Para ter novo Cerato e Quoris, Kia pode sumir de novelas e estádios
A Kia vive um dilema. Por um lado, coreanos e sua representação brasileira têm alguns dos melhores e mais bonitos carros da indústria mundial -- dois deles, destaques do Salão do Automóvel de São Paulo e prometidos para março de 2013: a nova geração do médio Cerato e o inédito sedã grande de luxo Quoris, alternativa hi-tech ao conservador Hyundai Equus.
GANDINI SOLTA O VERBO
O governo ignorou a história da Kia no país. Temos 172 concessionários, a maior linha de importados, uma fortuna em investimento no Brasil, no Palmeiras, na novela da Globo. Nivelaram por baixo.
Por outro, a Kia se diz prejudicada pela movimentação recente do mercado brasileiro -- do aumento de pontos sobre o IPI de carros importados, implantado há cerca de um ano, ao recente anúncio de regras do novo regime automotivo -- a ponto de ter de diminuir a exposição desses novos modelos e de outros de sua extensa linha, tudo para dar conta da carga tributária. O total de emplacamentos, por exemplo, caiu drasticamente: foram 77.193 carros em 2011; este ano, em nove meses, foram apenas 32.722.
O presidente da Kia Motors do Brasil, José Luiz Gandini, afirma que a marca terá de reduzir custos, renegociar a margem de concessionários e até cortar anúncios para seguir competitiva, enquanto tem de arcar com taxação maior sobre todo o volume de importação que passar da quota de 4.800 carros anuais.
A situação da Kia é semelhante àquela vivida no começo do ano pela chinesa JAC, que deixou de veicular seus anúncios com o apresentador Fausto Silva para economizar dinheiro de um lado (o publicitário) e poder arcar com a mordida maior do IPI de outro, e que só agora começa a mudar. A briga de Gandini com o governo, porém, vem não só da taxação maior, mas também da equiparação a marcas que acabaram de chegar ao mercado (saiba tudo o que o executivo disse lendo a entrevista exclusiva, aqui).
A contenção de gastos, aliás, já começou: o investimento em publicidade previsto para 2012 era da ordem de R$ 130 milhões. Mas foi reduzido em 40% com o abalo provocado pela alta do IPI. E para o próximo ano a tesoura deve ficar ainda mais afiada. Não será o fim da visibilidade, mas prepare-se para ver menos carros da marca circulando nas novelas da Rede Globo, bem como nos estádios do país. O patrocínio do Palmeiras, que periga cair para a Série B do Campeonato Brasileiro, também será revisto ao término do contrato, em janeiro; se mantido, deverá sofrer ajustes, aponta Gandini (que é palmeirense). O mesmo pode ocorrer com a Copa do Brasil, competição que dá vaga à Copa Libertadores da América e que é bancada pelos coreanos atualmente.
E OS CARROS?
No que depender dos lançamentos, porém, a Kia deve seguir dando o que falar. O novo Cerato, mostrado com destaque no Anhembi, ficou mais vistoso e também cresceu (pouco, mas cresceu) em todas as dimensões, usando a base do Hyundai Elantra: ele ganhou três centímetros no comprimento em relação ao atual e agora mede 4,56 metros, com 1,78 m de largura (1 cm a mais) e entre-eixos de 2,70 m (antes, era de 2,65 m). O porta-malas também foi ampliado e agora tem 421 litros de capacidade. Por dentro, está mais refinado, com plásticos suaves ao toque e equipamentos revistos.
KIA DO BRASIL?
Pessoalmente, faria Cerato e Sportage no Brasil. Mas isso é o que eu faria, não há estudos da marca para tanto
O câmbio segue sendo o de seis marchas, seja manual ou automático, mas teve pequenos ajustes para ficar mais eficiente e durável. Uma antiga reivindicação dos compradores foi aceita e o novo Cerato vai se mover também com etanol no tanque: sob o capô, estará o já conhecido motor 1.6 flex do Soul, com 128 cavalos e torque de 16,5 kgfm com etanol -- múltiplo, ele está também no novo Hyundai HB20 e estará no novo i30. Só falta definir o preço, algo que só será feito perto do lançamento, em março, mas que deverá estar mais para Elantra (R$ 75 mil) do que para o Cerato atual (entre R$ 52 mil e R$ 64 mil).
Como alguns vão reclamar dos baixos números do motor flex, a Kia promete duas surpresas no médio prazo: além do sedã, o Brasil irá receber também o novo Cerato nas configurações hatch e cupê (Koup) tão logo elas sejam lançadas mundialmente.
QUORIS JOGA NO ANDAR DE CIMA
Quoris tem tamanho e tecnologia para encarar BMW 650i Gran Coupé, também no Salão
E há o sedã grande de luxo Quoris, recém-lançado mundialmente para enfrentar BMW Série 6 e Série 7, Mercedes-Benz Classe S e Audi A7 e A8, além da briga fraternal com o conservador Hyundai Equus. Com 5,1 m de comprimento, 3,04 m de entre-eixos, teto panorâmico de série e bagageiro de 455 litros, é empurrado por motor 3.8 V6 Lambda de 290 cavalos, auxiliado pelo câmbio automático de oito marchas com sistema shift-by-wire -- trata-se do primeiro modelo da Kia com tração traseira. Mas será para poucos: no máximo, 20 carros chegarão a cada mês.
O forte está na tecnologia e conforto a bordo. O condutor conta com aquecimento, ventilação e ajustes elétricos, além de 16 movimentações e duas memórias no banco; tudo pode ser gerenciado pela tela sensível ao toque de 12 polegadas no painel, que também agrega sistema de som e de comunicação. O pacote inclui ainda head-up display (tela com projeção de informações à frente do volante) com informações do velocímetro, controle de cruzeiro adaptativo, auxílio de estacionamento, navegador e sensor de ponto cego. O conjunto óptico tem dois conjuntos de quatro LEDs em cada farol e adapta seu facho automaticamente de acordo com a luminosidade do ambiente, a velocidade do carro, a posição do volante (iluminando curvas) e a presença ou não de carros à frente ou no contra-fluxo.
Mas lembre-se: o dono do Quoris vai sentado no banco traseiro, que tem três graduações de aquecimento, apoio lombar com regulagem manual e duas telas de 9 polegadas, cada, instaladas nas costas dos apoios de cabeça frontais, interligadas ao sistema de entretenimento. Som premium de 12 canais, 16 falantes e subwoofer completam os mimos.
Com tudo isso, será difícil não enxergar a Kia.
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