Audi A6 Avant escala tecnologia, joga bonito e cobra por isso
As férias escolares -- e o período de viagens com a família -- chegam ao fim, mas fizeram você perceber que precisa mudar a escalação de sua garagem? Quem tem capacidade para fazer investimentos graúdos pode optar pela station wagon Audi A6 Avant. A sétima geração do modelo alemão acaba de desembarcar no país, quase nove meses após a chegada do sedã A6, mas só entra em campo para defender o time de quem tiver ao menos R$ 330.990, valor pedido pela versão Ambiente, única disponível neste momento.
O jogo apresentado será mais bonito de se ver, porém, para quem desembolsar um extra de R$ 34.500 pelo pacote opcional Advanced, que adiciona firulas eletrônicas de apoio ao motorista, a exemplo do que ocorre com o sedã -- com estes auxiliares, a perua A6 Avant realmente ganha ar de modelo premium de luxo e passa a ser uma espécie de Barcelona do setor automotivo.
No pacote estão inclusos o PreSense Plus (que antecipa situações de risco, aciona alertas sonoros e freios e, na ausência de reflexo do condutor, prepara o carro para uma colisão, mudando ajuste de bancos e de cintos de segurança, fechando vidros e teto solar e freando mais forte para minimizar o choque, embora não o evite em casos extremos); Side Assist (sensor de ponto-cego); Cruise Control adaptativo (acelera e freia o carro de acordo com ajustes prévios, sem o uso dos pedais); Night Vision (câmera de visão noturna, que identifica obstáculos e pedestres distantes até 300 metros na noite escura); head-up display (a exemplo de carros americanos, como o Chevrolet Camaro, franceses e alemães da BMW); e faróis Full LED, que trocam os já bastante eficientes fachos de xênon por diodos que cumprem todas as funções de iluminação, da luz de posição diurna aos faróis alto e de neblina.
A unidade testada por UOL Carros ao longo de 600 quilômetros contava ainda com auxílio de estacionamento (que não só mede a vaga e avisa sobre o espaço para obstáculos, mas também faz as manobras para o motorista, que só tem de acelerar, frear e mudar o câmbio de Drive para Ré e vice-versa), ao custo de R$ 2.645, som de alta fidelidade Bose por mais R$ 7.383 e rodas aro 19 substituindo as originais de 18 polegadas (R$ 14.030), fechando a conta em R$ 389.548. Ainda seria possível acrescentar som de "altíssima fidelidade" Bang & Olufsen, custando o mesmo que um bom e equipado carro compacto (R$ 42.179) e acabamento interno em madeira de Nogueira ou Freixo (R$ 3.657).
Vale lembrar que muitos destes itens são conhecidos também de outros rivais alemães -- como o Mercedes-Benz E Touring, cujo modelo E350 Avantgarde parte de R$ 246 mil (saiba mais no Comparecar). E também estão presentes no cupê A7 e no sedã grande de luxo A8, mais caros, que dividem a plataforma modular longitudinal (MLB na sigla alemã utilizada pelo grupo Volkswagen) com o A6 sedã e perua. Vale lembrar que a MLB, em outra configuração, dá origem também ao Volkswagen Passat, cuja perua Variant acaba entregando quase tanto espaço, conforto e tecnologia que a A6 Avant por quase metade do preço (cerca de R$ 120 mil), por conta do menor status. A "camisa" premium acaba pesando neste caso.
PRECISA DE TANTO?
É bom reparar que com tantos equipamentos de auxílio e conforto, o menor dos trabalhos do motorista será o de se preocupar com detalhes estressantes da condução e isso acaba compensando a pequena fortuna cobrada -- claro, para quem pode e quer pagar. Afinal, quem não quer pegar a estrada e chegar descansado para aproveitar melhor o que quer que o espere no destino final?
O A6 Avant chega ao cúmulo de dispensar o motorista de funções que seriam corriqueiras ao volante. Luzes automatizadas (ligam e desligam sozinhas) já são comuns em carros de diferentes preços, mas o A6 se vale de duas câmeras na base no retrovisor interno para ficar "de olho" na pista e no clima -- assim, o condutor nem precisa se preocupar em regular a iluminação de acordo com o tráfego. Escureceu, o carro liga os faróis até o limite necessário, acompanhando planos de pista e curvas. Se uma lanterna vermelha for "enxergada", o facho de luz fica mais baixo de modo autônomo. Se a luz observada pelo sistema for a de outro farol (tons de cinza, branco e amarelo), a iluminação é suavizada de forma a não ofuscar quem vem no sentido oposto. O sistema faz as vezes até de faróis de neblina -- o lugar destes no para-choque dianteiro acaba ocupado pelos sensores do Cruise Control adaptativo.
