então melhora a oferta com brindes e badulaques, aqui devemos alertar: "Mas ATENÇÃO: se você comprar o A6 por R$ 313.390, NÃO vai levar..."
Isso porque boa parte dos itens mais interessantes do modelo germânico são opcionais, compráveis num pacotão tecnológico que custa R$ 33 mil. Tudo bem: quem paga R$ 313.390 num carro provavelmente também pagaria R$ 343.390. Mas, à sombra dos opcionais, os itens de série do sedã executivo da Audi ficam um tanto apagados.
SHOW DE TECNOLOGIA
Batizado de Advanced, o pacote contém os sistemas Pre Sense Plus, Side Assist e Park Assist Plus, o Cruise Control adaptativo, o Night Vision e até mesmo o head-up display -- uma banalidade presente até em carros de menos de R$ 100 mil, como modelos Citroën e Peugeot. Todos são sistemas já conhecidos do A7 (cupê) e do A8 (sedã grande de alto luxo), e têm similares em outras gamas premium. As luzes dianteiras de LEDs (com exceção das de posição) também estão no pacote.
Por partes: o Pre Sense Plus prepara o A6 para minimizar as consequências de uma colisão (mas não evitá-la), sendo capaz de, entre outras coisas, frear o carro sem intervenção do motorista, fechar vidros e teto solar, ajustar os cintos de segurança. O Side Assist é um monitor de pontos cegos laterais, útil num mundo dominado por motoboys.
O Park Assist Plus é um acréscimo ao sistema de estacionamento autônomo do A6 (item de série), aqui preparado também para colocar o carro em vagas difíceis -- perpendiculares, por exemplo. Testamos o sistema, e é fascinante ver o volante girando sozinho enquanto acompanhamos a ação pela imagem da câmera à ré, transmitida para a tela multimídia. O motorista só tem o trabalho de engatar as marchas pedidas e de controlar a frenagem.
O piloto automático batizado de ACC é um dos dispositivos de segurança ativa mais espetacularmentes necessários não só no A6, mas em qualquer carro do futuro que se preze (inclusive os baratos, mas isso é outra história). Ele leva o carro à velocidade que você programar, a intervalos de 10 km/h, e o mantém nela até aparecer algum obstáculo -- como um carro mais lento à frente. Nesse caso, o sistema assume o comando do sedã e diminui sua velocidade, em tese igualando-a à do carro à frente para manter dele uma distância pré-definida.
Traduzindo: em condições ideais, é possível viajar com o A6 sem jamais pisar no freio ou no acelerador. Programamos o sistema para diversas velocidades (de 100 km/h a 190 km/h), e em todas as situações o carro se comportou, "sozinho", como se o mais prudente dos motoristas estivesse no comando, inclusive antecipando possíveis erros dos demais condutores.
DETALHES DO A6
No alto, diferentes acionamentos do conjunto óptico do A6, ressalvando que os LEDs são opcionais; na imagem do meio, o Night Vision Assist em ação, cujo infravermelho detecta seres vivos; e, logo acima, aspecto do interior do A6, mais bonito em preto ou marrom.
Já o Audi Night Vision é um sistema infravermelho capaz de identificar pedestres incautos que estejam na rota do A6, alertando o motorista com um sinal sonoro e a marcação da imagem em vermelho.
Para fechar, o head-up display (ou HUD), na verdade uma projeção de dados num espaço virtual à frente do parabrisa, e não uma peça física, é colorido e bem completo, com velocidade, direção da navegação e informações dos sistemas de segurança.
JÁ VEM COM...
Bem, tudo isso listado acima é o que o A6 "de entrada" não tem de série. E o que ele tem, afinal?
Vamos lá: entre outras coisas, o carro oferece ar-condicionado com duas zonas; bancos dianteiros elétricos com memória para o banco do motorista e apoio lombar com ajuste elétrico para ambos; controle de cruzeiro; computador de bordo colorido; acabamento em alumínio; retrovisores externos eletricamente ajustáveis, rebatíveis, aquecíveis com função antiofuscamento automática e memória; rodas de liga leve de aro 18"; sensores de luz e chuva com assistente para luz alta; teto solar; volante esportivo em couro, multifuncional, com shift-paddles e ajustes elétricos de altura e distância; lanternas traseiras com LEDs; faróis bi-xenônio com limpador dos faróis; sensor de estacionamento traseiro e dianteiro com gráfico e câmera de ré; sistema multimídia MMI com DVD e preparação para navegação.
O som original tem a assinatura da Audi, mas pode ser trocado por um da Bose, por R$ 6.000 extras, ou por um da Bang & Olufsen com 1.300 watts, por estonteantes R$ 30 mil.
De resto, o A6 é o que se poderia esperar de um sedã de quase 5 metros, entre-eixos mamutesco de 2,9 metros e a proposta de misturar o melhor do conforto ao melhor da performance.
O espaço interno é excelente e o acabamento é primoroso, percepção que se multiplica caso o proprietário opte pelo preto ou por tons de marrom para os bancos em couro, destacando os insertos em alumínio -- o interior em cinza é meio sem graça.
SUPERMOTOR
Já o trem de força é uma daquelas jóias que a Audi costuma incrustar sob o capô de seus carros, que parecem projetadas para ganhar os principais prêmios de motor do ano: no caso, é um V6 de 3 litros, a gasolina, dotado de compressor mecânico (e não turbo, apesar do T em TFSI, sigla que identifica o bloco). A gerência pelo câmbio S-Tronic de sete velocidades e dupla embreagem tem de lidar com 300 cavalos de potência (a 5.250 rpm) e cerca de 44 kgfm de torque (já a 2.900 rpm). E o faz com maestria.
A tração é integral, com a assinatura quattro, e o sistema Audi Drive Select (de série!) possui quatro modos de ajustes para direção, suspensão e motor/transmissão: dinâmico (mais esportivo, com suspensão firme e direção direta), conforto, automático e individual (você decide cada um dos acertos); a Audi citou a existência de um quinto modo, batizado de "eficiência", mas segundo um consultor técnico este é automático e perpassa todos os demais.
Tudo isso consegue levar os 1.740 kg do A6 (30 kg menos que a geração anterior, emagrecidos à base de partes em alumínio) aos tradicionais 250 km/h de velocidade máxima, com limitação de fábrica. O zero a 100 km/h, segundo a Audi, dá-se em meros 5,5 segundos. Acelerações e retomadas são instigantes, ressalvando que este A6 não dá "estilingadas" como os carros dotados de motores com turbocompressor convencional. Sempre com um impressionante silêncio a bordo.
O consumo médio (combinação estrada/cidade), também segundo a fabricante, é de 12,2 km/l -- mas durante nosso test-drive não obtivemos marca melhor do que 8 km/l, sempre em rodovias.
Ah! Faltou discorrer sobre o estilo do A6. Mas nem precisa, não é? Quem conhece um sedã Audi conhece todos: marcante grade dianteira hexagonal ladeada por conjunto óptico sublinhado por LEDs, carroceria baixa e montada sobre rodas generosas (as de aro 19 são opcionais e custam mais R$ 12 mil), traseira que passa a impressão de ser mais larga do que realmente é, lanternas horizontais características das novas gerações dos sedãs de Audi e da manda-chuva Volkswagen.
Poderia ser a descrição do A4 ou do A8, guardadas as proporções. Só que, para chegar a A8, falta ao A6 muito mais do que "2". Que tal R$ 33 mil?
Viagem a convite da Audi do Brasil
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