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Volvo traz C30 Electric ao Brasil como demonstração de força

A Volvo diz que o C30 Electric é o "passo mais importante da marca rumo à eletrificação de seus modelos"  - Murilo Góes/UOL
A Volvo diz que o C30 Electric é o "passo mais importante da marca rumo à eletrificação de seus modelos" Imagem: Murilo Góes/UOL

André Deliberato

Do UOL, em Mairiporã (São Paulo)

30/12/2012 11h23

A Volvo entregou, na última semana, uma unidade do C30 Electric para avaliação, mas calma lá: a rápida exibição foi apenas uma "demonstração de tecnologia". Os motivos são bastante óbvios: além da dificuldade em se vender carro elétrico no Brasil, o hatch já tem substituto programado e não seria conveniente à marca premium lançar no país um modelo descontinuado na Europa.

O carro que chega para ocupar sua vaga é o V40, apresentado no Salão de São Paulo, que também deve ter sua versão elétrica mais adiante. Possivelmente, seu projeto sustentável será feito da mesma maneira que o do C30 -- na Europa, foram 250 unidades produzidas (na fábrica da marca em Ghent, na Bélgica, como qualquer outro C30, mas com cuidados especiais da matriz sueca) e vendidas por meio de leasing, ao custo de 1,2 mil euros por mês. 

E o que esta unidade remanescente está fazendo no Brasil? Segundo a Volvo, ela faz parte do "passo mais importante da marca rumo à eletrificação de seus modelos". A proposta é interessante, globalmente falando, e segue a tendência de outras empresas que também já afirmaram querer produzir somente carros elétricos no futuro. Mas no Brasil, ao menos por enquanto, esse papo é inútil.

PROPOSTA INTERESSANTE
Mesmo inviável, o C30 Electric seria um carro interessante se fosse vendido por aqui. Equipado com um sistema de até 400 V, com baterias de íons de lítio de 24 kW/h (recarregáveis em tomadas comuns de 110 V ou 220 V), o hatch tem potência estimada em 111 cv (são 82 kW reais de potência) e 22,4 kgfm de torque -- por ser elétrico, toda essa força está disponível ao pisar no acelerador.

O desempenho é como o de um carro 1.8, mas com arrancadas mais agressivas. De acordo com dados da marca, o C30 é capaz de chegar a 70 km/h, partindo do zero, em seis segundos, alcançar 130 km/h de velocidade máxima (limitada eletronicamente para não prejudicar a bateria) e percorrer até 150 quilômetros com uma única carga -- cada recarga leva cerca de sete horas.

O conjunto de baterias do sistema elétrico, fornecido pela empresa americana EnerDel, pode ser recarregado mais de três mil vezes. Esse número, ainda segundo informações da Volvo, representa algo em torno de 10 anos de uso diário. O sistema fica posicionado no centro do carro (a bateria principal, de íons de lítio e recarregável, fica sob o capô) e pesa 280 kg.

DIFERENÇAS
Fora o sistema elétrico, o carro conta com itens tradicionais do C30 "civil", como console destacado do painel e equipamentos como ar-condicionado, detector de pontos cegos, direção elétrica, sistema de som com GPS etc. O destaque interior vai para a exótica alavanca de câmbio, que conta apenas com as posições N (neutro), R (marcha à ré) e D/H (D para Drive e H para uma opção mais "esportiva", que puxa mais energia da bateria, esvazia mais rápido o "tanque" e regenera em menor velocidade todo o sistema).

O resto do interior é exatamente como o de um C30 comum. Por fora, o hatch ostenta adesivos alusivos à versão. À exceção do bocal de recarga, localizado na grade dianteira, ele também é idêntico à sua versão com motor a combustão.

Sabemos que este carro não será vendido no Brasil -- se fosse, custaria algo entre R$ 180 mil e R$ 200 mil --, mas aprovamos a atitude da Volvo. É outra tacada, de mais uma fabricante, para tentar sensibilizar o governo em incentivar modelos híbridos ou elétricos no país. Nissan Leaf e Toyota Prius já rodam por São Paulo, mas ainda como táxi. Outros modelos da fabricante sueca serão elétricos, como a perua V60. Quem sabe essa "demonstração tecnológica" não ajuda a ligar as coisas por aqui?