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Audi S6 se destaca de S7 e S8 no trio ofensivo de luxo alemão

S6 é nossa aposta dentro da trinca da Audi: dirigibilidade e visual na medida certa - Stefan Sauer/Divulgação
S6 é nossa aposta dentro da trinca da Audi: dirigibilidade e visual na medida certa Imagem: Stefan Sauer/Divulgação

Eugênio Augusto Brito

Do UOL, em Munique (Alemanha)

08/12/2012 08h00

Quando a Audi recheou seu estande no Salão do Automóvel de São Paulo, em outubro, com um trio de modelos de luxo com pacote esportivo (relembre aqui) tudo soou a exagero -- algo bem típico da marca nos últimos anos, aliás. Mas basta dar uma olhada nas fichas de S6, S7 e S8, que  para perceber que a estratégia é muito mais racional (como os alemães gostam) do que parece.

Como os modelos já estão disponíveis para o consumidor brasileiro com conta bancária polpuda e espírito descontraído, UOL Carros decidiu conhecê-los de perto e em seu habitat: fomos até Munique (Alemanha) e percorremos cerca de 200 quilômetros com cada um, tanto dentro das cidades, quanto nas maravilhosas Autobahnen. 

PROGRESSO SEM CAOS

  • Christian Charisius/EFE

    Operários observam obra em Hamburgo. Coletes fluorescentes e máquinas pesadas se espalham pelo país, sem fazer bagunça.

    Um parêntese é necessário: como o Brasil (que tem Copa e Olimpíadas por perto), a Alemanha está coalhada de obras, forma encontrada pelo governo de Angela Merkel para manter a economia do país (e por consequência de toda a dependente Europa) em movimento.

    A todo instante, UOL Carros passou por novos prédios, novas estações, novos aeroportos e até por obras de pistas completas para cada sentido das rodovias que percorríamos (nada de faixinha adicional, não: três, quatro, cinco faixas a mais para cada lado).

    Mas, diferente do que ocorre em nosso país a cada obra iniciada, não nos sentimos atrapalhados uma única vez por caminhões, guindastes, tratores e operários.

    E nem por espertalhões: com ou seu construções e reformas, os caminhões seguem à direita e os carros mais lerdos nas faixas centrais, deixando a esquerda livre para ultrapassagens ou para quem precisa ir mais acelerado. Fica a dica. (EAB)

A faixa de preço entre os três carros é tão próxima -- e demanda ter meio milhão de reais livres para torrar em carros executivos com alguma graça -- que, mais do que a capacidade de assinar um cheque mais graúdo, será o estilo do condutor o fator preponderante para a escolha. O S6 (R$ 450 mil) vai agradar a quem prefere exalar arrojo; o S7 (R$ 500 mil) tem exatamente as mesmas características, mas surge com mais espaço para bagagens e jeitão de cupê (apesar das quatro portas); já o S8 (R$ 650 mil) contrasta a bestialidade de 520 cavalos ao estilo de limusine, com interior unindo painéis acolchoados e madeira de lei acomodados numa carroceria de quase 2 metros de largura. Na Europa, os preços variam entre 73 mil (S6), 80 mil (S7) e 112 mil euros (S8) -- algo entre R$ 196 mil e R$ 300,5 mil.

Por baixo da casca, de novo, os três são muito parecidos. A alma é o novo motor V8, com injeção direta de gasolina e tecnologia de desativação de cilindros: quando o motorista não está quer extrair cada gota de performance, o sistema faz com que o motor se porte quase como um quatro-cilindros, garantindo a suavidade necessária para se guiar na cidade, em velocidade e consumo menores e maior facilidade nas manobras. 

No S6 e S7, dupla de turbos sobrealimentam o motorzão para conseguir potência de 420 cavalos e torque de 56 kgfm. No S8, os dois turbos entram junto com mapeamento diferente para elevar a potência a 520 cv, com 66,28 de torque. O gerenciamento de tudo fica a cargo do câmbio S tonic, automatizado, de sete marchas e trocas imperceptíveis -- quem quiser, pode trocá-las pelo poder de comandar tudo por borboletas atrás do volante.

Chassis de alumínio (parcial no S6 e S7, total no S8), suspensão adaptativa a ar, os já manjado Drive Select e toda a miríade de equipamentos e itens de segurança típicos de modelos de luxo complementam o pacote. Há até TV e internet sem fio, graças ao slot para chip 3G, que pode ser compartilhada através de roteador Wi-fi com todos os ocupantes do carro - a conexão também alimenta GPS e informações de redes sociais e listas de notícias no painel do carro. 

ESCOLHEMOS A PEGADA DO S6

  • Stefan Sauer/Divulgação

Verdade seja dita: UOL Carros achou impossível ser indiferente ao S6, o menor dos três.

Apesar do luxo abundante do S8 (bancos largos como poltronas de classe executiva de avião, tapetes felpudos e até massagem disponível), falar do seu uso em termos urbanos é covardia: é empolgante empunhar os 520 cavalos na estrada, mas vá manobrar mais de 5,10 m nas apertadas faixas da cidade. A tarefa não seria suave nem que você pudesse andar com o carro de lado (1,45 m de altura por quase 2 m de largura) ou que apenas dois cilindros do V-oitão estivessem ativos.

Já o estiloso S7 surge como boa resposta (com seu arranjo de cupê de quatro portas) da Audi a Mercedes CLS e Volkswagen CC, mas isso não nos agradou dentro do jeito esportivo de ver a vida. O fato é que o S6 demonstrou ter uma dinâmica muito mais acertada em tudo e a conta é fácil: com 4,93 m de comprimento e 2,91 m de entre-eixos, o 6 é mais curto e mais leve (1.895 kg) que o 7 (o mesmo entre-eixos, 4,98 m e 1.945 kg de para-choque a para-choque) e, com mesma potência e recursos sob o capô, acaba ficando mais na mão que seu par. O esforço do motorista ao volante é menor, o motor enche mais rápido e o trabalho da suspensão a ar e de outros sistemas de auxílio é menos notado.

De quebra, a cabine mais sóbria -- apesar do plástico duro, o 6 dispensa o excesso de luzes existente na cabine do 7 e que tiram totalmente o foco do motorista durante a noite -- condiz mais com o jeito irado de encarar a vida e a pista. São 4,6 segundos para o S6 cumprir o 0-100 km/h contra 4,7 s do S7 -- é pouco, mas é uma diferença que somada aos 50 quilos a menos mudam sensivelmente as reações ao volante. 

Por fim, um pouco de subjetividade: qualquer que seja a escolha, tente encomendar o belo tom de vermelho, que nos aliviou da depressão causada pelo cinza fechado do céu pré-invernal alemão. Não ouse pecar justo agora ao escolher um prata sem graça. Vamos combinar: preto e prata só no A6, A7 e A8.