Volkswagen CC esconde luxo e força atrás de emblema "popular"
Muitas vezes, e principalmente no Brasil, um carro é comprado pelo status que proporciona. E somente por isso: às vezes ele nem é tão bom assim, ou não vale o que custa. Não é preciso dizer quais são -- em alguns casos, você sabe, a supervalorização se deve ao emblema que ele ostenta na grade dianteira.
MAIS VOLKSWAGEN CC
Existe também a antítese dessa fórmula: o Volkswagen CC, um esportivo com motor de 300 cavalos, escondido sob a maquiagem de "carro de luxo de marca popular", capaz de deixar muitos desses modelos "bem nascidos" de cabelo em pé.
Explicamos o porquê da relação acima. Você pode achar salgados os R$ 208.024 pedidos por um CC zero-quilômetro. Mas a conta começa a adocicar quando você descobre que apenas 10 cv separam esse Volkswagen de um BMW 335i, que custa R$ 304 mil (um carro que não é seu concorrente direto pelo formato da carroceria, mas tem peso e potência semelhantes).
O CC não tem a tocada prazerosa, a sensibilidade da direção ou o status que o BMW oferece, mas o nível de luxo e de equipamentos dos dois é quase mesmo. Também é igual nos dois (pasme) a aceleração de 0 a 100 km/h (feita em 5,5 segundos) e a velocidade máxima, de 250 km/h (limitada eletronicamente em ambos). A partir daí, os quase R$ 100 mil de diferença são capazes de fazer até o mais exigente refletir.
DIVERSÃO É ITEM DE SÉRIE
Desde a época do Passat CC (de Comfort Coupé), não há como não se encantar com a rapidez do câmbio DSG (automatizado de dupla embreagem) e a suavidade de suas trocas de marchas, ainda que o motor cause certa decepção nas respostas, pois só depois de 2.000 giros é possível ter ao fôlego que se espera de um esportivo.
Outro ponto que poderia ser revisto é o giro em que os 35,7 kgfm de torque aparecem por completo: eles só chegam a 2.400 rpm (os 28,6 kgfm do motor 2.0 TFSI de Jetta/Fusca/Passat, por exemplo, surgem por inteiro a sorrateiras 1.700 rpm).
Ainda assim, o CC é o carro mais explosivo que a Volkswagen oferece no Brasil (o Touareg R-Line V8 é 1 segundo mais lento) e possui um ronco invocado, mais agressivo que o tradicional ruído emitido por motores de seis cilindros que equipam SUVs vendidos no país. Sua dinâmica em curvas não pode ser comparada à de modelos criados para agradar neste quesito, mas surpreende por se tratar de um carro feito sobre a mesma plataforma do comprido Passat.
POR BAIXO
O CC também parece estar mais adaptado ao Brasil do que seus concorrentes (pelo estilo, Mercedes-Benz CLS, BMW Série 6, Audi A5 Sportback e A7, Lexus ES e Porsche Panamera) quanto à suspensão. O sedã é equipado com amortecedores com regulagem eletrônica, desenvolvidos para encarar de pistas lisas (no modo Sport) a ruas não tão bem pavimentadas (modo Comfort). Mesmo assim, por causa do perfil mais baixo da carroceria e das largas rodas de 18 polegadas (235/40 R18), é bom ficar esperto com buracos.
O modelo usa a tração integral 4Motion (também adotada pelos utilitários Tiguan e Touareg), que busca reduzir o consumo de combustível, sempre que possível, jogando 90% do torque às rodas dianteiras (somente em situações mais "calmas"). Na medida em que o motorista opte por aumentar o trabalho das rodas traseiras, o CC faz isso por meio de uma embreagem eletro-hidráulica.
POR DENTRO
Fora a boa dinâmica e o show de desempenho, o interior também reflete a mistura sedã-cupê do CC. Os bancos esportivos têm bons apoios laterais, massageador e todos os ajustes são elétricos. O painel é de traços conservadores (com direito a um relógio de ponteiro ao centro), mas traz acabamento em alumínio. O espaço traseiro é ótimo para as pernas de duas pessoas e apenas bom para a cabeça. Três pessoas vão bem, mas sem se esbaldar (a parte central pode virar um porta-objetos).
Além disso, o carro conta com sensor de fadiga (que capta o nível de cansaço pela pressão das mãos do motorista no volante), assistente de faixa (que ajuda a manter o carro no traçado, indica ao condutor caso ele pareça perder o controle da direção e ainda avisa quando há veículos nos pontos cegos) e o Park Assist II, que estaciona o carro automaticamente em vagas de rua e longitudinais por meio de um botão (o motorista comanda o freio e a ré).
Esse pacote é o nível máximo que a Volkswagen (a marca, e não o grupo, que fique claro) pode oferecer ao seu cliente mais exigente e que busque esportividade (o Touareg esbanja sofisticação, mas tem perfil diferente). Caso você esteja a procura de um esportivo que seja discreto e não exuberante como um BMW, Audi, Lexus ou Mercedes, e prefira ainda deixar de lado o ar musculoso do Chevrolet Camaro, o CC (apesar do nome infeliz em português) é uma boa opção. As cores disponíveis são branco, preto, prata, marrom, cinza e azul.
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