Macio e tecnológico, Peugeot 508 é francês por fora e alemão por dentro
Vença o preconceito: você pagaria R$ 120 mil em um carro com motor 1.6? Se a resposta for não, continue lendo para conhecer o Peugeot 508. Se for sim, leia também. O 508, novo sedã grande da marca francesa, chega ao Brasil para encarar uma turma de respeito e cheia de rivais mais fortes, que forma um time de futebol: Hyundai Azera, Toyota Camry, Honda Accord, Kia Cadenza, Ford Fusion V6, VW Passat, Citroën C5, BMW Série 3, Audi A4, Volvo S60 e Mercedes-Benz Classe C, entre outros.
A fabricante francesa estava fora deste nicho -- o de sedãs grandes -- desde 2009, quando pendurou as chuteiras do 407 V6 e deixou parte da sua legião de fãs com saudades (e a outra metade sem peças). Vem encrenca por aí? É o que vamos ver.
FRANCÊS POR FORA
O 508 quer conquistar homens casados, com filhos, da classe A. E os atributos estéticos do seu corpo, para isso, são muitos: faróis bi-xênon e de neblina direcionais, lanternas (dianteira e traseira) com LEDs, rodas de 18 polegadas e silhueta afilada, moderna e em dia com o padrão de design da marca. Tudo de primeira linha, com requinte executivo e bem resolvido. O 508 é belo de se admirar e um carro que torce pescoços por onde passa.
ALEMÃO POR DENTRO
Entre no carro e sinta a alma francesa do 508 virar alemã -- o painel é bem acabado e de qualidade impecável, os comandos de rádio, ar-condicionado e navegador são intuitivos e, principalmente, a posição de dirigir é no ponto. Parece até que a turma de interior da Peugeot teve aulas com o pessoal da Audi, por exemplo. O carro exala luxo com materiais que incluem aço escovado, plástico emborrachado e couro.
Além de tudo isso, o carro ainda vem completo de série (não há opcionais) e com foco em tecnologia e segurança -- sua nota no Euro NCAP foi de cinco estrelas. São seis airbags (dois frontais, dois laterais e dois do tipo cortina), freios ABS (antitravamento) de última geração, EBD (distribuição da força de frenagem) -- que pende um pouco para a dianteira do carro em movimentos mais bruscos --, controles de estabilidade e de paradas em aclives e, também, função Start/Stop, teto-solar elétrico, head-up display sobre o painel de instrumentos, ar-condicionado de quatro zonas (uma para cada passageiro) e sistema de som da JBL, tradicional marca americana de produtos de áudio. Veja a lista completa dos equipamentos do 508 aqui.
O volante é recheado de funções (que configuram quase tudo dentro carro), os botões de partida, de controle de tração e de configuração do head-up display ficam à esquerda do volante e o carro ainda conta com um sistema Park Assist que faz uma avaliação da vaga paralela ao veículo e indica se ela é boa, ruim ou inadequada para você -- ele só não estaciona, como o Tiguan. Há ainda um sensor atrás do retrovisor interno que regula a intensidade dos faróis de xenônio para não ofuscar os olhos dos motoristas que vem na outra mão e dos que estão à sua frente. E, por fim, sensores que contornam todo o carro e uma tela sensível ao toque de sete polegadas completam o pacote, que inexplicavelmente não conta com câmera-de-ré.
COMO ANDA?
"Bem" é a melhor resposta para a pergunta acima. O motor do 508 é o bom e moderno 1.6 THP (de turbo de alta pressão, em inglês), de 165 cv e 24,5 kgfm de torque, a 1.400 rpm -- que já equipa os primos 3008, 408 e RCZ e o parente distante DS3 (além de outros modelos da BMW) -- e, neste caso, isso é bom e ruim ao mesmo tempo.
O carro não tem o desempenho de um rival mais forte, mas é mais econômico e emite menos poluentes. Só que... perde em status. E status aqui não é relacionado ao nível de sofisticação que o carro oferece, mas ao motor mesmo, diretamente: você gostaria de dizer que tem um sedã de R$ 120 mil com motor 1.6 ou um sedã com motor V6? É esse o ponto.
A Peugeot diz que a aceleração de 0 a 100 km/h é feita em 9,2 segundos e a velocidade máxima é de de 220 km/h -- e ressalta que o mais interessante do carro é "o torque oferecido desde as rotações mais baixas, que nivela o carro aos rivais em comportamento dinâmico, mas não em velocidade final".
Ela não deixa de ter razão: dá para se divertir com o 508 em curvas mais fechadas, ele tem boa disposição na cidade e na estrada e o câmbio sequencial é obediente nos três modos de utilização (automático, manual com trocas na alavanca e pelas borboletas fixas, atrás do volante). Mas qualquer concorrente que tenha motor V6 ou os alemães Série 3, Classe C e Audi A4 entregam muito mais esportividade. E, como falamos, mais status.
E a suspensão do 508? Como a maioria dos seus concorrentes (com exceção destes últimos alemães), é anestesiada e visa ao conforto, todo o tempo, mas também não é como geleia de mocotó. É ao ponto. O espaço traseiro é menor que o do Camry, por exemplo, mas é suficiente para o empresário que irá habitá-lo. Sempre, claro, com predomínio do silêncio no ambiente.
O carro deixou boa impressão e é completo, mas sabe que tem um longo caminho pela frente. Ele não fará sucesso no mercado e você verá poucos na rua (a média estimada pela própria Peugeot foi de 30 a 40 carros por mês). Mas uma coisa é certa: encrenca, ele não é. E o preconceito só poderá ser vencido quando status virar sinônimo de tecnologia -- e em downsizing, refino e modernidade, o 508 dá show.
Viagem a convite da Peugeot do Brasil
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