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Mercedes-Benz Classe B, menos mãe e mais mano, inaugura área premium a R$ 115.900

Já sabe: leu o termo "descolado", pense em alguma esportividade, estilo diferente e muito recheio - Divulgação
Já sabe: leu o termo "descolado", pense em alguma esportividade, estilo diferente e muito recheio Imagem: Divulgação

Eugênio Augusto Brito

Do UOL, em São Bernardo do Campo (SP)

04/10/2012 10h11

A Mercedes-Benz apresentou na noite de quarta-feira (3) a nova geração do monovolume Classe B, que chega ao Brasil nos próximos dias para ser uma das atrações da marca no Salão do Automóvel de São Paulo (a partir de 24 de outubro). Quem quiser levar o carro para a garagem antes, porém, poderá fazê-lo já nas próximas semanas. Mas terá de assinar um cheque maior do que o atual: os preços iniciais variam de R$ 115.900 a R$ 129.900.

O Classe B vendido até então no Brasil tinha aspecto de "carro de mãe" e visual de sino (relembre aqui), no qual o carro cresce em direção ao teto. O assoalho elevado (do tipo "sanduíche", com a base onde ficam os ocupantes montada sobre o conjunto motriz) criava um degrau no momento de acessar a cabine ao mesmo passo em que subia o posto do motorista em relação ao mundo exterior. Seu preço orbitava de R$ 94.454 a R$ 148.440. Tudo passado.

MUDOU

  • Murilo Góes/UOL

    Classe B perde o jeito "clássico" de minivan (com teto alto e formato de sino), mas ainda é carro familiar. Mercedes trocou também o teto solar, que deu lugar aos faróis de bi-xênon, com LEDs (Sport).

O novo Classe B tenta ser um hatch, embora ainda siga preceitos de monovolume; a Mercedes o chama de Sports Tourer -- um carro familiar com alguma esportividade e maior versatilidade, marketing para atrair não apenas mães de família, mas jovens casais e turma de amigos endinheirados. Preços e o nível de equipamentos também mudaram:

- B 200 Turbo: R$ 115.900
Traz de série direção elétrica paramétrica (ou adaptativa, mais leve em manobras, mais firme em alta velocidade); câmbio automático 7G-DCT, de dupla embreagem com sete marchas e alavanca na coluna de direção; rodas aro 16; spoiler traseiro; sete airbags e pacote de segurança com freios adaptativos (unifica ABS, EBD, ESP, controle de tração e aceleração, auxílio em aclives, pré-carga quando o carro não está em aceleração, função Hold quando o carro está parado); monitoramento da fadiga do motorista; e assistente de estacionamento.

- B 200 Turbo Sport: R$ 129.900
A aposta da Mercedes, com pacote de série para peitar rivais maiores (até mesmo SUVs). Saem as rodas aro 16, entram as de 18 polegadas na cor preta ou cromada; suspensão 4 centímetros mais baixa, mas com amortecedores auto-ajustáveis (McPherson na dianteira, independente na traseira); ponteira dupla de escape; difusor traseiro; freios com disco perfurado e pinça pintada em cinza; cromados externos; detalhes internos metalizados no padrão colmeia; ar automático; pedaleiras de aço escovado; pacote de iluminação interna de LED; revestimento de painéis de porta, volante e bancos de couro; e tela central de quase 16 polegadas, que apesar do tamanho não traz GPS -- o teto solar também faltou e, diz a Mercedes, deu espaço a conjunto óptico com faróis bi-xênon e LEDs (diurno nos nichos do para-choque e de estilo no interior do conjunto óptico, repetidores de seta dos retrovisores e nas lanternas).

Com a mudança de estilo e de patamar, os alemães esperam entregar cerca de 200 carros por mês no que resta deste ano -- um total de 500 unidades no apagar das luzes de 2012. A estimativa será revista na virada para 2013 -- leia-se: será modificada de acordo com as regras que passarem a vigorar com o novo regime automotivo e o final do corte no IPI. A maioria (90%) será da versão Turbo Sport, a mais cara e recheada. Ainda assim, há um programa de financiamento para o B 200 Turbo com entrada de 60% e 36 parcelas de R$ 1.800.

ALMA NOVA
A motorização do Classe B 2013 também é nova e embarca na atual tendência de downsizing: o motor 1.6 (1.595 cc) reage como um 2.0 (como o nome B 200 até sugere) por conta da ação do turbo e da injeção direta de gasolina, gera 156 cavalos de potência com torque de 25,5 kgfm, mais plano, atuante desde os 1.250 giros. Aliado ao câmbio automático DCT (de dupla embreagem) com sete velocidades, que substitui o antigo câmbio CVT (de polias que simulavam "marchas infinitas"), promete mais gana ao toque do acelerador com consumo informado ao Inmetro de até 10 km/l na cidade.

Esta marca até poderia ser mais generosa, mas a Mercedes preferiu divulgar dados conservadores por levar em conta a baixa eficiência da gasolina nacional -- ruim a ponto de "barrar" a chegada de blocos ainda mais modernos, com injeção direta estratificada de combustível, feita em spray. Ainda assim, é bom perceber que, pela primeira vez, informa-se uma média feita localmente e com base nas normais do Inmetro, prática que se tornará comum com as novas exigências do governo. Não à toa, também, o novo Classe B foi apresentado à imprensa brasileira pelo CEO global da Mercedes, Dieter Zetsche, em rara visita de um executivo desta estirpe ao país.

