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Elétrico Mitsubishi i-MiEV é ideia distante de ser ligada no Brasil

Mitsubishi i-MiEV é menor que Ka, Celta e Mille, mas maior, mais forte e avançado. Carga completa para rodar 160 km custaria cerca de R$ 4, mas realidade elétrica está longe do país - Murilo Góes/UOL
Mitsubishi i-MiEV é menor que Ka, Celta e Mille, mas maior, mais forte e avançado. Carga completa para rodar 160 km custaria cerca de R$ 4, mas realidade elétrica está longe do país Imagem: Murilo Góes/UOL

Eugênio Augusto Brito

Do UOL, em São Paulo (SP)

23/12/2011 20h43

Este carrinho colorido é o i-MiEV, elétrico desenvolvido em conjunto pela Mitsubishi e pelas francesas Citroën e Peugeot como solução para o trânsito urbano do Japão e da Europa.

O nome estranho vem da sigla em inglês para veículo elétrico inovador da Mitsubishi. Inovador, ele é: começou a ser vendido em 2009, antes de Nissan Leaf e Chevrolet Volt se tornarem os queridinhos da cena elétrica -- em 2010, quase 10 mil unidades foram vendidas globalmente. Até no Brasil ele chegou antes: está aqui para testes desde o começo de 2010, foi guiado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e teve até uma unidade (sim, uma) vendida.

UOL Carros mostra como funciona o elétrico Mitsubishi i-MiEV

A proposta do MiEV é levar quatro pessoas por até 160 km sem emitir poluentes (deixemos de lado a polêmica do impacto de produção de energia elétrica, uma vez que isso não diz respeito à poluição do carro em si) e com conforto superior ao de outros compactos. E ele cumpre: o MIEV é menor que Ford Ka, Fiat Mille e Chevrolet Celta, mas trata melhor seus ocupantes por ser mais alto e ter mais espaço interno (veja aqui a ficha técnica do elétrico).

CENA ALTERNATIVA

  • Murilo Góes/UOL

    O Leaf é o queridinho dos americanos atualmente, mas o chefão da Renault-Nissan avisou: o Brasil não verá os carros elétricos da aliança tão cedo.

  • Reprodução/Auto+

    O Volt é uma das eternas promessas da Chevrolet: nos EUA, não atendeu às expectativas e sofre com o descrédito após incêndio em teste de segurança. No Brasil, roda em caráter experimental, mas não será realidade nesta geração, admite a marca.

  • Agência Brasil

    Pioneiro, o pequeno MiEV acabou preterido pelo alto valor, mesmo no exterior. No Brasil, tem poucas chances, apesar dos afagos de Lula.

  • Claudio de Souza/UOL

    O híbrido japonês Prius é o mais bem-sucedido projeto alternativo de todo o mundo. Deve chegar ao Brasil oficialmente em 2012, com nova frente.

E no trânsito, o MIEV também se mostra mais ágil: a potência de 64 cavalos gerada pelo motor/gerador elétrico e armazenado nas baterias de 330V (de íons de lítio) é semelhante àquela encontra nos modelos citados, mas o torque de 18 kgfm presente desde o início da aceleração é duas vezes maior, sendo equivalente à força de um carro médio.

O MiEV também é diferenciado no momento da recarga. Outros elétricos, como o Nissan Leaf, precisam ser conectados a bases especiais para serem recarregados, uma vez que o carregador doméstico ainda é raro e não vem junto com o carro. Além disso, os engenheiros recomendam que a carga seja feita com a bateria quase na "reserva". No caso do Mitsubushi, aponta o fabricante, tudo seria tão simples como usar um celular: não é preciso esperar pelo término da carga para reabastecer o carro, assim como não é preciso deixar que um celular se apague para recarregá-lo; para fazer a recarga, basta ligar a fonte de alimentação que acompanha o carro em qualquer tomada de 110V (por 14 horas) ou 220V (por sete horas); e assim como com outros eletrônicos, não é preciso esperar a recarga completa para voltar a usá-lo -- ou seja, se você carregou por apenas cinco horas em 220V, poderá andar com o carro, mas com autonomia total reduzida.

De acordo com a fábrica, o custo de carga completa da bateria do MiEV ficaria em torno de R$ 4, tomando como base o custo da energia elétrica em São Paulo. Considerando a autonomia, o custo estimado do quilômetro rodado estaria em torno de 3 centavos de real.

Claro, a autonomia máxima indicada pela fábrica, de 160 quilômetros para a carga completa das baterias, é reduzida conforme o esforço feito pelo sistema. Subir ladeiras fazem o carrinho consumir mais, enquanto ar-condicionado ou ar quente no máximo drenam a energia como se a eletricidade fosse água escorrendo por um ralo aberto. Por outro lado, parte da energia usada pode ser recuperada nos modos de condução ecológica e regenerativa, que levam o carro a equalizar os gastos secundários (ar e som, entre outros) e deixar os freios mais eficientes e prontos a converter a energia cinética em energia elétrica no momento em que o motorista aperta o pedal do breque.

O sistema elétrico do MiEV conta ainda com mecanismos de segurança conectados aos airbags e a pontos específicos da carroceria -- em caso de acidentes, o monitoramento automático desses sistemas desativa a bateria de íons de lítio, eliminando o risco de choque para ocupantes e/ou equipes de socorro. 

O grande problema do MIEV é o preço. Ele é caro mesmo na Europa e Japão, onde o governo banca parte do custo do carro e do valor da recarga elétrica. Já no Brasil, nada foi dito ou pensado para facilitar sua chegada e a de outros modelos híbridos e elétricos. Pelo contrário: a questão do IPI maior para modelos sem cota mínima de nacionalização só piorou a situação dos elétricos, que contam com componentes como geradores e baterias produzidos em poucos locais ao redor do mundo.

O resultado é que o carrinho que custa o equivalente a R$ 70 mil reais no Japão e a R$ 44 mil nos Estados Unidos (US$ 23 mil) seria vendido nas lojas brasileiras com preço e imposto de carro grande movido a gasolina, cerca de R$ 200 mil, preço que dói mais que um choque elétrico.