Toyota SW4 abriga a família com cabine ampla e soluções tradicionais
A Toyota tem ao menos dois benchmarks no mercado nacional: goste você ou não, compre ou não, o Corolla é referência para o segmento de sedãs; o mesmo pode ser dito da Hilux, que não é a picape média mais vendida (título que a Chevrolet S10 abocanha com versatilidade maior e preço mais em conta), mas certamente é o padrão para quem quer colocar um modelo mais moderno e equipado nas lojas. Isso não parece se aplicar, porém, ao SW4, SUV derivado da Hilux com versões de cinco e sete lugares.
Com concorrência implacável da família Mitsubishi Pajero (Full e Dakar) e do coreano Kia Sorento, a Toyota reforçou seu time com reformulação visual e um upgrade na lista de equipamentos há um mês (releia aqui). Com frente de sedã e mais recheio na cabine (confira aqui a relação de itens), o SW4 2012 com motor turbodiesel de 3 litros (163 cavalos e 35 kgfm de torque) e tração 4x4 com reduzida custa pouco mais de R$ 170 mil na versão para cinco pessoas. A configuração para sete ocupantes, testada por UOL Carros ao longo de uma semana, é mais cara: R$ 174.900. Há ainda uma opção mais barata que as duas, embalada pelo V6 a gasolina, partindo de R$ 157 mil.
Embora raçudo, o SW4 não convence totalmente. Ainda assim, é bastante procurado por quem busca um SUV conservador e familiar: o acabamento claro aumenta a noção de espaço e de requinte, mas suja apenas com o pensamento; a primeira fileira de assentos é ampla (o banco do motorista tem ajustes elétricos), a segunda tem espaço adequado e mimos como a ventilação dedicada (no teto), e a terceira fileira é destinada a crianças, podendo ser desabilitada para retomar o espaço perdido na área para bagagens. Para finalizar, porta-copos pipocam aqui e ali, conforme se apertam alguns pontos do revestimento, algo muito útil quando se viaja com a família toda a bordo.
A Toyota sanou uma deficiência clara do utilitário ao dotá-lo de mais firulas tecnológicas, mas faltou um ajuste fino. A tela no centro do painel é sensível ao toque, mas sua interface é pouco amistosa. O sistema multimídia reúne áudio (rádio, CD e novas mídias), mas definir o que está tocando e o que você deseja que venha a seguir vai demandar paciência e leitura do manual. A central de telefonia com Bluetooth, também é controlada pelo LCD e parece ser a função mais eficaz de todas -- com menus rápidos e importação da lista de contatos do celular, vai evitar que a madame tenha de se debater entre manter a direção firme ou equilibrar o fone entre o pescoço e a orelha.
O combo inclui ainda a câmera de ré, aparato que facilita a manobra de estacionamento dos 4,70 metros da carroceria, mas com deficiências novamente: não há o complemento de sensores de estacionamento na frente ou atrás (falha muito grave), nem exibição do diagrama que indica para onde a traseira vai se a curva for feita para um lado ou para outro, algo comum em modelos de outras marcas e extremamente útil.
ABRINDO CAMINHO NO PORTA-MALAS
Sobrou mala e faltou gente? Mãos à obra:
1. Puxe a cordinha, empurre o encosto à frente e depois force todo o banco para o lado e para cima.2. Não solte ainda! Pegue a mesma cordinha, estique-a e prenda o gancho na alça de mão. Repita a operação para os bancos da segunda fileira, mas lembre-se: eles não se rebatem totalmente, nem são afixados em lugar algum. Ufa!
3. Por fim, complete o espaço livre entre as paredes, os fundos dos bancos e o assoalho com sua bagagem. Alguns automatização seria útil.
FALTOU OUSADIA
Qual a missão da SW4? Quem é 'ralizeiro' pensa no DNA da Mitsubishi; os 'geeks' pensam em modelos alemães; e os entusiastas de linhas se convencem com os coreanos. E o que oferece o modelo da Toyota? Talvez o tradicionalismo, algo intocável, mas tão sólido no mercado quanto uma barra cromada.
A posição de dirigir bastante elevada, direção permissiva e câmbio extremamente suave agradam em cheio ao público feminino, que vai definir a escolha deste tipo de produto. Quem preza o controle, porém, vai se decepcionar: apesar do vigoroso trem de força, o SW4 demora a embalar, talvez por culpa do já arcaico câmbio automático de quatro marchas; quando finalmente o faz, passa a demandar algum esforço para manter a trajetória com segurança -- o molejo é quase de trator e, em curvas, é preciso ter braço para não desgarrar, ainda que controles de tração e estabilidade auxiliem o condutor.
A tração integral, aliás, conta com bloqueio do diferencial central e permite que o SUV seja utilizado tanto na ida shopping em asfalto esburacado e molhado, como na passagem quinzenal pelo haras da família. E a alavanca extra para seleção da reduzida permite até mesmo o esporádico uso em situações de lama pesada. Mas como explicar a escolha de pneus urbanos 265/65 para calçar as rodas de liga de 17 polegadas? É como vestir roupa de mateiro, colocar um facão na cintura, caprichar no repelente e nos apetrechos da mochila e, por fim, colocar chinelos de praia para entrar na picada -- no primeiro atoleiro, você (no caso, os pneus) fica imprestável.
O leitor mais ávido deve querer saber qual o consumo aferido. Com mais de 600 quilômetros percorridos, chegamos a apenas razoáveis 9 km/l apontados pelo computador de bordo, mas isso inclui repetições de aceleração para as sessões de foto e muitas passagens na lama para verificação da capacidade lameira. Como a Toyota não toca no assunto autonomia, não há comparação oficial.
Por fim, voltamos à questão da praticidade: durante o teste, acomodamos uma família com criança pequena e toda a tralha que ela pode utilizar para uma ida ao clube. Com mais necessidade de espaço do que de assentos, decidimos rebater os últimos assentos e... cansamos. Para abrir espaço no SW é preciso usar os bíceps para puxar uma cordinha e empurrar encostos contra assentos e estes contra as paredes do veículo -- a mesma cordinha serve de presilha para manter tudo fixo. Nada de botões, bancos rebatíveis ou assoalho plano. Tudo bem conservador, antiquado até. Isso importa? Para quem procura a imponência do SW4, pelo visto, não.
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