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Indiano Bajaj RE60 quer provar que é mais 'emergente' que o Tata Nano

Bajaj RE60, postulante a carro mais barato do mundo, é apresentado em Nova Déli - Manish Swarup/AP
Bajaj RE60, postulante a carro mais barato do mundo, é apresentado em Nova Déli Imagem: Manish Swarup/AP

Da Redação

03/01/2012 14h10Atualizada em 03/01/2012 17h11

  • Hindustan Times

    Interior do Bajaj RE60 é voltado à economia de custos, com acabamento bastante simples, painel centralizado e espaço para só quatro pessoas.

  • Divulgação

    Embora a questão custo/propaganda/benefício coloque o RE60 na mira do Nano, suas proporções (ele é mais alto que largo) fazem com que rivalize com a multivan Magic Iris, também da Tata.

A indiana Bajaj Auto apresentou nesta terça-feira (3), em Nova Délia (Índia), o RE60, hatch subcompacto que será vendido no país dentro da categoria ULC (Ultra Low Cost Small Car, algo como carro compacto de baixíssimo custo). Equipado com motor de 200 cm³ -- ou 0,2 litro, se você preferir --, terá a missão de atrair o público que ainda não consegue pagar por um carro, nem mesmo pelo Tata Nano, tido como o mais barato do mundo atualmente.

O preço do RE60 não foi definido, mas certamente ficará abaixo dos quase US$ 3 mil (cerca de R$ 5.500) pedidos pelo Nano básico atualmente.

O evento de estreia do carrinho é uma prévia para o Salão de Nova Délia, que começa oficialmente na quinta-feira e trará ao menos uma atração para os brasileiros: a apresentação da nova geração do SUV compacto Ford EcoSport.

Quanto ao RE60, defini-lo como um carro é quase um ato de bondade: de fato, ele é pouco mais que a evolução de um triciclo. Primeiro "projeto de quatro rodas" da indiana Bajaj, fabricante de motos (faz modelos próprios, que parecem muito com a Honda CG, e também monta motos da austríaca KTM e da japonesa Kawasaki) e triciclos (os quase-famosos Tuk-tuk), o RE60 tem motor de 15-20 cavalos, alcança a velocidade máxima de 70 km/h, tem 2,75 metros de comprimento e bagageiro de 44 litros.

Além da possibilidade de custar muito barato, fornecer uma cobertura fixa e espaço para quatro pessoas da família (algo que motos e triciclos não podem), o grande atrativo do modelo para o público do mercado emergente da Índia está em sua promessa de consumo contido. Rajiv Bajaj, gerente administrativo da Bajaj, promete que o RE60 terá autonomia mínima de 35 quilômetros com cada litro de gasolina. Comparando, o Nano faz  25 km/l, embora tenha um motor de maior capacidade e potência -- 623 cm³ (0,6 litro), 33 cv.

Fechando a equação, como temos menos carro, fica fácil apontar que o preço tem tudo para ser bem menor também.

De toda forma, o Bajaj RE60 terá outra vantagem sobre o Nano, que neste momento sofre com a falta de confiabilidade -- recentemente, a Tata Motors foi obrigada a fazer o recall de todas as unidades do Nano vendidas na Índia desde 2009 (uma operação de quase US$ 20 milhões ou mais de R$ 36 milhões) para solucionar o problema de incêndio espontâneo do pequeno motor. O problema fez um estrago gigantesco na reputação do compacto, que vendeu apenas 145 mil carros em quase três anos, quando a meta era de pelo menos 250 mil unidades ao ano.

INDIANOS COMPARAM BAJAJ RE60 E TATA NANO

VEM PARA O BRASIL?
Desde o anúncio do projeto do Bajaj, há cerca de três anos, surgiram rumores de que a aliança Renault-Nissan estaria de olho no RE60. Segundo os boatos, o carrinho poderia ser fabricado em outros mercados emergentes -- até mesmo o Mercosul e o Brasil entraram na rota do modelo.

Agora, com a apresentação, ficou claro que houve excesso de otimismo, no mínimo. Rajiv Bajaj afirmou que a Renault-Nissan não participou de qualquer fase do projeto do RE60, embora tenha demonstrado interesse em conhecer o compacto, algo que só ocorrerá, segundo o executivo, durante o Salão de Nova Déli.

Se o encontro agradar a franceses e japoneses, pode haver uma nova fase de projetos -- o carro precisaria ser reforçado, perdendo a frágil aparência de triciclo com uma roda a mais, antes de se aventurar em qualquer outro lugar que não a Índia.