China restringe investimento estrangeiro para fabricação de automóveis
O governo da China anuncia que vai passar a "desencorajar" o investimento de grupos estrangeiros na indústria automotiva do país. A notícia chega no começo da noite desta sexta-feira (30) ao Brasil, primeiros instantes do último dia de 2011 no outro lado do mundo, através das agências de notícias "Automotive News" e "Bloomberg" e tem o peso de uma bomba. O país é, atualmente, o maior produtor de automóveis e o mercado número 1 do mundo.
Retirada a carga de eufemismo típica do protocolo chinês e a falta de detalhes cruciais do novo plano oficial, fica claro que o período de lua-de-mel entre as fabricantes do país e as marcas estrangeiras chegou ao fim. O objetivo do governo, porém, já foi anunciado e se vale da justificativa de sempre: "proteger a indústria chinesa" e evitar o despejo de carros provenientes de outros países no convidativo mercado local.
Um exemplo típico de como tudo funciona atualmente vem do Grupo Renault-Nissan, que tentava uma aliança com a chinesa Dongfeng para entregar carros da Renault através da marca Nissan no país -- até o momento, todo grupo estrangeiro interessado em produzir e vender na China precisa associar-se a um fabricante local.
Após sete anos, a China vai extinguir o regime automotivo atual, que inclui benesses como tarifas reduzidas na importação de maquinários industriais.
CHINA LIGADA
As novas regras para a indústria automotiva chinesa, bem como para a participação de grupos estrangeiros, começam a valer a partir de 30 de janeiro de 2012 e vão privilegiar fabricantes locais. Embora a atitude e sua justificativa lembrem muito as adotadas pelo governo brasileiro -- que decidiu elevar em 30 pontos percentuais a alíquota do IPI para carros importados que não tenham índice de ao menos 65% de nacionalização, alegando que a entrada massiva de importados estaria prejudicando o equilíbrio da indústria nacional --, o governo chinês abriu uma brecha interessante, através da possibilidade de manter os benefícios para a criação de novas tecnologias, algo que foi deixado de lado por aqui.
Ou seja, mesmo com as novas regras, o investimento estrangeiro em veículos mais eficientes e ecológicos continuará sendo encorajado na China, declarou um membro da Comissão de Reforma e Desenvolvimento Nacional, ligada ao Ministério do Comércio.
MAIOR MERCADO DO MUNDO
De janeiro a novembro, o mercado de automóveis chinês cresceu 2,6% em relação a 2010. No mesmo período, a venda de carros de passeio cresceu mais de 5%, chegando a 13 milhões de unidades vendidas até o mês passado.
Só para lembrar, o Brasil terá novo recorde histórico para venda de carros este ano, encostando em 3,7 milhões de unidades. Nos Estados Unidos, segundo maior mercado do mundo, o patamar chinês de novembro deverá representar o total de vendas de 2011: 13 milhões de unidades.
Apesar dos números acima e dps bilhões de dólares movimentados por fabricantes estrangeiros no país nos últimos anos, o governo chinês acredita que o crescimento de sua indústria automotiva está aquém do esperado -- se confirmada, a elevação de 2011 seria a pior dos últimos 13 anos. A expectativa é que o mercado de veículos leves (não incluindo, portanto, utilitários e pesados), principal filão do setor, tenha espaço para crescer 40% até o final de 2012, chegando a 27 milhões de unidades.
Além disso, o ministro de Ciência e Tecnologia do país, Wan Gang, afirmou que a China precisa aperfeiçoar o desenvolvimento de modelos híbridos e elétricos, estabelecendo padrões e estudando a fabricação de baterias de capacidade ampliada o quanto antes.
A China planeja ter, até 2015, 1 milhão de carros elétricos rodando em suas ruas. No Brasil, não há qualquer movimento em direção ao desenvolvimento de tecnologias alternativas, nem qualquer cobrança para a melhoria dos padrões atuais de segurança e motorização dos carros de passeio -- para veículos pesados, porém, houve a adoção de novo padrão, similar ao Euro-5, que forçou a indústria a melhorar seus produtos.
FORÇAS ESTRANGEIRAS
Líderes de mercado, General Motors, Volkswagen, Toyota e Ford têm atuado há anos na China aliadas a joint-ventures locais. Ainda dependente do governo nos Estados Unidos, a GM chegou a transferir o comando de sua divisão internacional para a China, de modo a fortalecer suas ações no país, onde atua em conjunto com as locais Saic e Wuling.
"Esperamos que as novas definições tenham o mínimo de impacto negativo para os planos da GM", declarou Dayna Hart, porta-voz da marca na China, em declaração à "Automotive News".
A Volkswagen segue estratégia semelhante e coloca a China como prioridade dentro do plano de tornar-se a maior fabricante de automóveis do mundo até 2018, mas não quis comentar a nova regulação chinesa.
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