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Mercedes SL 63 AMG, com preço de iate, lembra avião na pista

Com 564 cavalos, é fácil esquecer que SL também pode ser usado num tranquilo passeio de verão - Divulgação
Com 564 cavalos, é fácil esquecer que SL também pode ser usado num tranquilo passeio de verão Imagem: Divulgação

Eugênio Augusto Brito/UOL

09/01/2013 20h41Atualizada em 10/01/2013 14h54

A Mercedes-Benz sequer esperou o Salão do Automóvel de São Paulo, realizado em outubro último, para mostrar o SL 63 AMG. A versão mais esportiva do tradicional roadster alemão foi apresentada numa feira de barcos caros mesmo, a Boat Show 2012, realizada dias antes do evento de carros. E, pensando bem, não havia melhor local: a nata dos endinheirados brasileiros é mesmo o público ideal para o modelo, que chega com preço inexplicavelmente dolarizado -- US$ 399.900 (quase R$ 815 mil pelo câmbio desta quarta-feira, 9).

O preço cobrado no Brasil é realmente astronômico em qualquer cotação. Na Europa, o mesmo modelo sai por 158 mil euros, algo em torno de R$ 420 mil ou US$ 206 mil. Mas deixando impostos, taxas, adequações e lucros de lado, nenhum dos poucos compradores do carro vai reclamar. UOL Carros pôde avaliar o SL 63 AMG durante evento feito no autódromo de Interlagos, no mês de dezembro, exclusivamente para que os clientes da Mercedes pudessem conhecer tudo o que o conversível é capaz de fazer com seus predicados esportivos.

É fato, ninguém usando camisa pólo e sapatênis da moda vai arriscar arruinar o topete bem cuidado e a pintura do carro novo. Mas nem o SL pede isso. Apesar da frente grande como o bico de um avião carregar um motorzaço V8 biturbo com 564 cavalos de potência e 91,77 kgfm de torque (maior que o de muito caminhão por aí), ele pode ser conduzido docilmente com a ponta dos dedos.

A tecnologia é, de fato, a chave para tudo. A construção refinada envolve uma carroceria toda de alumínio, com reforço de componentes de magnésio (como o teto rígido que se dobra dentro do porta-malas em 20 segundos ou a cobertura do tanque de combustível) e de fibra de carbono (capô e portas, entre outras partes). Com 4,61 metros de comprimento, o SL modificado pela AMG consegue ser quase 130 quilos mais leve que o antecessor, chegando a 1.845 kg.

Mesmo sendo conversível, o SL dispensa que seus ocupantes abram o teto para desfrutar o céu azul. O envidraçamento do centro do teto tem mecanismo eletrocrômico que permite alterar sua cor e transparência ao toque de um botão. A cabine está escura como a de um carro normal, mas ao comando do condutor a luz do sol passa a iluminar tudo e passa a ser possível enxergar o céu azul. E isso, repetimos, de capota fechada.

Com ela aberta, a tecnologia entra novamente em cena e permite que os ocupantes escutem seu som preferido em volume adequado, sem parecer uma discoteca ambulante, ainda que a potência assim o permita. Os falantes de graves são posicionados à frente do espaço dos pés dos ocupantes, utilizando esta espécie de túnel da estrutura do carro como caixa de ressonância natural, ao mesmo tempo em que espaço precioso é livrado nas portas. A base do apoio de cabeça dos bancos pode ter também saídas de ar quente para minimizar o efeito do vento. O SL ainda conta com acesso à internet (só permitido com o carro parado, por segurança) e mecanismo que permite abrir e fechar o porta-malas com os pés, num movimento de chute dado sob o para-choque traseiro.

VAMOS VOAR
Agora que vimos o que a maior parte dos compradores irá aproveitar do SL 63 AMG, vamos falar do que o roadster pode fazer para poucos. Linhas acima, descrevemos que o apoio de cabeça pode atuar como um "cachecol de ar", protegendo os ocupantes do friozinho, mas ele também se comporta como um Hans -- aquele protetor de cabeça e pescoço utilizado pelos pilotos de Fórmula 1 -- protegendo a coluna cervical em caso de acidentes.

Antes disso, para evitar que qualquer coisa ocorra, o conversível se vale não apenas de freios com ABS (antitravamento) e airbags, básicos em qualquer modelos de luxo e performance, mas também de controles de tração e deslizamento das rodas em arrancadas, controles de aceleração lateral (que ajudam a segurar a carroceria em curvas) e controles de frenagem.

O central que monitora o comportamento da carroceria também determina dois níveis diferentes de atuação para os amortecedores, mais suave ou mais firme, que podem ser ligeiramente ajustados pelo motorista em outro botão junto à alavanca de câmbio. A caixa, aliás, é a AMG Speedshift MCT, de sete marchas, conhecida do superesportivo SLS, também com quatro programações: a inicial serve para o passeio à beira-mar, enquanto as demais (S de esportiva, S+ e manual) são adequadas a quem vai tentar levar o SL 63 ao 0-100 km/h em 4,2 segundos ou até perto dos 300 km/h de máxima.

Sinceramente, o SL 63 e sua aparelhagem fazem parecer nem ser tão difícil assim voar baixo. Mas basta afundar o pé sobre o pedal do acelerador e ter uma enorme reta pela frente para se descobrir quem nem tudo é fácil e que é preciso ser forte para aguentar a ação da força-g sobre peito e pescoço -- aquela sentida na decolagem de um Boeing ou ao volante de um autêntico carro de corrida -- na próxima freada. Neste ponto, quase tudo fará sentido: o ronco reclamão do motor, a frente de avião, os spoilers de para-choques e porta-malas e até os 60 anos de tradição no competitivo mundo automotivo de ponta. Talvez só o preço é que não.

A OUTRA FACE

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