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Em ano de recuperação, americano paga preço recorde por carro novo

Toyota Camry, carro de passeio mais vendido nos EUA em janeiro: começa em US$ 22 mil - Divulgação
Toyota Camry, carro de passeio mais vendido nos EUA em janeiro: começa em US$ 22 mil Imagem: Divulgação

Claudio Luis de Souza

Do UOL, em Las Vegas (EUA)

04/02/2012 05h18

Para a indústria automotiva dos Estados Unidos, 2012 promete ser um ano bom, com avanço nos emplacamentos de veículos até cerca de 14 milhões de unidades. Foi o que previu Paul Taylor, economista-chefe da National Automobile Dealers Association (Nada), entidade que congrega as concessionárias dos Estados Unidos.

No ano passado, as vendas foram de 13,56 milhões de unidades. Emplacamentos de veículos são considerados um termômetro da saúde econômica dos EUA, que anda abalada desde 2008. 

Na pátria do capitalismo, a lei da oferta e procura só poderia mesmo ser implacável -- e por isso otimismo de Taylor já se traduz nos preços mais altos jamais pagos pelo consumidor dos EUA por carros novos.

Trata-se de uma elevação de cerca de 11% se tomado como base de comparação o ano de 2008. Nele, o valor médio pago por um carro aqui nos EUA era de US$ 25.500. Em janeiro de 2012, a média foi de US$ 28.341. Os dados são de levantamento da consultoria J.D. Power divulgado nesta sexta-feira (3).

O valor poderia sugerir que os americanos estão comprando carros de faixas superiores de preço, mas na verdade as marcas que obtiveram os maiores crescimentos em 2011 foram Chrysler, Hyundai, Nissan, GM e Ford, todas elas com portfólios que são o feijão-com-arroz do mercado dos EUA: carros médios e grandes, SUVs e picapes. O modelo de passeio mais vendido nos EUA em janeiro passado foi o Toyota Camry, que começa em US$ 22 mil.

Com o câmbio a R$ 1,80 por dólar, o valor médio apontado pela J.D. Power equivale a cerca de R$ 51 mil. Suficiente para, no Brasil, levar à garagem um hatch ou sedã compacto bem equipado -- mas cerca de R$ 15 mil menos do que pagamos por modelos como Honda Civic e Toyota Corolla, para citar apenas dois outros sedãs bons de venda entre os americanos (quarto e sétimo mais emplacados em janeiro nos EUA, respectivamente) e bastante desejados no Brasil. 

RAZÕES DO OTIMISMO
A previsão otimista de Taylor -- que neste domingo (5) concede entrevista a jornalistas brasileiros aqui em Las Vegas, durante o congresso da Nada -- levou em conta três fatores: idade média da frota atual nos EUA, de 11 anos, a qual impediria mais adiamentos da decisão de comprar um carro novo; crédito relativamente barato; incentivos ao consumidor (como descontos).

No entanto, a pesquisa da J.D. Powers mostra que esses mimos ao consumidor vêm rareando, com recuo de mais de US$ 400 nos bônus desde 2008 -- o ano-zero da "nova" indústria automotiva dos EUA.

A Nada, que congrega cerca de 17,7 mil revendedores norte-americanos, abre seu congresso anual neste sábado (4). A Fenabrave, equivalente brasileiro da entidade dos EUA, participa do evento. Além de Taylor, estarão presentes Sergio Marchionne, chefão do grupo Fiat-Chrysler, e até o ex-presidente George W. Bush. Ambos farão discursos aos participantes.

Viagem a convite da Fenabrave