Peugeot confirma 208 no Brasil, mas sem matar o 207
O Brasil é mesmo o país do apego, ao menos para o mercado automotivo. Dois dias após pegar carona no anúncio francês do novo Peugeot 208 e confirmar que a próxima geração do compacto será vendida no Brasil -- e não negar que ela pode ser fabricada na unidade de Porto Real (RJ) muito provavelmente em 2013 --, a Peugeot do Brasil tratou de acabar com uma constatação que parecia óbvia: o 208 não (repetimos: NÃO) vai acabar com a fabricação do 207 (leia-se 206,5) no país.
O responsável, segundo a assessoria da marca, é o consumidor -- ou seja, você: segundo a Peugeot, o anúncio do 208 teria deixado alguns consumidores indignados, chorando (prematuramente) a morte de um carro que acabou de comprar. Ao garantir a manutenção do 207 em linha, a marca estaria valorizando o dinheiro de quem acabou de comprar um exemplar do modelo.
O esforço da Peugeot em desmentir o futuro fim do 207 não leva em conta que carro, há muito, deixou de ser sinônimo de investimento. Não faz sentido reclamar que o carro comprado hoje não mantém seu valor após um, dois ou três anos, porque ele é um bem de consumo -- que, aliás, não é nem tratado nem cobrado como tal.
LAÇOS DE FAMÍLIA
O novo 208 tem como missão substituir o mal-falado 207 europeu (primeira foto acima). Para tanto, busca inspiração em dois modelos caseiros.
O primeiro é um antecessor direto, o 205 (segunda foto), compacto construído em 1983 e 1998, de quem deve herdar a dirigibilidade.
A segunda inspiração é visual e vem do sedã médio 508 (não lançado no Brasil, onde temos o 408 concebido na China). Questão de RG.
Há também a questão da continuidade de gerações ultrapassadas no mercado e sua convivência com carros atualizados. Os exemplos são variados, mas vamos citar alguns, mais bem-sucedidos: a Volkswagen faz isso com o Gol (o hatch celebrou, esta semana, 1 milhão de unidades exportadas para todo o globo e a marca anunciou, com ênfase, que Brasil e Argentina são os únicos países do mundo a ainda contarem com a Geração 4); a Fiat reproduz a dobradinha com as duplas Mille/Novo Uno e Palio Fire/Palio; a Ford vai além com New Fiesta/Fiesta RoCam, já que o primeiro é tratado como carro de segmento premium (leia-se "com valor elevado"); a própria Peugeot o fez quando do lançamento do 207 ao manter o 206 em linha.
Vale lembrar que, quando o 207 foi lançado, em junho de 2008, a Peugeot enxugou a gama 206, deixando apenas uma versão de entrada com motor 1.0. Pouco mais de um ano depois, em novembro de 2009, anunciou o fim definitivo da fabricação do modelo...
O fato é que a convivência de 207 e 208 abre espaço para que se cobre mais pelo modelo novo. O tempo dirá.
PEUGEOT 208 EM 2013
Retomando: a francesa Peugeot revelou nesta terça-feira (1) as primeiras imagens da nova geração de seu hatch compacto, que substituirá -- segundo a marca, em outros mercados -- o atual 207 em 2012. Chamado de 208, o novo modelo será apresentado no Salão de Genebra, em março, e chegará às lojas do Velho Continente no segundo semestre. A parte que interessa aos brasileiros: o modelo também virá ao Brasil, podendo ser construído na fábrica da PSA Peugeot-Citroën em Porto Real (RJ) a partir de 2013 -- a qual será ampliada para dobrar sua capacidade produtiva.
A chegada do 208 nos mesmos moldes do europeu (ainda que simplificado em equipamentos, mas não em espaço e características) finalmente acabaria com a lacuna existente entre os mercados de lá e de cá -- por aqui, o 207 é apenas uma re-estilização do 206, a ponto de ser chamado na Europa, onde é vendido como modelo alternativo e mais barato, de "207 brasileiro" ou ainda de 206+ (Plus). Mas isso não acontecerá de imediato, já que a fábrica insiste que as duas gerações conviverão no país.
Na Europa, claro, a ordem das coisas mantém-se inalterada: sai 207, entra 208. Simples assim.
COMO É O 208
Inspirado no 205 (veja ao lado) e no sedã 508, o novo modelo é menor, mais leve e ainda assim mais espaçoso que o 207 europeu: pesa 975 kg (173 quilos a menos), mede 3,96 metros de comprimento (7 centímetros mais curto), 1,49 m de altura (1 cm mais baixo) e 2,54 m de entre-eixos. O porta-malas comporta 287 litros (15 litros a mais que o atual).
Como a dirigibilidade do 207 é um dos pontos mais criticados pelos europeus, o 208 deve ter uma mecânica modificada, a começar do volante, que se apresenta menor e mais leve, sendo complementado por um painel mais esportivo (a peça do Ford Fiesta é uma referência) e display central mais próximo do motorista e dotado de tela sensível ao toque.
A motorização também vai mudar, ao menos na Europa: os atuais blocos, que geram de 91 a 177 cavalos, serão substituídos por duas opções a gasolina, sendo um 1.0 que promete fazer 23 km/l e um 1.2 VTi (turbo), além de cinco opções a diesel. Nenhum dado de potência, porém, foi divulgado.
Os preços também não foram estabelecidos -- atualmente, a gama 207 é vendida na Europa com valor inicial equivalente a R$ 31 mil. Os rivais serão, entre outros, o Volkswagen Polo europeu (sem equivalente brasileiro), o Fiat Punto e até mesmo o Citroën C3 europeu (com quem o 208 compartilha plataforma).
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