Topo

Salão foi global em 2012 e só não cresce mais por culpa do Anhembi

Fim da festa: organização diz que público deve repetir os 750 mil de 2010, por conta do aperto do Anhembi - Eugênio Augusto Brito/UOL
Fim da festa: organização diz que público deve repetir os 750 mil de 2010, por conta do aperto do Anhembi Imagem: Eugênio Augusto Brito/UOL

Eugênio Augusto Brito

Do UOL, em São Paulo (SP)

04/11/2012 21h46

Tudo colaborou: o clima esteve ameno na cidade de São Paulo, o público compareceu em menor número e, com entradas compradas antecipadamente, sequer lotou as bilheterias do Anhembi, que ficou tranquilo no último dia do Salão do Automóvel de São Paulo, neste domingo (4). Normalmente considerado o maior do gênero na América Latina, a edição 2012 do Salão extrapolou as próprias fronteiras e teve porte global, atraindo chefões das grandes marcas, carros exclusivos e também estreias mundiais. Mas, segundo a organização, deve empatar (ou passar por pouco) o público de 2010, por conta do espaço limitado e inadequado em que é realizado. O Anhembi já limita o Salão de São Paulo.

"Vimos um evento realmente global este ano, com a presença do presidentes mundiais de marcas como General Motors e Volkswagen, lançamentos não apenas feitos para o mercado local, mas verdadeiras premières globais, como foi o caso do Volkswagen Taigun. Pela primeira vez, de fato, o Brasil ganhou status de exportador de tendências, de um modo de fazer carro à brasileira e não apenas para mercados pequenos e do Bric, mas para o mundo todo", afirmou Paulo Octavio de Almeida, vice-presidente da Reed Exhibition, organizadora do Salão.

Apesar da presença de expoentes da indústria mundial -- estiveram no evento os manda-chuvas Martin Winterkorn, da Volkswagen, e Dan Akerson, da General Motors; Dmitry Kolchanov, diretor de operações da Jaguar Land Rover; além de designers globais como Shiro Nakamura, da Nissan, que chegou a criar um carro-conceito específico para o Brasil, e Jon Ikeda, da Honda/Acura, um dos responsáveis pela inovadora releitura do esportivo NSX, entre outros (veja aqui algumas atrações) -- atestando a maior importância do Salão de São Paulo, e do próprio mercado brasileiro, para a indústria automotiva do planeta, nem tudo foi festa no Anhembi.

SALÃO NO APERTO
Durante os 12 dias de evento, sobretudo nos dias de semana, o que se viu foi trânsito pesado na porta do Pavilhão do Anhembi, aglomeração nas bilheterias, livre circulação de cambistas nos portões de entrada, muito calor e até falta de luz dentro do recinto de exposição. 

Para a organização do Salão, a falta de condições do Anhembi pode ser determinante até mesmo para a não obtenção de recorde histórico de público -- todos trabalham com a possibilidade, no máximo, igualar a marca de 750 mil visitante de 2010 ou, no máximo, passá-la por pouco. Os números oficias sobre o público devem ser divulgados até terça ou quarta-feira.

"Infelizmente, o Anhembi atua como limitador do crescimento de um evento como este. Temos o problema da falta de ar condicionado no ambiente, que provocou reclamações de todos os lados, temos a restrição de tamanho de estandes, apesar do número recorde de 49 expositores e 500 carros, toda uma situação que nos faz trabalhar com o mesmo público de 2010, 750 mil, ou no máximo um pouco a mais", calcula Almeida, da Reed.

"É impossível fazer no Anhembi algo como em Paris, Frankfurt ou outros Salões pelo mundo, que estão liberados para receberem até 1 milhão de pessoas. Não podemos abrir este limite por aqui, pois não temos como assegurar que todos os visitantes sejam recebidos a contento neste espaço", conclui.

PERDEU? MAPA INTERATIVO MOSTRA O QUE FOI DESTAQUE NO SALÃO

  • Reprodução

IMAGINA NA COPA
Ainda assim, está confirmado que o Anhembi será a casa do Salão do Automóvel pelo menos até 2016 -- ou seja, passará a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas do Rio de 2016 e o brasileiro seguirá convivendo com os problemas do pavilhão paulistano. A organização já firmou contrato e afirma que depende de iniciativas da Prefeitura de São Paulo e da SPTuris para sediar o evento em outro pólo de exposições da cidade. De qualquer jeito, espera-se um evento mais completo em 2014.

"As próximas duas edições já estão definidas aqui mesmo para o Anhembi e queremos fazer algo melhor em 2014, até mesmo com a oficialização de test-drive, algo que se viu este ano e no último Salão como algo isolado, de uma ou duas marcas, mas que teve sucesso absoluto, virou tendência e deve ser presença assegurada", disse Almeida, fazendo referência à iniciativa da Audi, que colocou o R8 Spyder GT, carro de mais de R$ 1,2 milhão, à disposição do público comum na parte externa do Anhembi

Após 2016, fala-se no uso do Piritubão, centro de exposições que viria a ser construído para abrigar a Feira Mundial de 2020, mas os planos são distantes, literalmente. Até lá, o Salão de São Paulo terá de aprender como crescer de forma comportada no apertado Anhembi.

CHEGARAM NO FINAL DA FESTA E APROVEITARAM

  • Eugênio Augusto Brito/UOL

    As bilheterias do Anhembi fecharam às 17 horas, mas os últimos visitantes a entrarem no Salão cruzaram a catraca às 17h15: "Não sabia que a entrada se encerrava às 17h, mas deu tempo", afirmou o engenheiro Rogério Rocha, que trouxe a mulher Cássia e o filho João Pedro.

    Vindos do Recife (o engenheiro, mora em Pernambuco, mas trabalha em São Paulo), chegaram para fazer a primeira visita da vida ao Salão do Automóvel e para isso escolheram logo o último dia. "Achei que estaria mais vazio e mais tranquilo, disse o sortudo Rocha -- realmente estava.

    Já dentro do Salão, ele e sua família ouviram aos primeiros buzinaços (a celebração dos funcionários dos estandes após 12 dias de trabalho praticamente ininterrupto), enquanto decidiam o que ver no curto espaço até as 19h, término do evento.

    "Estou curioso para ver o novo Ford Fusion [carros de R$ 112.900] e também alguns carros diferentes", enumerou Rocha, que acabou citando alguns carros de sonho ausentes do Salão. Quem trouxe tudo à realidade foi Cássia, que se adiantou ao marido e rumou logo ao estande da JAC e se postou com um filho na frente de um JAC J2, carro compacto de R$ 30.900.

    A partir daí, não teve jeito, ela mandou na programação da família:"Quero ver também um estande que tem o simulador de Auto-Escola. Acho importante ver isso, porque acho que vai ajudar o povo a sair mais preparado para encarar o trânsito", afirmou Cássia, consciente.

  • Eugênio Augusto Brito/UOL