Espaço para acomodar família e malas, com conforto total, também não falta: são 4,92 metros de comprimento, 1,87 metro de largura e 1,46 m de altura numa silhueta que lembra a Passat Variant, ainda que mais esguia. O espaço entre-eixos é de enormes 2,91 metros, garantindo acomodação para cinco passageiros e outros 565 litros de bagagem, volume que pode ser ampliado facilmente a 1.680 litros, com alguns toques em alavancas de rebatimento dos bancos e movimentação de redes e apoios de carga que correm sobre trilhos no compartimento.
Na hora de guardar a tralha, outra peripécia da perua A6 se revela: um sensor permite a abertura do bagageiro sem o uso das mãos: com a chave eletrônica no bolso, basta fazer o movimento de chute sob o para-choque traseiro para que a tampa elétrica se abra. Cabe um senão: a calibragem um tanto conservadora do sistema fez da tarefa algo tão complicado quanto bater um pênalti em final do campeonato e, quase sempre, o resultado negativo obrigou UOL Carros a abrir a tampa do modo tradicional, apertando um botão na chave ou em um local específico da carroceria do carro. Foi a única bola fora da perua, no que pode ter sido apenas um escorregão em campo da unidade testada.
OS RECURSOS DA A6 AVANT
Este vídeo de divulgação produzido pela Audi mostra alguns recursos de auxílio ao motorista presentes na sétima geração da perua A6 Avant. O destaque, em termos de conveniência, é a o sensor que permite abrir a tampa do porta-malas com um chute sob o para-choque traseiro.
DISPOSIÇÃO
Na hora de acelerar, porém, o motorista vai jogar sempre no ataque, a começar da posição de dirigir: o banco mais curto e mais baixo do que seria de se esperar num veiculo familiar de conforto praticamente obriga a adoção da postura típica de esportivos, com quadril mais baixo, joelhos mais altos e pernas mais esticadas. Em viagens mais longas, porém, pode cansar.
O motorzão de 3 litros com compressor mecânico e injeção direta de gasolina é capaz de gerar 300 cavalos de potência com torque de 44,86 kgfm -- é "apenas" metade do que fornece um caminhão de cinco toneladas, mas considere que o A6 pesa 1.740 quilos (graças ao regime de alumínio, que o fez emagrecer 70 kg em relação à geração anterior) e o número vai se mostrar absurdo, típico de estratégias ofensivas. O 0 a 100 km/h pode ser cumprido em pouco mais de 5 segundos e meio, segundo a fábrica, enquanto a velocidade máxima é travada em 250 km/h, por segurança.
Com o meio-de-campo feito pelo câmbio S-tronic de dupla embreagem e sete marchas, de trocas perfeitas e quase imperceptíveis, e da tração integral quattro, que na perua da Audi compensa a falta de atrito de uma ou mais rodas com o solo reduzindo a aceleração destas e mantendo a força nas demais constante (diferente do que ocorre em outros sistemas de tração, que deslocam totalmente a força das rodas que estão no ar para aquelas no solo), rodar por serras, planaltos e mesmo terrenos um pouco mais "sujos", como a entrada da fazenda, seja tão fácil quanto encarar um jogo-treino. A A6 Avant não desgarra e ainda corrige praticamente todas as "pernadas" do motorista mais despreparado.
O trem-de-força ainda pode ser cadenciado com o ajuste do Audi Drive Select, de série, que com três posições fixas (Auto, Comfort e Dynamic) e uma variável ao gosto do técnico/motorista (Individual) mudam a forma de jogo do A6. A posição padrão é típica da Audi, com motor e câmbio mais ágeis, pedais e suspensão mais firmes, trocas de marcha rápidas. Os engenheiros da marca gostam de dizer que a posição mais confortável, melhor para o esburacado piso local, faz o carro se comportar como se fosse o alemão da marca M (você de casa, claro, sabe como completar o nome). Já o modo mais ativo e dinâmico aproximam o carro do comportamento da marca alemã B (mais duas letras matam o desafio).
Como resultado, temos números muito eficazes: apesar do tamanho e da força, a perua mostrou ser contida no apetite e percorreu cerca de 10 quilômetros por litro de gasolina em nosso teste com 2/3 de trajeto em estradas (a Audi fala em 12 km/l nessas condições). Zerado o marcador para o uso em terreno totalmente urbano, a média decaiu, rondando os 7 km/l, ainda aceitáveis. Ou seja, a perua A6 Avant realmente bate um bolão, pelo menos para quem pode pagar pelo ingresso.
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