NOVA FAMÍLIA
De fato, o novo Classe B inaugura uma nova fase da Mercedes no segmento de entrada do mercado premium de carros. Isso no Brasil, bom dizer. Até então, a base era o sedã Classe C -- o Classe B anterior ficava "protegido" da competição com Audi e BMW, afinal, mãe não entra em pancadaria.

A partir de agora, porém, os executivos da marca afirmam e repetem: a "nova família de carros compactos" (ou "nova geração", na sigla NGCC usada internamente), que se inicia com o B 200, terá a missão de compartilhar a artilharia com o C180. E, em breve, a dupla de ataque será um trio ofensivo, com a chegada do novo Classe A, este sim um hatch real e bonitão. Vaidoso, porém, o Classe A não virá para o Salão de São Paulo, a partir de 24 de outubro: a estreia no Brasil será feita após o Carnaval de 2013, para aproveitar o clima de festa. Quando chegar, vai partir com tudo para cima de Audi A3 e BMW Série 1.

Ao Classe B, restará a briga com o lado família/versátil das gamas rivais: a marca lista, curiosamente, um SUV como o Audi Q3 e um crossover como o BMW X1, aos quais se equipara pela lista de equipamentos, não pelo porte. Assim, alivia mais a barra do Classe C, que brigará apenas com os sedãs iniciais, Audi A4 (no futuro, A3 sedã), BMW Série 3 e Volvo S60, entre outros.

A NGCC promete ser bastante frutífera até 2016, com dez novos modelos, incluindo o complemento da família de compactos: um três-volumes (atualmente o conhecemos como o conceito CSC, cupê de quatro portas baseado no Classe A) e provavelmente uma variante mais robusta, seja ela um crossover ou um SUV.

NOVO ACESSO AO CLUBE

  • Divulgação

    Acima, o pacote B200 Turbo Sport, com faróis bixênon, LEDs de iluminação diurna e lanternas, rodas aro 18 e suspensão mais "curta" e com amortecedores adaptativos.

    Interior do novo Classe B é bastante refinado: plático suave ao toque em todos os locais alcançáveis pela mão, couro e metal e LCD de quase 16 polegadas.

  • Divulgação

COMO ANDA O B 200
Após a apresentação comercial, UOL Carros partiu para mais de 200 quilômetros de teste rodoviário com o novo Classe B, entre a região do ABC (onde fica a sede da marca alemã) e o litoral paulista, com direito a trechos de serra e pontos com neblina. Antes da partida, a Mercedes-Benz fez dezenas de ressalvas sobre o novo modelo, já que forneceu apenas unidades tratadas como "pré-série". O termo indica que o carro testados por nós e por companheiros estava fora das especificações corretas para o mercado brasileiro -- a suspensão era diferente (mais baixa no modelo avaliado do que será em qualquer unidade a ser vendida por aqui), e não havia o sistema de assistência ao estacionamento, que agora não apenas "coloca", mas também "tira" o carro da vaga dando ao motorista apenas o trabalho de acelerar, frear e alternar entre Ré e Drive.

E não é que o novo Classe B "à europeia" parece feito sob medida para os americanos? Sai o aspecto de carro de mãe levando os filhos à escola, entra um acerto para agradar... aos manos do hip-hop. O B 200 é baixinho o bastante para impedir que moças de mini-saia e salto alto reclamem ao entrar na cabine e amplo o suficiente para carregar jogadores de basquete ao volante e como passageiros; todos seguem para a balada com estilo, segurança e alguma folga.

Com a nova plataforma compacta da Mercedes, o Classe B ficou mais largo, mais comprido e mais espaçoso, mas perdeu altura -- em relação ao solo e absoluta. Clique aqui, veja a ficha técnica e saiba mais detalhes sobre as medidas. As rodas largas e escurecidas e a suspensão mais rente ao chão (que você não terá a chance de experimentar) dão mais estabilidade para encarar curvas com arrojo, mas parece que todo caminhão e ônibus é um gigante pronto a esmagá-lo. Além disso, basta encontrar o menor dos desníveis para ganhar um salto em direção à lua.

Curiosamente, parece que a Mercedes gastou toda sua criatividade ao propor o desbunde de revestimentos, luzes de LED e borboletas de troca de marcha. Sem ideia para a alavanca de câmbio, optaram por levá-la ao volante apenas para confundir o motorista: você vai, sim, acionar o P (de Park, estacionar) achando tratar-se do limpador de para-brisa (que está à esquerda, de fato). Além de câmbio e limpadores, também ficam ali atrás as setas e o limitador de velocidade. Sobrou até para a enorme tela, quase um "tablet", sobre o painel: ela agrega multimídia e telefonia, mas não é sensível ao toque, nem dispensou o botão circular, que sobrou sozinho no console central, uma pena.

No porta-malas, bons 488 litros de capacidade podem ser ampliados para 1.500 litros com o rebatimento do banco traseiro. Mas o número que nos agradou foi mesmo o do consumo, que (na estrada, lembre-se) ficou em 12 quilômetros por litro de gasolina sem aliviar o pé, nem dar trégua ao ar condicionado, usado como prevenção para o embaçamento dos vidros. Resta saber se esta dúzia será capaz de justificar as centenas de vendas que a Mercedes quer fazer do novo Classe B.